22 de jan. de 2015

VIOLÊNCIA

ALCOOLISMO: PRINCIPAL CAUSA DE VIOLÊNCIA NAS ALDEIAS DO POVO APINAJÉ

          Na noite de terça-feira, 20/01/2015, aconteceu mais um episódio de violência em uma aldeia Apinajé, desta vez com vítima fatal. A indígena Brandina P. Carvalho Apinagé, de 39 anos que morava na aldeia Cipozal, foi assassinada a golpes de facão por pessoas alcoolizadas, e sua filha de 7 meses teve dois dedos da mão decepados. A criança foi encaminhada para um hospital da região, e um dos dos suspeitos, José Patrício Dias de 49 anos, (marido da vítima) está preso preventivamente na Cadeia Pública de Tocantinópolis/TO, sendo acusado de cometer o homicídio e a disposição da Justiça.
        No intuito de evitar tragédias como essa, ultimamente temos aconselhado e alertado nossos jovens e adultos sobre os riscos do uso descontrolado de bebidas alcoólicas. Nesse sentido nossos questionamentos e ponderações contra a venda de bebidas alcoólicas aos indígenas vem carregado de bom senso e pedido socorro, pois o uso das bebidas estão sempre vinculados às tragédias, violências, sofrimento, dor, dependência, doenças e perda da identidade; nesses casos nossas mulheres e crianças indígenas sempre são as maiores vítimas.
      Nos últimos anos, temos assistido grandes quantidades de bebidas alcoólicas sendo compradas e transportadas para as aldeias por índios e não índios para serem vendidas e/ou trocadas em mercadorias. Para população das cidades do entorno essa situação é “natural” e normal; as autoridades de Tocantinópolis e Maurilândia, não fazem nada para impedir e os comerciantes usam e abusam do "direito" de vender álcool para nossos jovens se envenenarem e em poucos anos se tornarem cachaceiros dependentes, e em seguida doentes crônicos.
        Observamos que desde muitos anos, que é prática recorrente dos não índios usarem a bebida como “arma” para fins desonestos e criminosos contra nosso povo. Historicamente a disseminação dessa maléfica droga em nossas aldeias sempre teve a finalidade de desmoralizar, humilhar, ridicularizar, explorar e destruir nossas organizações e comunidades. Evidentemente não concordamos com essa situação deprimente.
        Atualmente as famílias Apinajé estão sendo violentamente destroçadas pelo álcool, e não temos nenhuma iniciativa do poder público para ao menos tentar debater o alcoolismo em nossas aldeias. Esse caso da aldeia Cipozal só foi divulgado pela mídia por que houve um homicídio, entretanto todos os dias tomamos conhecimento de algum tipo de violência em alguma aldeia envolvendo gente alcoolizada, especialmente nos dias de recebimento de salários, infelizmente nunca vimos nenhum vendedor de cachaça desses ser ao menos advertido por autoridade alguma.
        Cobramos do delegado de Tocantinópolis/TO, Dr. Thiago Daniel de Morais, que esse fato seja rigorosamente investigado e todos culpados levados à responder na Justiça; inclusive os não índios vendedores (comerciantes locais) e compradores (traficantes) de bebidas alcoólicas, todos devem ser investigados, julgados e punidos.
 

                                                                                                          Terra Apinajé, 22 de Janeiro de 2015

Associação União das Aldeias Apinaje-PEMPXÀ

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