14 de mar. de 2013

O DESCASO E OMISSÃO DOS GESTORES E O CAOS DA SAÚDE INDÍGENA APINAJÉ.


No posto de Saúde da aldeia São José, mulheres com crianças,  esperando atendimento. (foto: Antônio Veríssimo. 2013).
    Depois de dois anos que a SESAI -Secretaria Especial de Saúde Indígena, assumiu as responsabilidades com o atendimento à saúde indígena, a situação que já era ruim, ficou pior Denunciamos que o descaso, a omissão e a irresponsabilidade dos gestores do PBI de Tocantinópolis-TO, da Chefe do DSEI –TO e da SESAI, está comprometendo o atendimento da saúde da população indígena Apinajé e colocando em riscos a vida dos pacientes. No momento a situação nas aldeias é caótica, nos últimos cinco dias, pelo menos trinta mães com seus filhos recém-nascidos tem procurado diariamente o posto de saúde da aldeia São José, em busca de atendimento. E dez crianças estão internadas no Hospital Municipal José Sabóia em Tocantinópolis- TO e outras quatro foram encaminhadas pra hospitais de Araguaína -TO, sendo que uma em estado grave. A maioria dos casos são crianças na faixa etária de 0 a 3 anos, que estão apresentando sintomas de febres, gripes e doenças respiratórias.
    Nos postos de saúde das aldeias, estão faltando os remédios da chamada “farmácia básica”, necessários para combater essas viroses. À todo momento, chega um novo paciente das aldeias vizinhas, precisando de cuidados médicos. Sem a presença do médico da atenção básica para atender essas crianças, as mesmas precisam ser encaminhadas pra serem medicados na cidade. Outro problema é a falta de transportes, as duas viaturas da SESAI, lotadas no PBI de Tocantinópolis -TO, há mais de dez dias estão quebradas. Sem viaturas a chefia administrativa do PBI tem recorrido aos veículos da FUNAI, para remover os pacientes das aldeias pra fazer tratamento no hospital de Tocantinópolis -TO. Assim ela está jogando suas responsabilidades aos outros órgãos públicos e aos próprios pacientes. Algumas mães estão reclamando que quando receberam alta do Hospital Municipal José Sabóia de Tocantinópolis, tiveram que fretar veículos de particulares para voltar pra suas aldeias.
Crianças com problemas respiratórios. As condições de 
atendimento são precárias. (foto: Antônio Veríssimo.2013)
   Durante a 4ª Assembleia Geral da Associação União das Aldeias Apinajé – PEMPXÀ, que aconteceu na aldeia Palmeiras, nos dias 27, 28/02 e 1 e 2/03/2013, relatamos essa situação ao Procurador do MPF- Ministério Público Federal, senhor João Raphael Lima, solicitando providencias para melhoria do atendimento saúde das aldeias Apinajé, que no momento sofrem com a falta de médicos, remédios, transportes e comunicação. Infelizmente a situação está piorando cada vez mas e até agora nenhuma medida ou providencia foi tomada pelas autoridades competentes.
    É preocupante a quantidade de crianças recém-nascidas, que todos os dias buscam atendimento nos postos de saúde das aldeias, onde há muitos meses não se vê um médico e estão faltando até analgésicos. Algo precisa ser feito, pelos poderes públicos. É inaceitável que essas crianças morram por falta de médicos, remédios e transportes. E o pior, por negligência e omissão dos gestores, que estão sendo bem pagos para responder por essas demandas, que não estão acontecendo. Aí vem aquela pergunta, que todos nós gostaríamos de fazer a esses “gestores” da saúde indígena; Pra onde estão indo os recursos que o Governo Federal (MS) libera todos os meses para pagar médicos, dentistas, transportes e medicamentos?

Manifestações indígenas, no prédio do DSEI-TO, em Palmas -TO, em maio
de 2012, pela melhoria da saúde indígena. (foto: Antônio Veríssimo. 2012)

     Outra denuncia é com relação a bomba d’água da aldeia Mariazinha, que foi danificada há duas semanas e até o momento não tivemos uma resposta dos responsáveis pelo conserto e manutenção da mesma. Lembrando que no final do ano passado, essa mesma bomba ficou mais de três meses no conserto e só foi arrumada quando a comunidade da aldeia Mariazinha, apreendeu uma viatura da SESAI. Durante as negociações para liberar a viatura, o senhor José Ribeiro se comprometeu em comprar outra bomba reserva, mas isso não foi cumprido e agora a comunidade continua sofrendo do mesmo jeito.



Aldeia São José, 14 de março de 2013.


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ.

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