19 de ago. de 2014

MEIO AMBIENTE

BRIGADA APINAJÉ: COMBATENTES DO FOGO
Brigadistas Indígenas em ações de combate direto ao um foco de incêndio na terra Apinajé. (foto: Adalberto Apinajé. Agosto de 2014)
Brigadistas monitoram via satélite os focos de incêndios.
(foto: Adalberto Apinajé. Agosto de 2014)
Esquadrão durante ações de Monitoramento Territorial.
(foto: Adalberto Apinajé. Agosto de 2014)
           Neste mês de agosto, mais uma vez o Tocantins está sendo seriamente castigado pelo fogo, o Estado está em 3º lugar no ranking de queimadas no Brasil. Este ano já foram detectados mais de 4.600 focos de incêndios em todo o Estado. As Áreas de Preservação Ambiental e as Terras Indígenas, também estão sendo atingidas.
          A BRIF-I Apinajé é uma Brigada Indígena e está localizada no município de Tocantinópolis desde junho de 2014 e tem como meta principal fazer a prevenção e o combate direto aos focos de incêndios na Terra Indígena Apinajé. O trabalho desses combatentes do fogo é perigoso e exaustivo e as ações são realizadas de forma direta ou indireta e estão acontecendo durante o dia e à noite.
          O Chefe da BRIF-I Apinajé, Alexandre Conde, informou que desde 1º de junho deste ano quando a Brigada começou atuar já foram percorridos mais de 1.400 km e combatidos em ação direta 25 focos de incêndios no Território Apinajé, localizado nos municípios de Tocantinópolis, Maurilândia, São Bento do Tocantins e Cachoeirinha, no Norte do Estado do Tocantins.
           Entre junho e agosto de 2014, em comparação com o mesmo período do ano passado, temos verificado expressiva redução das queimadas na Terra Apinajé. Este resultado só está sendo alcançado graças à atuação dos Brigadistas.
Aspecto do Território Apinajé, sem queimadas. (foto:
Antônio Veríssimo. Abril de 2013)

          A Brigada Indígena do PREV FOGO/IBAMA em parceria com a FUNAI-Fundação Nacional do Índio, também atua em atividades de Monitoramento Territorial, visando coibir as atividades ilícitas praticadas por não-índios que invadem a terra Apinajé para roubar caças, madeiras, peixes, frutas e arrendamentos de pastos e roças. Estes invasores e intrusos também são suspeitos e acusados de provocar incêndios na Terra Apinajé.
         É imprescindível que todos se conscientizem dos riscos e perigos das queimadas sem controle. No nível atual o fogo já representa uma grave ameaça à nossa saúde e perigo à nossas aldeias e se não for contido poderá causar danos incalculáveis à fauna e a flora do Território Apinajé. Todos nós, índios e não-índios devemos colaborar e apoiar as ações dos Brigadistas Apinajé, afinal de contas estão lutando pela preservação ambiental, visando garantir um território com florestas, frutas, águas, mamíferos, répteis, aves  e peixes para as presentes e futuras gerações.

Terra Indígena Apinajé, 19 de agosto de 2014



Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

5 de ago. de 2014

ORGANIZAÇÃO INDÍGENA

ENCONTRO DE MULHERES APINAJÉ

Mulheres participando de atividades. (foto: Antônio 
Veríssimo. Agosto de 2014)
                  A Pastoral Católica, denominada Conselho Indigenista Missionário-CIMI, por meio do Regional GO/TO, em parceria com as comunidades Apinajé, realizou nos dias 01, 02 e 03 de agosto de 2014, na aldeia Aldeinha, nesta Terra Indígena, O Encontro de Mulheres Apinajé. Ao menos 30 lideranças participaram da reunião, que contou também com as presenças de alguns convidados homens, que juntos debateram sobre os problemas relacionados à saúde, terra e os impactos dos grandes projetos de desenvolvimento econômico nos territórios indígenas.  Na sexta-feira, 01/08/14, no período da noite, durante a abertura do Encontro foi exibido o Documentário: O Veneno Está na Mesa.  
       No dia 02/08/14, sábado, em depoimentos as lideranças falaram sobre as ofensivas e ameaças da bancada ruralista contra nossos Direitos Constitucionais, enfatizando que existem várias Propostas de Emendas à Constituição tramitando na Câmara dos Deputados e Senado Federal, sendo que a mais perversa e conhecida é a PEC 215/2000 que visa desconstruir os Direitos dos Povos Indígenas. A proposta altera os Art. 231 e 232 da Constituição Federal de 88, transferindo do Poder Executivo para o Congresso Nacional os atos de demarcar e regularizar os Territórios Indígenas e Quilombolas.  Se aprovada a PEC 215/2000 irá dificultar e restringir ainda mais nossos direitos a terra, o que consideramos um perigoso retrocesso e uma grave violação dos Direitos Humanos.          
        Os participantes (os) expressaram grande preocupação com os crescentes desmatamentos do Cerrado no entorno do território Apinajé para implantação de carvoarias e o plantio de eucaliptos, todos licenciados de maneira irregular, sem a participação dos Órgãos da Administração Pública Federal e sem prévia consulta à nossas organizações representativas. Mais uma vez as lideranças Apinajé repudiaram com veemência os projetos de construção das hidrelétricas de Serra Quebrada, no rio Tocantins, Santa Isabel no Araguaia e a proposta que sugere a implantação da Hidrovia Araguaia-Tocantins.
        As mulheres reclamaram que estamos cercados por grandes rodovias e a ferrovia Norte-Sul e vivendo em território sob intensa pressão de intrusos; diariamente invadido por madeireiros, pescadores, caçadores, arrendatários e coletores de frutas nativas, mesmo assim, não existe nenhum plano ou ação efetiva da Fundação Nacional do Índio –FUNAI e suas coordenações de Palmas (TO) e Brasília (DF) no sentido de fiscalizar e proteger nosso território e aldeias. Pelo contrário, nos últimos 30 anos seguidos governos e seus projetos desenvolvimentistas estão incentivando ainda mais essas atividades ilícitas.
       Em 03/08/14, as mulheres trataram ainda sobre as deficiências e precariedades do atendimento à saúde, que é responsabilidade da Secretaria Especial da Saúde Indígena-SESAI, através do Distrito Sanitário Especial Indígena do Tocantins DSEI-TO e denunciaram casos de descuidos, negligências e maus tratos nas dependências do Hospital Municipal José Saboia em Tocantinópolis (TO). As lideranças se queixaram também que não conseguem realizar exames preventivos, situação que consequentemente leva muitos pacientes a ser encaminhados aos hospitais quando já estão em estado grave.

Terra Indígena Apinajé, 05 de agosto de 2014.



Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ