25 de set. de 2017

ORGANIZAÇÃO

POVO APINAJÉ REALIZA VIII ASSEMBLEIA GERAL DA ASSOCIAÇÃO PEMPXÀ


Plenária da VIII Assembleia da Pempxà. (foto: João Palmeiras APA-TO. Set. de 2017)

Cerimonial no pátio da aldeia Irepxi. (foto: Antonio Veríssimo. Set. 2017)

No período de 18 a 22 de setembro de 2017 realizamos na aldeia Irepxi a VIII Assembleia Geral da Associação Pempxà, que contou com as presenças de caciques, anciãos, mulheres, crianças, jovens, professores, estudantes (acadêmicos), Agentes de Saúde e demais lideranças, somando mais de 250 participantes.

A exemplo de outras assembleias contamos (sempre) com as honrosas presenças desses parceiros e aliados da causa indígena, Dom Giovane Pereira de Melo e Pe. Miguel vieram representar a Diocese de Tocantinópolis, Laudovina Pereira e Eliane Franco Martins, compareceram representando a Pastoral Conselho Indigenista Missionário-CIMI e João Palmeiras veio de Augustinópolis -TO, representar a ONG, Alternativa para Pequena Agricultura do Tocantins APA-TO.

O Centro de Trabalho de Indigenista - CTI e Associação Wyty Cate dos Povos Timbira de Maranhão e Tocantins, foram convidados mas não enviaram representes e nem responderam nossos e-mails.

A Fundação Nacional do Índio – FUNAI foi representada por Eduardo Biagioni da SEGAT/CR de Palmas e Patrícia Moojen da CTL de Tocantinópolis. Alexandre Conde Coordenador do Prev-Fogo nas TIs. Apinajé e Krahô, compareceu para representar o IBAMA.
Liderança apresenta mapa elaborado em parceria com o CIMI. (foto: João Palmeiras. APA-TO. Set. 2017)

A Universidade Federal de Tocantins - UFT, Campus de Tocantinópolis foi convidada, e também não enviou nenhuma representação.

Como já era esperado nessa assembleia destacamos a destruição e o desprezo pela vida do Planeta Terra e apontamos o acelerado desmatamento e a multiplicação das queimadas especialmente nos Biomas Amazônia e no Cerrado, como fatores responsáveis por essa calamidade ambiental, que afeta a fauna e flora e degrada os mananciais de águas.
Crianças Apinajé, ajudam combater fogo próximo à aldeia. (foto: Antonio Veríssimo. Set. 2017)

O fato é que o próprio homem é o responsável direto pelos incêndios que a cada ano se propaga com mais facilidade e maior poder de ameaçar e destruir o meio ambiente e a vida das pessoas. Durante os debates, Alexandre Conde apresentou matérias jornalísticas da imprensa mostrando a luta e as dificuldades dos Brigadistas do Prev -Fogo tentando controlar incêndios que nessa época se propagam por várias regiões do Brasil. Ressaltando que no governo de Michel Temer as Brigadas do Prev -Fogo foram reduzidas pela metade. 

Voltando as atenções para a TI Apinajé, concluímos que a situação por aqui também é preocupante e de extrema gravidade. Segundo informações do Prev-Fogo 60% do território Apinajé já foi consumido pelo fogo. Os caciques decidiram elaborar um Termo de Responsabilidade do uso do fogo que foi assinado e doravante deverá ser rigorosamente respeitado e cumprido por todas os indivíduos e comunidades.

No entanto o mais grave ainda é o “fogo” destruidor e vergonhoso da corrupção, da ganancia, dos retrocessos, do ódio e da intolerância que vem se propagando e ameaçando a paz, o meio ambiente, as liberdades e os direitos humanos da sociedade brasileira. Esse fogo que está retirando os direitos indígenas conquistados as custas de muito suor, sangue e lágrimas. Concluímos que essa chama corrupta e maligna que incendeia o ambiente democrático, sufoca e contamina as instituições do país também é muito perigosa.
Lideranças conversam em frente a sede da Pempxà. (foto: Antonio Veríssimo: Set. 2017) 
 Além dos problemas das queimadas, o Território Apinajé, continua sofrendo com sistemáticas invasões de pescadores, caçadores, exploradores de madeiras e outros ilícitos. Este é o resultado do abandono e sucateamento da FUNAI, órgão governamental vinculado ao Ministério da Justiça - MJ, que deveria ser aparelhado para efetivar as demarcações, proteção e fiscalização das TIs no país. Mas, infelizmente está acontecendo o contrário.

A TI Apinajé está cercada pelos municípios de Tocantinópolis, Maurilandia, São Bento e Cachoeirinha localizados no Norte de Tocantins, e cada vez mais vem sofrendo pressão ambiental e social provocada também por grandes empreendimentos como as rodovias Belém-Brasília, Transamazônica (BR  230), TO 126 e 210, Ferrovia Norte-Sul, linhas de transmissão de energia da empresa Energisa, UHE Estreito e desmatamentos no entorno. Existe a previsão de construção de mais hidrelétricas, e expansão do plantio de grãos e eucaliptos nesta região.
  
Durante a assembleia as lideranças apresentaram aos caciques relatos, fotos e vídeos mostrando caçadores não-índios flagrados dentro da TI Apinajé, portando armas e animais abatidos. Este foi o resultado das ações de monitoramento da TI realizado na região limítrofe ao rio Tocantins, por Agentes Indígenas de Monitoramento no final de agosto e inicio de setembro. Mas, essas ações não substituem o Estado e as obrigações constitucionais da União de fiscalizar e proteger a TI.
Caçadores flagrados na TI Apinajé. (foto: Euclides Ribeiro Apinagé. Set. 2017)

Alertamos que em qualquer ação indígena de monitoramento e vigilância de uma TI invadida, sempre existe os riscos de conflitos violentos com invasores. Assim o governo brasileiro poderá ser responsabilizado diretamente se algum confronto violento voltar acontecer e pessoas perderem a vida na TI Apinajé.

Pela nossa atuação em prol do desenvolvimento sustentável, solidário, territorial e na garantia de direitos humanos, sociais e políticas públicas, durante a Assembleia o Bispo Diocesano de Tocantinópolis, Dom Giovane Pereira de Melo, entregou ao novo presidente da Associação Pempxà Luís Dias Sousa Apinagé, o Prêmio Odair Firmino de Solidariedade, da Cáritas Brasileira.

No dia 22/09, após a escolha da nova diretoria da Associação Pempxà aconteceu o encerramento da assembleia. O próximo encontro de caciques, será nos dias 05 e 06 de outubro na aldeia Botica, no qual será debatido o Plano de Trabalho do PBA Timbira 2018.  Lembrando que nos dias 23 a 26 de novembro, será realizado na aldeia Patizal, 0 3º Encontro Tocantinense de Agroecologia.


Terra Indígena Apinajé, 25 de setembro de 2017


Associação União das Aldeias Apinajé - Pempxà     

4 comentários:

  1. É de extrema relevância essa discussão e organização social politico em relação ao território Panhi Apinajé - Sem ela não como os panhijaja sobreviver e executar atividades socioculturais que vinham praticando a muito tempo e ainda pratica atualmente.... Parabéns a todos os envolvidos e principalmente os participantes... mex kumrex. Júlio Kamêr

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    1. Bem, amigo Júlio, nossa discussão política, cultural e ambiental na assembleia foi importante para todos Apinajé, só faltou você. Mas acreditamos que participará da próxima reunião de caciques. Torcemos para que tenha sucessos nos estudos. Boa sorte!

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  2. Assembleias como esse é sempre boas construções politicas sociais, devemos primordialmente orienta los nossos menywjê ( jovens) para continuar com essa luta continua.

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  3. Aos cacique : Tôe ... Ka m~e akuprõ n~e amnh~i xyrpê - M~e paxyrpê pahkra pahtàmnh`y kukamã ajamaxp~er n~e axp~en ma ja na mex.

    M~e paxyrpê panhõ pyka xyrpê amaxp~er ja na mex. Ka m~e akuprõ n~e axp~en ma pam~e akarõ pumu n~e ixk~in n~e.
    Tã ja pix.

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