27 de set. de 2013

MEIO AMBIENTE



SEMINÁRIO: MUDANÇAS CLIMÁTICAS RISCOS DE DESASTRES
Participantes do Seminário Mudanças Climáticas e Riscos de Desastres, no CCB-Centro Cultural de Brasília (DF)   (foto: set. 2013)




















No período de 16 a 20 de setembro de 2013, participamos no CCB-Centro Cultural de Brasília, no DF,do Seminário Mudanças Climáticas e Riscos de Desastres. O evento teve a participação de 23 representantes de Entidades e Organizações da Sociedade Civil de todas as regiões do Brasil e Exterior. O Seminário foi realizado pela Agência de Cooperação Fastenopfer, ou Ação Quaresmal Suíça. A finalidade foi preparar as comunidades rurais e urbanas, ameaçadas e atingidas, para uma análise das mudanças climáticas e o planejamento de ações e alternativas de adaptação e mitigação dos impactos; tendo em vistas as rápidas alterações observadas no clima em todo o Planeta e as graves consequências para vida dos povos mais empobrecidos.
As intervenções humanas no meio ambiente estão alterando o clima na terra. (foto: Antônio Veríssimo. Jan. 2013)




Ivo Poleto, assessor do Fórum: Mudanças Climáticas e Justiça Social, enfatizou que, é fundamental a compreensão da questão das Mudanças Climáticas no ponto de vista da Justiça Social e lembrou que nas últimas décadas temos observado graves alterações climáticas em nosso País, o que tem resultado no agravamento das secas, enchentes,  incêndios, doenças, sede e fome. Ivo Poleto alertou que atualmente existem milhares e milhares de pessoas vivendo em áreas de riscos, que já estão sendo diretamente ameaçadas ou afetadas em todas as regiões do Brasil.

Durante o Seminário os pesquisadores e representantes de ONGs-Organizações Não Governamentais, apresentaram dados e informações do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas-IPCC (Relatório de 2007), mostrando que as emissões de gases do efeito estufa pelos países “desenvolvidos” e em desenvolvimento, estão provocando o rápido aquecimento do planeta. Neste caso a culpa maior tem sido atribuída os Países ricos do Hemisfério Norte que não estão cumprindo Acordos Internacionais de Redução de CO2; considerando que do ponto de vista da ciência este tem sido um fator determinante para o aumento da temperatura em escala global.

As palavras dos pesquisadores e os relatos dos representantes das comunidades rurais e urbanas do Semiárido nordestino, da Amazônia, do Cerrado e Mata Atlântica, não deixa nenhuma dúvida; doravante devemos incluir definitivamente a pauta Mudanças Climáticas em nosso dia a dia e nos mobilizar para cobrar dos Governos políticas públicas e medidas preventivas e adaptativas para convivência com essa nova realidade de Mudanças do Clima.

Terra Indígena Apinajé, setembro de 2013.

Associação União das aldeias Apinajé-PEMPXÀ.

14 de set. de 2013

SAÚDE INDÍGENA

    SINTSEP DENUNCIA GESTORA DO DSEI-TO AO MPF

  Mais um episódio vergonhoso ocorreu na tarde do 10/09/13 terça-feira, durante reunião do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Tocantins-CONDISI-TO, que aconteceu no auditório do Hotel Turim em Palmas (TO). Na ocasião alguns Conselheiros Locais de Saúde se confrontaram verbalmente e fisicamente com outras lideranças que estavam se manifestando e pedindo o afastamento da Coordenadora do DSEI-TO, Ivanezília Ferreira Noleto. Esse fato lamentável aconteceu na presença de autoridades e servidores públicos, revelando e mostrando à sociedade mais uma vez os resultados dessa relação perversa do Estado Brasileiro com os povos indígenas, historicamente marcados pela opressão, massacres e extermínio.
     Nesse caso o Estado pode está usando sutilmente sua poderosa máquina administrativa e política para cooptar, manipular, dividir e anular nossas organizações e o movimento indígena do Estado do Tocantins. Percebemos que alguns servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena-SESAI e do Distrito Sanitário Especial Indígena do Tocantins-DSEI-TO, estão usando alguns membros do Conselho Indígena de Saúde, com o objetivo de jogar índio contra índio e provocar divisões internas, criminalizar as lideranças e enfraquecer o movimento indígena do Estado do Tocantins. O secretario da SESAI  Dr. Antônio Alves de Sousa e a chefia do DSEI-TO, Ivanezilia Ferreira Noleto devem ser responsabilizados por esses conflitos, que estão provocando contra os povos indígenas Apinajé, Krahô, Xerente, Krahô-Kanela, Karajá Xambioá, Avá Canoeiro e Javaé.
     É incompreensível que algumas “lideranças” se deixem cooptar embarcando de vez nas armadilhas desses servidores, cujo principal interesse é de se sustentarem em cargos nos PBIs, na SESAI e no DSEI-TO, apesar das inúmeras denúncias de nepotismo, corrupção e má gestão que pesam especialmente sobre um grupo de pessoas ligadas à senhora Ivanezilia Ferreira Noleto, Coordenadora desse Distrito. Pressionados esses indivíduos sabem que para continuar nessas funções é necessário manter algum controle administrativo e político sobre os Órgãos de Fiscalização e Controle, que deveriam funcionar com independência, autonomia e liberdade. O que não é o caso do Conselho Distrital de Saúde Indígena.
    Tivemos acesso à denuncia recebida pelo Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Tocantins-SINTSEP-TO, que relata possível falta de interesse público, ingerência e nepotismo em contratos de terceirização. Transcrevemos abaixo trecho da denuncia: ...“Deparamo-nos com fatos repugnáveis que vão desde maus tratos e, assédio moral a servidores até uso irregular do dinheiro público, aumentando o abandono e o descaso na assistência aos índios. Infelizmente nunca observamos uma única auditoria na saúde indígena do Tocantins. Por falta de fiscalização dos Órgãos de controle os erros propositais de um grupo de pessoas unidas e organizadas entre si, vão se acumulando gerando prejuízos ao erário e custando vidas humanas. Pessoas imbuídas em cargos comissionados, que deveriam primar pelo interesse público, se preocupam apenas com aquilo que podem lhe trazer algum retorno ou vantagem pessoal, sem medir nenhuma consequência, em detrimento da saúde de milhares de pessoas indígenas”...
    E como forma de mudar de assunto, tirar o foco e esconder essas acusações que estão respondendo na esfera policial, no MPF e na Justiça, esses gestores “bonzinhos” orientam os conselheiros para atacar em público as entidades aliadas da causa indígena, como  é o caso do  Conselho Indigenista Missionário-CIMI, que foi injustamente acusado de“insuflar conflitos, mentir e falsificar documentos”.
     Lamentamos a falta de postura do presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena-CONDISI-TO, Cleyton Javaé, que pretendia proibir uma manifestação da cultura indígena, fato que causou revolta e indignação dos manifestantes presentes. O presidente do CONDISI-TO protagonizou também outra cena inaceitável ao se colocar em defesa dos servidores do DSEI-TO; insuflando e empurrando os conselheiros para reprimir e calar a boca dos manifestantes Apinajé, Xerente e Krahô. O Procurador da Republica no Estado do Tocantins, Álvaro Lutufo Manzano, presente na reunião, disse que “o fato do Conselho de Saúde ser a instituição legitima para fazer o Controle Social da Saúde Indígena, não tira o direito das demais lideranças se manifestarem”.
     Esperamos que fatos como esses nunca mais se repitam e que os povos e as organizações indígenas do Tocantins voltem ao diálogo; buscando a paz e a união entre si.



Terra indígena Apinajé, 14 de setembro de 2013. 

Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

11 de set. de 2013

CULTURA

ENCERRAMENTO DO PÀRKAPER (TORA GRANDE) 2013
Jovens Apinajé durante corrida de Tora. (foto: Antônio Veríssimo. set. 2013)
   Nos dias  2 e 3/09/2013, foram  celebrados na aldeia São José, os momentos finais do Tora Grande 2013, que teve a duração de um mês. A Tora Grande  (ou Pàrkaper) é uma celebração religiosa que realizamos para lembrar e homenagear nossos parentes falecidos (as). Este ano durante todo o mês de agosto houve intensas mobilizações e atividades culturais que envolveram  os famíliares e parentes próximos das pessoas homenageadas.
Jovens Apinajé visitam local de preparação das toras (foto:
Antônio Veríssimo. agosto 2013)
        Nesse período de um mês, foram  realizadas a derrubada,  escavação e preparação das toras de buriti (Tora Grande),  também ,foram  preparados os enfeites com  miçangas, ornamentos de penas de papagaio, tintas de genipapo e urucum; usados durante toda  a celebração.
    Algumas comunidades também organizaram  mutirões para fazer serviços de broca e derrubada das roças familiares e  todos os dias no período da tarde eram  realizadas corridas com toras pequenas entre as aldeias Brejinho, Bacabinha, Furna Negra, Areia Branca e São José. 
   Nas  últimas semanas do evento tivemos a participação de pelo menos 30 famílias vindas das aldeias; Brejinho, Bacabinha, Patizal, Prata, Cocal Grande, Bacaba, Boi Morto, Serrinha, Abacaxi, Formigão, Aldeinha, Areia Branca e Furna Negra, somando mais de 350 pessoas. Tivemos também a presenças e  participação de famílias e lideranças do povo Krahô vindas da Aldeia Nova e Pedra Branca, município de Goiatins (TO).
    A realização da tora grande 2013, foi mais um importante momento de manifestação cultural, intercambio entre os povos,  transmissão de nossos saberes tradicionais e religiosidade aos  jovens. Estão de parabéns as famílias, as lideranças, os conselheiros, os anciãos, os professores e estudantes que se empenharam em  realizar  nossa própria cultura; celebrando esse importante ritual de nossos valores, nossa fé, nossas crenças e espiritualidade.
   O resgate, a realização de nossa cultura e  a valorização de nossos modos de viver é algo positivo e fundamental para garantir o futuro de nossas crianças; enganadas e seduzidas todos os dias por falsos “valores” e usos e costumes estranhos.



Terra Indígena Apinajé, setembro de 2013.




Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ.