24 de jun. de 2017

CONFLITO

O EMPRESÁRIO GILMAR GONÇALVES CARVALHO DESCUMPRE ACORDO E VOLTA DESMATAR ENTORNO DA TI APINAJÉ

O empresário Gilmar Gonçalves Carvalho, proprietário da empresa AGRONORTE localizada em Tocantinópolis, Norte de Tocantins, retomou as atividades em área desmatada na Fazenda Dona Maria, limite Oeste da Terra Apinajé, próximo a Cidade de Nazaré. 

A referida área havia sido desmatada em 2015, e após mobilização da comunidade, em junho deste mesmo ano, houve reunião  na aldeia Patizal com o proprietário. Na ocasião, após manifestação dos caciques contraria as atividades no entorno da área Apinajé, o senhor Gilmar Gonçalves Carvalho decidiu suspender os trabalhos. Entretanto ontem 23/06/2017, após vistorias de rotina na região verificamos novamente tratores em atividade no local. 
           
Avaliamos como perigosa e precipitada a decisão do fazendeiro de voltar a desmatar, ou retomar os trabalhos em área já desmatada cujas atividades já haviam sido suspensas em comum acordo com os caciques. Novamente, vamos tomar as medidas cabíveis denunciando e acionando os órgãos competentes para embargo das atividades na fazenda. Além de descumprir um acordo, o fazendeiro insiste em uma atividade ilegal, sem Estudos de Impacto Ambiental, ou qualquer consulta à nossa comunidade. 

Apesar da advertência, o fazendeiro prefere agir na ilegalidade por conta própria e sem dialogo com a comunidade indígena. Essa também é uma forma de provocação que pode resultar em conflitos e desavenças com vizinhos.

Terra Indígena Apinajé, 24 de junho de 2017

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

19 de jun. de 2017

CULTURA

A PAZ DA LUTA

           Os índios Aymara, que habitam há séculos as margens do lago Titicaca, nos Andes, defendem a necessidade de sete diferentes tipos de paz. A primeira paz é a paz para frente, com seu passado. A arrogante cultura ocidental põe o passado para trás. Os Aymara põem o passado para frente, porque ele é conhecido, lembrado. Se você tem remorsos, dívidas não pagas, culpas, arrependimentos, não está totalmente em paz.
         A segunda é para trás, com seu futuro. Quem está assustado com dívidas a pagar, com emprego incerto, esperando más notícias, tem medo do que virá, não está em paz.
        A terceira é para o lado esquerdo, com seus próximos. Sem a paz familiar, não há paz. A disputa doméstica, o descontentamento com familiares e amigos próximos tira o sentimento de paz.
        A quarta é para o lado direito, com seus vizinhos. Não adianta a paz em casa se, do outro lado da rua, estão a ameaça, a maldição, o descontentamento.
         A quinta paz é para baixo, com a terra em que você pisa, de onde virá o sustento. Se vier tempestade, se o solo secar ou tremer, não haverá paz completa.
          A sexta é para cima. Com os espíritos dos antepassados, com a vontade de Deus. Se você não está em paz com o mundo sobrenatural, espiritual, com a metafísica da sua existência, sua paz fica incompleta.
        A sétima é para dentro de si. Consigo próprio, na saúde do corpo, na lucidez da mente, no prazer do trabalho, na correspondência dos seus amores. Sem paz consigo, você não está em paz.
         No atual mundo global, todos os seres humanos são vizinhos. A paz de cada um, exige o bem estar de cada outro, não importa onde ele estiver no mundo. Hoje, a paz com a terra, deve ser a paz com a Terra, o equilíbrio ecológico é uma condição para a paz. Como não ter remorso sabendo que já perdemos cinco séculos de história? Como ter paz com o futuro, sabendo que estamos despedaçando o mundo? E como ter paz com a família, quando filhos e netos perguntarem o que você fez para evitar a tragédia?
          Por isso, a paz exige luta por um mundo melhor para todos.

Publicado com o titulo “Paz e Lutas”
O Globo – 22 de dezembro de 2007

Artigo extraído do Livro “As Cores da Economia”
Cristovam Buarque

 Brasília-DF, setembro de 2013

5 de jun. de 2017

LUTO

Morre a líder e cacique Maria Ireti Almeida Apinajé

Informamos com profundo pesar e tristeza a todos os parentes (lideranças) indígenas de outros povos do Estado do Tocantins e do Brasil, bem como aos aliados da causa indígena e parceiros ambientalistas e indigenistas, o falecimento de Maria Ireti Almeida Apinagé, ocorrido no último dia 02 de junho de 2017, sexta-feira. O triste fato aconteceu na aldeia Brejinho na Terra Apinajé, onde morava com familiares. As causas ainda não foram totalmente esclarecidas ou determinadas.

Apesar da idade, Maria Ireti Almeida Apinagé, era mulher forte, guerreira e militante incansável da causa indígena. Na condição de mulher indígena, mãe, avó, trabalhadora, conselheira e liderança do povo Apinajé, cumpriu sua missão participando de inúmeras mobilizações e manifestações locais, regionais e nacional em prol da vida dos povos indígenas. Assim Maria Ireti Almeida Apinagé com sua força cultural, sabedoria, simplicidade, conhecimento de causa, sensibilidade e graça divina muito contribuiu com a luta dos povos e do movimento de mulheres indígenas do Estado do Tocantins.

A essa grande lutadora Maria Ireti Almeida Apinagé, temos a dizer que sua caminhada nunca será esquecida e nossa luta jamais abandonada. Seu exemplo de Vida nos inspira, nos dá esperança e nos fortalece para continuarmos lutando por justiça e pelo Bem Viver das presentes e futuras gerações. Descanse em Paz!



                                                    Terra Indígena Apinajé, 05/06/2017



Assoc. União das Aldeias Apinajé-Pempxà