24 de dez. de 2013

EXTRATIVISMO DO BABAÇU NA TERRA INDÍGENA APINAJÉ

MULHERES APINAJÉ REALIZAM OFICINA SOBRE EXTRAÇÃO DO BABAÇU

Mulheres Apinajé, participantes de Oficina na aldeia Areia 
Branca. (foto: Antônio Veríssimo. Dez. 2013)
        Com a finalidade de multiplicar e transmitir conhecimentos, saberes e práticas sobre a extração e aproveitamento do coco babaçu aos mais jovens, nos dias 18 e 19 de dezembro de 2013, foi realizada na aldeia Areia Branca, no município de Tocantinópolis, Estado do Tocantins, 2ª etapa da Oficina das Mulheres Indígenas Apinajé Sobre A Extração e o Beneficiamento do Babaçu. O evento foi realizado pelas mulheres Apinajé, com apoio da CGETNO/FUNAI/BSB e CTL de Tocantinópolis (TO).  Ao menos 40 lideranças mulheres vindas de 18 aldeias participaram da oficina.
       A 1ª etapa da Oficina de Intercâmbio Sobre a Extração e Beneficiamento do Babaçu, foi realizada nos dias na aldeia Mariazinha e contou com a participação de (3) três mulheres do MIQCB-Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu da cidade de São Miguel do Tocantins (TO), que vieram compartilhar com as mulheres Apinajé, suas experiências e práticas sobre as atividades de extração, aproveitamento e comercialização do babaçu.
      Nas (2) duas primeiras etapas de oficinas, as mulheres Apinajé demostraram bastante desenvoltura e habilidade na quebra do coco babaçu, na extração do mesocarpo e retirado do azeite da amêndoa. Muito animadas e interessadas, as participantes manifestaram que querem continuar aprimorando o que já sabem e aprendendo novas técnicas de beneficiamento e uso do babaçu e aplicando esses conhecimentos para aproveitar os potenciais recursos da palmeira do babaçu; que envolvem a utilização do coco, da casca, da palha e adubo do babaçu.
     Ressaltamos que há milhares de anos nossos antepassados desenvolveram técnicas próprias de uso especialmente da palha do babaçu. E até os dias de hoje nosso cotidiano está intimamente ligado ao uso dessa palmeira. Além da extração do óleo e mesocarpo, nossos conhecimentos sobre fabricação de esteiras, cestos e ornamentos corporais utilizados nas festas, ainda estão sendo transmitidos aos jovens.
      No contexto regional esses encontros e oficinas focados na troca de conhecimentos, preservação dos cocais e a geração de renda para as mulheres indígenas e não índias são importantes ainda para fortalecer a luta e a resistência contra as plantações de eucaliptos e hidrelétricas que estão invadindo o Norte do Tocantins e ameaçando a vida das populações rurais e urbanas de nossa região.   A 3ª etapa da Oficina de Intercâmbio será realizada na 1ª quinzena  de janeiro de 2014, na cidade de São Miguel do Tocantins no Bico do Papagaio.


Terra Indígena Apinajé, 24 de dezembro de 2013.


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÁ.

16 de dez. de 2013

AGRICULTURA FAMILIAR

Agricultura Familiar: lideranças Apinajé realizam visita de intercâmbio  aos pequenos agricultores no Bico do Papagaio

Lideranças indígenas conversam com  coordenador dos pequenos  produtores rurais em assentamentos do município de Esperantina (TO). (foto: Antônio Veríssimo. dez. 2013)
Continuando nossas atividades relacionadas ao plantio de roças nas aldeias Apinajé, nos dias 7 e 8 de dezembro de 2013 realizamos nova visita de intercâmbio e busca de Sementes Crioulas junto aos pequenos produtores da região do Bico do Papagaio. Desta vez conhecemos alguns assentados no município de Esperantina no extremo Norte do Tocantins. 
Nossa viagem começou no dia 7/12, saindo de Tocantinópolis (TO) rumo à Augustinópolis, aonde chegamos à tardezinha. E no dia 8/12 pela manhã, guiados por João Palmeira Junior, continuamos nosso percurso por mais 80 km até Esperantina. Nesta cidade fomos amigavelmente recepcionados pelo senhor Juvenal das Neves, coordenador da Cooperativa de Produção e Comercialização dos Agroextrativistas e Pescadores Artesanais de Esperantina Ltda-COAF/Bico, que nos levou para conhecer alguns assentamentos localizados naquele município.
Produção familiar de farinha de mandioca no município de Esperantina  (TO). (foto: Antônio Veríssimo. dez. 2013)
Nessa parte do Tocantins o extrativismo e a agricultura familiar caminham juntos e são bastante fortes, expressivas e diversificadas. Nos assentamentos locais podemos ver muitas plantações de milho, inhame, feijão, banana e mandioca. Na região também existem alguns projetos de casas de farinha em funcionamento. E os assentados também criam bovinos, caprinos, suínos e aves para produção de leite e carne. A pesca artesanal é outra importante atividade econômica para a população ribeirinha de Esperantina.

Em razão da fertilidade do solo de sua proximidade com o Estado do Pará, o município de Esperantina é conhecido pela extração e produção de polpa de cupú-açú, bacuri e murici. Nos sítios no entorno da cidade podemos ver também muitas castanheiras; espécie nativa ameaçada de extinção, que ocorre nas florestas altas da região Amazônica.

Porém toda essa riqueza está sendo ameaçada por grandes empreendimentos hidroelétricos. Um desses projetos é a barragem de Marabá, projetada próximo o encontro dos rios Tocantins e Araguaia nos Municípios de São João do Araguaia, Pará, Bom Jesus do Tocantins no Maranhão e Esperantina em Tocantins.

Os moradores locais (do lado tocantinense) demostram grande preocupação com mais esse projeto do setor elétrico, que vem ameaçar a vida e o futuro das populações rurais e urbanas dos três Estados já afetados e ameaçados por outras obras.
Lideranças observam maniva de mandioca cultivada nos assentamentos do município de Esperantina (TO). (foto: Antônio Veríssimo. dez. 2013)
Seguindo o mau exemplo dos projetos das UHE Estreito e Belo Monte, o Governo Federal e as empresas estão “interessados” e pretendem levar à diante e de qualquer jeito os projetos das UHE de Serra Quebrada, Santa Isabel e Marabá. Sendo que essas obras representam graves ameaças à nossas vidas e ao futuro das demais populações do Bico do Papagaio.

Nessa última visita que fizemos aos agricultores de Esperantina, adquirimos sementes de feijão, milho, inhame, arroz, ramas de mandioca e mudas de bananas. Essas sementes já foram plantadas nos projeto de roças  que estão sendo implantados nas aldeias.


Terra indígena Apinajé, dezembro de 2013.


 Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

3 de dez. de 2013

SAÚDE INDÍGENA


CRIANÇAS APINAJÉ SOFREM COM ATAQUES DE DIARRÉIAS

        Todos os anos nessa época dezenas de crianças Apinajé sofrem com surtos de diarreias e vômitos. Desde o último fim de semana essas viroses estão atingindo principalmente os recém-nascidos (as) na faixa etária de 0 a 3 anos da aldeia São José e entorno. Todas as manhãs e a tarde conferimos dezenas de mães com seus filhos buscando atendimento no Posto de Saúde dessa comunidade. Ontem dia 02/12/13, segunda feira o Agente Indígena de Saúde, Edvaldo Sotero Apinajé anotou 14 casos de diarréias em crianças dessa aldeia localizada a 18 km de Tocantinópolis no Norte do Estado do Tocantins. Sem o acompanhamento e as orientações de um Médico essas crianças correm o risco de morrer.
       Em 2006 pelo menos 20 crianças recém-nascidas de diversas aldeias, depois de  serem  internadas sob ataques de diarreias e vômitos foram à óbito em Hospitais de Tocantinópolis e Araguaína. Com isso, algumas mamães ficaram traumatizadas e agora se recusam internar seus filhos no Hospital Municipal José Sabóia. As mulheres Apinajé, ainda reclamam que não são bem recebidas e são maltratadas pelos servidores (as) do Hospital Municipal de Tocantinópolis; optando  pelo atendimento na própria aldeia feito pelo Médico da Atenção Básica; do Programa Mais Médicos, Dr. Angel Remígio.
      Apesar dessas sérias ocorrencias Médico da Atenção Básica à alguns dias não aparece nos Postos de Saúde. Na tarde de ontem tivemos informações que o Dr. Angel Remígio está viajando pra Palmas (TO),  o que é estranho, pois deveria está atendendo nas aldeias e não na cidade.
      Denunciamos essa situação e solicitamos providências cabíveis do MPF/PR de Araguína para corrigir possíveis casos de omissão, prevaricação e desmandos que esteja acontecendo por parte de servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena-SESAI, do Distrito Sanitário Especial Indígena do Tocantins-DSEI-TO e do Polo Base Indígena-PBI de Tocantinópolis (TO). Pedimos explicações e queremos saber por que o médico que deveria está atendendo nas aldeias, está viajando (ou foi mandado) pra Palmas?



Terra Indígena Apinajé, 03 de dezembro de 2013.




Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ