26 de abr. de 2013

AUDIÊNCIA PÚBLICA


Presidente do NATURATINS, Sr. Alexandre Tadeu Rodrigues (centro), junto com representantes da SUZANO   e da ENGETEC, não convencem os movimentos sociais sobre os supostos "impactos positivos" do eucalipto. (foto: Antônio Veríssimo. 2013) 
                         
Nesta quarta-feira, 24 de abril de 2013 aconteceu na Unidade Escolar La Salle Brasil na  cidade de Augustinópolis, no norte do Estado do Tocantins, Audiência Pública da empresa SUZANO para “Apresentação e  Discussão dos Projetos de Silvicultura do Tocantins”. Além dos representantes do empreendedor SUZANO, do licenciador NATURATINS e do responsável técnico ENGETEC, essa Audiência Pública teve a participação das organizações da sociedade civil e movimentos sociais do Estado do Tocantins e representantes das Prefeituras de Augustinópolis, Araguatins, Buriti do Tocantins, Sítio Novo e São Miguel, localizados na área de abrangência do empreendimento.
    
A terra Apinajé está localizada a aproximadamente 30 km da referida “área de abrangência” do projeto da SUZANO, dessa forma entendemos ser importante e necessária a nossa participação nessas audiências, já que o eucalipto está se espalhando por todos os municípios da região norte do Tocantins. Sendo que nosso território já está sendo diretamente impactado por outros empreendimentos localizados nos municípios de Tocantinópolis, Maurilândia, São Bento do Tocantins e Cachoeirinha.

Plantações de eucaliptos no município de São Bento do Tocantins, impactaram diretamente a área Apinajé. (foto: Antônio Veríssimo. 2013)

A metodologia de apresentação do tal “Projeto de Silvicultura do Tocantins”, feito pela SUZANO e pela ENGETEC desagradou os representantes dos movimentos sociais e lideranças indígenas presentes, que reclamaram da falta de transparência e superficialidade das informações apresentadas. As lideranças ressaltaram que os empreendedores chegam pra explorar essas atividades e não têm nenhum compromisso ou responsabilidade social e ambiental com a região. Sendo que por lei temos o legitimo direito de sermos informados sobre os impactos negativos que esses projetos estão causando e vão causar em nossas vidas. “Pois, os lucros e os benéficos, todos já sabem que ficam com as empresas”. Ressaltaram. 
 
Os representantes de movimentos sociais e indígenas se queixaram que a presença da SUZANO na região do Bico do Papagaio, já está trazendo sérios problemas sócios-ambientais e prejuízos para agricultura familiar, causando fome, desemprego, doenças trazidas pelos venenos jogados nas plantações, erosão do solo e desagregação social. As lideranças alertaram para os riscos de graves conflitos ocorrerem na região se essas empresas insistirem em levar á diante esses projetos sem levar em consideração as razões e argumentos contrários das populações atingidas e ameaçadas por esses empreendimentos.

Durante a audiência, o Presidente do NATURATINS, senhor Alexandre Tadeu de Moraes Rodrigues foi muito questionado e criticado sobre sua atuação e postura a frente desse órgão, que se apresenta somente como “órgão executor”. As lideranças alertaram que a falta de atuação do IBAMA, favorece essa política de submissão do NATURATINS, que está nas mãos dos empreendedores e não fiscaliza nada. E de forma conivente esse órgão “licenciador” acaba concordando com todos os projetos das empresas, atuando agressivamente em favor das mesmas.

Apesar da resistência e das fortes manifestações contrárias, os representantes da SUZANO, do NATURATINS e da ENGETEC o tempo todo tentaram nos iludir com a ideia de um projeto bonzinho, que segundo eles seria a saída para o “desenvolvimento” dessa região. Ironicamente os representantes da SUZANO e ENGETEC repetiram várias vezes que o eucalipto não compete com a agricultura familiar. Segundo  eles, as afirmações que plantações de eucaliptos secam nascentes, não passa de um “mito”. Por sua vez o representante do NATURATINS, afirmou que as terras da região são impróprias para agricultura de “ciclo curto” e que devem ser reflorestadas com eucaliptos.
Desmatamentos no entorno da área Apinajé, no município de Tocantinópolis (TO), com licenças do NATURATINS. (foto: Antônio Veríssimo. 2013)


Ainda apresentamos denuncias que consta no Inquérito Civil Público-ICP Nº 1.36.001.000045/2013-99 do MFF-TO instaurado no dia 04 de março de 2013 pelo senhor Procurador Federal, João Raphael Lima, do MPF-TO, questionando a regularidade do licenciamento ambiental para desmatamentos e carvoarias nas proximidades da área Apinajé no município de Tocantinópolis (TO), procedimento feito pelo NATURATINS sem a participação da FUNAI.  Porém mesmo sabendo que o empreendimento é ilegal, o Presidente do NATURATINS não cancelou as licenças que ele mesmo emitiu em favor das empresas T.S DE LIMA EPP e CARVOARIA VITÓRIA LTDA, que continuam fazendo desmatamentos nas citadas áreas limítrofes ao território indígena. Na ocasião pedimos ao senhor Presidente do NATURATINS. Alexandre T. de Moraes Rodrigues, a imediata paralisação dos desmatamentos e carvoarias que exploram as madeiras do cerrado naquele local.

Percebemos que essa audiência foi tendenciosa, onde prevaleceu os interesses da SUZANO, do NATURATINS E DA ENGETEC. Precisamos ser respeitados, esclarecidos e informados sobre os verdadeiros impactos dos projetos de eucaliptos planejados para região Bico do Papagaio. Diante de inúmeras dúvidas, perguntas e questionamentos que não foram elucidados, pedimos ao INSTITUTO NATUREZA DO TOCANTINS-NATURATINS, que não dê nenhuma LP -Licença Prévia em favor da empresa SUZANO ou qualquer outra empresa, antes que novas audiências sejam realizadas na região com participação do NATURATINS, MPF-TO, FUNAI, IBAMA, Prefeituras Municipais e Organizações da Sociedade Civil; pequenos produtores rurais, ribeirinhos, quebradeiras de coco e povos indígenas.


Terra Indígena Apinajé (TO), 25 de março de 2013.


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ.

18 de abr. de 2013

SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS 2013.

Gercília, liderança do povo Krahô, fala aos estudantes da Escola Estadual Joaquim de Brito Paranaguá em Araguaína (TO), sobre a questão indígena. (foto: Antônio Veríssimo. 2013).

     Todos os anos no mês de abril, durante a semana dos povos indígenas, a pastoral indigenista Conselho Indigenista Missionário-CIMI, que é uma entidade vinculada a CNBB- Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, apoia as mobilizações indígenas em todo o Brasil. Aqui no Estado de Tocantins, na semana que antecede o 19/04, dia do índio, os missionários do CIMI regional GO/TO e lideranças dos povos, Apinajé Krahô e Carajá Xambioá, se mobilizaram fazendo intercâmbios e articulações, com a imprensa e instituições de ensino superior das cidades de Araguaína e Palmas no Estado do Tocantins.
     Este ano além da Campanha da Fraternidade, com o tema: Fraternidade e Juventude, a igreja católica irar realizar, um grande evento mundial, a Jornada Mundial da Juventude, que vai acontecer na cidade do Rio de Janeiro. Assim o tema Juventude Indígena: Tradição, luta e ousadia, foi escolhido também, para ser discutido durante essa Semana dos Povos Indígenas 2013. Com objetivo de buscar conhecimentos, fazer alianças e contribuir com a construção de uma sociedade justa e igualitária, no período de 16 a 19 de abril de 2013 estamos realizando nas Escolas Públicas e em Universidade da cidade de Araguaína (TO) palestras e esclarecimentos sobre a questão indígena. Durante as reuniões estão sendo apresentados fotos, vídeos e outros documentos mostrando a realidade indígena no Estado do Tocantins e no Brasil.
Acadêmicos do curso de Antropologia da Faculdade Católica D. Orione, 
ao lado da Professora e dos palestrantes, um missionário e um indígena,
em Araguaína (TO). (foto: FCDO.2013).
    Nossas atividades tiveram inicio no último dia 16/04/13, pela manhã no CEM-Centro de Ensino Médio Dr. José Aluísio Silva Luz em Araguaína (TO). No período da noite estivemos na Faculdade Católica Dom Orione, palestrando para acadêmicos do Curso de Antropologia.
     No dia 17/04/2013, não tivemos atividades durante o dia. E à noite voltamos à Faculdade Católica Dom Orione, falar aos acadêmicos do Curso de Direito.
     No dia 18/04/13, pela manhã, as atividades aconteceram na Escola Estadual Rui Barbosa e na Escola Estadual Joaquim de Brito Paranaguá. No  período da tarde voltamos novamente realizar atividades na Escola Joaquim de Brito Paranaguá. E hoje dia 19/04, pela manhã vamos visitar a Escola Francisco Máximo de Sousa e no período da tarde a Escola Municipal, Vereador Raimundo Falcão Coelho.
     Durante as conversas que tivemos com os estudantes, compartilhamos os problemas e violências que estamos sofrendo nas aldeias, falamos sobre a saúde, terras, PECs 215, 038 e 37, Portaria 303 da AGU, direitos indígenas e grandes projetos. Durante as palestras, explicamos aos jovens estudantes e acadêmicos sobre as mobilizações e protestos que estão ocorrendo em Brasília (DF) nesse período. Os estudantes, professores e diretores, demostraram bastante interesse com os assuntos tratados; fazendo perguntas e questionando as questões e problemas apresentados. No final os Acadêmicos de Antropologia, demostraram interesses em conhecer uma aldeia indígena da região norte do Estado do Tocantins.




Araguaína (TO), 19 de abril de 2013.




Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

17 de abr. de 2013

VERÁS QUE OS FILHOS TEU NÃO FOGEM DA LUTA.


   
Lideranças indígenas na plenária da Câmara dos Deputados, em manifestações contra a  PEC 215. (foto: CIMI. 2013)
    A
s manifestações de ontem à tarde em Brasília (DF) quando mais de 700 lideranças indígenas ocuparam a plenária da Câmara dos Deputados para protestar contra a PEC 215, antes de tudo foi um ato público de cidadania e protagonismo dos povos ali representados. Em alguns momentos da história do Brasil, foi assim, tivemos o Congresso Nacional literalmente ocupado pelas lideranças indígenas de todo o País. E nesse momento não poderia ser diferente.
   Sem dúvida o Congresso Nacional é local mais adequado para nossos cidadãos indígenas se manifestarem e se expressarem, em busca e em defesa de nossos direitos ali mesmo consagrados na Constituição Federal promulgada em 88. Inexplicavelmente as vezes tentam nos impedir de exercer nossa cidadania. Durante as manifestações no dia 16/04/13 o líder indígena Luíz Titiá do povo Pataxó Hã Hã Hãe da Bahia, foi covardemente agredido por seguranças da Câmara dos Deputados.
    Esses protestos das lideranças no Congresso Nacional, são expressões legitimas dos povos indígenas contrários essas PECs e outras medidas que estão sendo discutidas e aprovadas naquela casa legislativa sem a participação de nossos povos. E não houve invasão nenhuma ontem na Câmara dos Deputados, com certeza os únicos invasores dessa história foram os portugueses em 1500 e seus “herdeiros” que continuam usando os mesmos métodos colonialista e violentos para pregar o ódio e promover o extermínio dos últimos povos sobreviventes desses 512 de massacres.
    Contrariando esse “projeto do extermínio”, nossos parentes, bravos guerreiros indígenas, ontem no Congresso Nacional mostraram que não fogem da luta. São lideranças e caciques; idosos, jovens, mulheres e país de famílias, pertencentes a várias etnias de todo o Brasil, que nunca baixaram as cabeças frente as ameaças, a prepotência e a arrogância do poder, não abrindo mão de nossas lutas por melhores condições de vida e dignidade para nossas comunidades.
     Denunciamos as intimidações, ameaças e violências que continuam sendo praticadas deliberadamente contra nossas lideranças indígenas e nossos aliados. No episódio de ontem, o jornalista do Conselho Indigenista Missionário-CIMI, Renato Santana, foi brutalmente agredido por seguranças da Câmara dos Deputados. Repudiamos mais essa violência incompreensível praticada contra os nossas lideranças e parceiros.

Terra Indígena Apinajé, abril de 2013.


Associação União das Aldeias Apinajé- PEMPXÀ.




15 de abr. de 2013

QUAL É O LIMITE PARA FREAR A GANÂNCIA E A VIOLÊNCIA DOS RURALISTAS?


Desmatamentos, eucaliptos e carvoarias; terras indígenas na mira do
Agronegócio. (foto: Antônio Veríssimo. 2013)
     Considerando que nos últimos anos temos verificado uma avalanche de medidas e propostas contrárias aos nossos direitos já garantidos na CF de 88. Na véspera da Semana dos Povos Indígenas de 2013, tivemos mais algumas surpresas desagradáveis, no momento os parlamentares das bancadas ruralistas e evangélica no Congresso Nacional, intensificaram os ataques contra a FUNAI, CIMI e MPF.
   Esses Deputados e Senadores movidos por interesses e forças políticas “estranhas”, estão se unindo  e se articulando dentro do Congresso Nacional, com objetivo de discutir e aprovar várias propostas de emendas à constituição, as chamadas PECs, entre elas a 215 e a 038. O principal foco de interesses desses ruralistas são as terras indígenas, que tem sido objeto de cobiça e  despertado a ambição e a ganância desses políticos e empresários, que não medem esforços para inventar novas medidas e propostas absurdas, pensadas intencionalmente para prejudicar a vida das populações indígenas e quilombolas.
     Neste contexto, não só os legisladores, mais também outras personalidades políticas ligadas ao poder Executivo também estão se manifestando contra nossos direitos. Assim no ano passado foi editada a portaria 303 da Advocacia Geral da União -AGU, essa é mais uma dessas medidas “estratégica”, pensada para aniquilar de vez as nossas garantias constitucionais e esperanças de ter um futuro nesse País. Esses ataques e ameaças estão acontecendo em várias frentes, dos três poderes da Republica.
    São várias as tentativas de impedir que as leis sejam aplicadas em defesa da proteção de nossos direitos coletivos. Assim os parlamentares propõem e fazem mudanças na legislação em favor deles próprios. O mas recente retrocesso é a pretensiosa PEC 37, que propõem tirar os poderes investigatório dos Procuradores Federais, Estaduais e dos Promotores de Justiça. Dessa forma alguns políticos malandros ganharão carta branca e sinal verde para roubar a vontade os cofres públicos. E quando alguém suspeitar disso e denunciá -los terão menos um órgão para investigá los. Assim também fica fácil invadir terras indígenas, matar índios e nunca ir pra cadeia. Repudiamos essa PEC 37, também conhecida como projeto da impunidade, proposta indecente e ridícula, que trouxe perturbação social, gerando mais revoltas e descontentamento com essa classe política.
    Denunciamos que esses políticos estão disseminando o ódio e mais violências contra nossas comunidades em todo o País. Esses setores usam o Congresso Nacional para promoverem essas campanhas vergonhosas contra nossos direitos e nossas vidas. Avaliamos que, quando os próprios Parlamentares agem dessa forma, incentivam mais violências e derramamento de sangue no campo, trazendo mais dor, sofrimento e desespero para nosso povo.


Terra indígena Apinajé, abril de 2013.




Associação União das Aldeias Apinajé.

14 de abr. de 2013

MEIO AMBIENTE E SANEAMENTO BÁSICO

Nesta quinta-feira, 13 de abril de 2013, funcionários da Prefeitura de São Bento do Tocantins realizaram serviços de limpeza na localidade Veredão
Funcionários da Prefeitura de São Bento do Tocantins, fazem limpeza e coleta de lixo na localidade Veredão. (foto: Antônio Veríssimo. 2013)

Poder público e sociedade juntos podemos realizar. (foto: Antônio Veríssimo. 2013)
Essas políticas de coleta de lixo são necessárias e deveriam ser adotadas por todas as Prefeituras da região. Sendo que cuidar do meio ambiente é uma responsabilidades não só das prefeituras, esse é um dever e uma obrigação de cada um de nós. Vamos continuar acompanhando e alertando nossos vizinhos sobre os cuidados que devemos ter com nosso patrimônio ambiental. Podemos nos articular e nos unir para monitorar, vigiar e corrigir as práticas equivocadas e erradas de alguns cidadãos, empresas e políticos.

As Prefeituras deveriam providenciar locais adequados para destinar seus próprios resíduos. Porém isso na prática não está acontecendo, infelizmente algumas prefeituras ainda insistem em jogar lixo de qualquer jeito e em locais impróprios. Um mau exemplo é a prefeitura de Tocantinópolis (TO), que ainda joga lixo a céu aberto, às margens da estrada de acesso às aldeias São José e Serrinha. E o pior, é que esses resíduos, são queimados e jogam grandes quantidades de poluentes na atmosfera.

Todos sabem da importância de se preservar nosso patrimônio ambiental. Isso é relevante para a vida da população local, índios e não- índios que dependem e exploram essa enorme riqueza e essas belezas naturais, que são nossas florestas, nosso cerrado e nossas águas. Lembrando que os principais ribeirões que banham os municípios vizinhos nascem dentro da área Apinajé.
Trecho do Ribeirão dos Caboclos,  dentro da área Apinajé, no município de São Bento do Tocantins. (foto: Antônio Veríssimo. 2013)
Dessa forma cabe à todos nós cuidar e zelar nossa própria casa. Pelo menos não sair por aí jogando lixo em qualquer lugar. Estamos alertando à todos os moradores das cidades e povoados vizinhos que não joguem lixos na área indígena Apinajé. Joguem o lixo no lixo.  E nosso cerrado, rios e florestas agradecem.



                                                    Terra Indígena Apinajé, 14 de abril de 2013


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

8 de abr. de 2013

AÇÕES DE VIGILÂNCIA E MONITORAMENTO DA ÁREA APINAJÉ




Equipe da FUNAI e CIPRA, visitam Posto de Vigilância (desativado) da
FUNAI, na localidade Pontal. (foto: Antônio Veríssimo. 2013)

        No período de 15 a 21 de março de 2013, aconteceram a mobilização da equipe formada por vinte jovens Apinajé e um motorista da FUNAI, com objetivo de fazer os trabalhos de vigilância e monitoramento territorial da área Apinajé. Essas atividades aconteceram em conjunto com as ações de Fiscalização e Proteção dessa área indígena, que foram realizadas pela Fundação Nacional do Índio –FUNAI e a Companhia de Polícia Rodoviária Ambiental do Tocantins -CIPRA, que atuaram acompanhando dando apoio e suporte à nossa equipe indígena em trabalhos de campo. A FUNAI e CIPRA, também realizaram o cadastramento de parte dos indivíduos não-índios, casados com índias que vivem nas aldeias Apinajé.
        Durante nossas incursões no interior da área indígena, visitamos os postos de vigilância (desativados) da FUNAI na região do Pontal e Veredão. também realizamos visitas de surpresa à alguns locais considerados críticos e vulneráveis dessa área indígena, a procura de vestígios de invasão de não -índios e sinais como troncos de madeiras serrados, rastros e picadas que possam indicar que o local está sendo invadido. Para melhor mobilidade da Equipe de Vigilância Indígena, da FUNAI e da Polícia Ambiental, realizamos a limpeza, (retirada de troncos e galhos) em trecho de estrada (ramal) num percurso de aproximadamente 30 km entre a aldeia Mata Grande e o Posto de Vigilância (desativado) da FUNAI localizado na divisa norte dessa TI na região do Pontal.
          A situação mas grave que observamos, foi os desmatamentos e obras de terraplanagem da rodovia TO 126 trecho dentro da área indígena no município de Maurilândia. Quando foi questionado sobre o assunto, o Coordenador da FUNAI/CTL de Tocantinópolis- TO, Bruno Aluísio Braga Fragoso, informou que ainda não tinha sido notificado e nem avisado pelo IBAMA, sobre qualquer licença ou autorização para inicio das referidas obras. Por sua vez o Coordenador Regional da FUNAI/CR Araguaia Tocantins Cleso Fernandes de Moraes, disse que manteve contato com a direção do SEINFRA e foi informado que os trabalhos que estão acontecendo naquele trecho da TO 126, não se trata de terraplanagem, e sim, serviços de recuperação com cascalhamento da mesma. E garantiu que logo tomaria as medidas no sentido de pedir informações ao IBAMA sobre o empreendimento.
Lixões dentro (ou no entorno) da área Apinajé. Este fica no
na localidade Veredão, no município de São Bento do
Tocantins (foto: Antônio Veríssimo. 2013).
Crime ambiental grave, lixos jogados nas nascentes de 
ribeirões dentro da área Apinajé, na localidade Veredão, 
município de São Bento do Tocantins. (foto: Antônio 
Veríssimo. 2013)


      Os lixões que estão se formando nas margens dessas estradas é outro problema preocupante que detectamos, pelo menos em cinco locais o problema é mais sério. Os moradores da localidade Veredão no município de São Bento do Tocantins, há alguns anos teimam em jogar lixo nas margens da rodovia BR 230 dentro da terra indígena. No mesmo local, as nascente de águas, que são utilizadas para beber e banhar pelos índios Fulniô, estão sendo poluídas com lixo jogados por moradores do local. Nas proximidades da aldeia Prata no município de Tocantinópolis, também podemos observar montes de lixo jogados nas margens da estrada de acesso à aldeia São José, a mesma situação se repete ao longo da rodovia TO 126 no trecho que corta essa terra indígena, entre os municípios de Tocantinópolis e Maurilândia.
          Essas andanças dentro do território Apinajé, permite que os jovens conheçam melhor nosso território e sinta a importância desse patrimônio para as presentes e futuras gerações. Portando alertamos a todos que essas incursões na terra indígena Apinajé, doravante serão realizadas de surpresas e a qualquer hora do dia ou da noite. E aqueles invasores que forem flagrados praticando alguma atividade ou crime ambiental, serão presos e entregues às autoridades policiais. Além do pagamento de multas, esses infratores poderão responder na Justiça, de acordo com a legislação vigente.


Aldeia São José, 07 de abril de 2013.

Associação União das aldeias Apinajé-PEMPXÀ.

1 de abr. de 2013

NOTA SOBRE A SITUAÇÃO DAS ESTRADAS DE ACESSO ÀS ALDEIAS APINAJÉ.



Situação de trecho da principal estrada de acesso às aldeias da região 
da aldeia São José. Isso reflete no funcionamento da Escola Estadual 
Mãtyk. (foto: Antônio Veríssimo. 2013) 

    A presente nota tem por finalidade, descrever e informar ao Senhor Presidente da Câmara dos Vereadores de Tocantinópolis, Zullias Parente Amoury, à sua excelência o Prefeito Municipal de Tocantinópolis (TO), Senhor Fabion Gomes de Sousa, ao Engenheiro Chefe do DERTINS neste município, Senhor Gilvamar Moreira de Souza e aos demais interessados, a situação de abandono e precariedade das estradas vicinais de acessos às aldeias indígenas do povo Apinajé, situadas no município de Tocantinópolis, no norte do Estado do Tocantins, Brasil.
      Informamos que, nos últimos (20) vinte anos, com o crescimento populacional da etnia Apinajé, temos verificado a formação de novas aldeias, que estão se espalhando rapidamente no interior dessa área indígena. Consideramos que esse crescimento populacional e o surgimento de mais comunidades é um fator positivo e normal. E que isso naturalmente reflete em maiores demandas e pedidos de conservação das estradas já existentes e na abertura e manutenção de novas estradas, que garantam o atendimento à saúde de nossa população e o transporte escolar dos estudantes. Dessa forma entendemos e temos clareza que essa é uma responsabilidade do poder público, seja do município, do Estado ou da União, alguém pode e deve assumir esse compromisso político, moral, social e humano com nossa minoria indígena desse município.
Aspecto da Escola Estadual Indígena Mãtyk, na aldeia São
José. (foto: Antônio Veríssimo.2013)
      No caso das estradas da região da aldeia São José, no município de Tocantinópolis (TO), a situação sempre tem sido crítica e difícil, nesse período chuvoso as principais vias de acesso às aldeias, São José, Abacaxi, Areia Branca, Aldeinha, Furna Negra, Brejinho, Bacabinha, Serrinha, Boi Morto, Bacaba, Prata e Cocal Grande, foram praticamente cortadas pelas chuvas, somente com veículos traçados pode se alcançar as citadas comunidades, no momento andar de transporte (ônibus) escolar entre essas aldeias é impraticável. Esses fatos só vem somar mais transtornos e inviabilizar de vez o funcionamento da maioria das escolas indígenas da área Apinajé. Em razão desses problemas expostos, todos os anos os alunos (as) matriculados na Escola Estadual Indígena Mãtyk, localizada na aldeia São José, são os mais prejudicados. Sendo que há duas (2) semanas os ônibus escolar deixaram de circular  na região da aldeia São José, para transportar os alunos que estudam nessa aldeia. 
      Essa situação merece atenção e cuidados do poder público, especialmente as autoridades municipais. Acreditamos que alguma solução possa ser discutida e alcançada por meio do diálogo. É necessário que todos os anos, sejam garantidos recursos públicos para conservação e manutenção permanente dessas estradas vicinais, que são importantes para nossa população e o próprio município de Tocantinópolis (TO).



Aldeia São José, 01 de abril de 2013.



Associação União das Aldeias Apinajé. PEMPXÀ.