27 de dez. de 2017

MESTRADO

Educação: o meio ambiente e o conhecimento tradicional e acadêmico

Cassiano Apinagé, Mestre em Ciências do Ambiente. (foto: Odair Giraldin/UFT)

A busca persistente pelo conhecimento e o saber é condição fundamental para a evolução da pessoa humana e o desenvolvimento da sociedade em que vive. Por essa razão os povos indígenas e suas lideranças se superam preparando se para enfrentar questões e problemas comuns de suas comunidades, que a cada dia se apresentam cada vez mais desafiadores e difíceis.

Seja para defender seus territórios e suas culturas e, empreender lutas socioculturais e políticas para garantir direitos, seja para buscar uma carreira profissional, os indígenas por conta própria escolhem nas diversas áreas do conhecimento aquilo que gostam e querem seguir na vida.

Assim muitos indígenas estão se organizando e buscando na “educação diferenciada” condições e formas de resistir e garantir sua sobrevivência física e cultural numa conjuntura cada vez mais incerta e ameaçadora. Atualmente pelo esforço próprio alguns indígenas tocantinenses se formaram (ou estão se formando) em medicina, direito, pedagogia e antropologia.

Mas, para os indígenas só o conhecimento técnico e cientifico adquirido nas salas de aulas não basta. Para continuarem existindo num mundo extremamente globalizado, insensível, intolerante, competitivo e desigual esses povos dependem e precisam ficar intimamente ligados à suas origens, tradições, praticas culturais, modos de vida e religiosidades.

Aliás, nesse sentindo a educação formal deveria caminhar junto com a educação tradicional. O processo de ensino da escola formal, ofertada pelo Estado, não pode excluir e negar a forma tradicional indígena de aprender e ensinar. Mas, ambas podem se complementar; ampliando conhecimentos e enriquecendo saberes da diversidade étnica e cultural do país.

As lutas e sacrifícios dos indígenas Apinajé, para se alfabetizar, cursar o ensino fundamental, ensino médio, entrar e se manter numa Universidade não tem sido fácil. As dificuldades e obstáculos que os acadêmicos enfrentam são tantos, que até o momento só um indígena desta etnia conseguiu fazer um Mestrado.

Ter que sair da comunidade e se afastar alguns tempos da família são barreiras que muitos não conseguem vencer. Mas, o caráter, a força de vontade e a determinação de Cassiano Sotero Apinagé, foram decisivos para superar essas dificuldades e obstáculos.  O indígena iniciou seus estudos em março de 2015 e em dezembro de 2017 conseguiu concluir o Curso de Pós-graduação em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins em Porto Nacional - TO.

A apresentação da Dissertação para obtenção do grau Mestre no Curso de Ciências do Ambiente aconteceu no último dia 11/11/2017 na cidade de Palmas - TO. Uma importante conquista não só para o Cassiano, mas, um exemplo e motivação para muitos jovens indígenas que sonham chegar à Universidade e concluir um Mestrado. A comunidade da aldeia São José, aonde nasceu e vive, também saiu vitoriosa, já que Cassiano há mais de 20 anos atua de forma profissional na área da educação junto a seu povo.

Pelo conhecimento que tem de sua cultura, e em razão do respeito na comunidade, Cassiano ainda se destaca como liderança agindo em defesa dos direitos sociais, ambientais e territorial dos Apinajé. Junto com outras líderes sempre se posiciona de forma coerente e decisiva por melhorias e atenção das políticas públicas dos órgãos do Estado para as comunidades Apinajé. 

Neste Curso de pós-graduação em Ciências do Ambiente, Cassiano teve como orientador o Prof. Odair Giraldin, da Universidade Federal do Tocantins-UFT. Esse importante líder contou ainda com apoio da família, e dos amigos indígenas e não-índios, que admiram (os) sua trajetória, respeitam (os) sua postura e acreditam (os) em seu potencial. 


Terra Apinajé, 27 de dezembro de 2017

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

22 de dez. de 2017

EDUCAÇÃO

IFTO oferece dois Cursos para indígenas Apinajé



Em 2016 tivemos os primeiros contatos com professores e acadêmicos do INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TOCANTINS-IFTO, que visitaram a TI. Apinajé. Atendendo o convite do IFTO em 17 de abril deste ano participamos das atividades da Semana dos Povos Indígenas 2017 realizadas no Campus do IFTO de Araguatins -TO. No mês de outubro professores do Campus de Araguatins estiveram na aldeia São José fazendo a abertura das inscrições do Vestibular do IFTO de 2017.

No último dia 19/12/17 na aldeia Cipozal, no município de Tocantinópolis-TO, estivemos reunidos com as Professoras Lucinalva e Cássia e ainda o Professor Miguel, que vieram acompanhados de acadêmicos dos Cursos de Agroecologia e Computação Básica do Campus de Araguatins. Na ocasião os visitantes apresentaram para as lideranças propostas de duas Disciplinas que estão sendo ofertadas para os indígenas Apinajé.

O Curso de Agroecologia propõe trabalhar a parte teórica e pratica do cultivo de hortaliças, reflorestamentos, SAFs e plantio de espécies frutíferas nos quintais, durante as aulas. O Curso propõe ainda analisar amostras de solo e buscar parcerias e apoios da FUNAI e do RURALTINS para aquisição de adubos, sementes e mudas de cupuaçu e cacau. Para o Curso de Computação Básica, teremos aulas sobre manutenção, planilhas; (Excel, Word, Power Point), antivírus, audiovisual e segurança na rede.


A proposta é buscar parceria ainda com a Universidade Federal do Tocantins-UFT e Delegacia Regional de Ensino-DRE de Tocantinópolis para uso pelos alunos dos laboratórios de informática-LABIN da UFT Campus de Tocantinópolis e das Escolas Mãtyk na aldeia São José e Tekator na aldeia Mariazinha.

Os Cursos ofertados serão ministrados pelo IFTO Campus de Colinas e Araguatins; Curso FIC. Os indígenas Apinajé terão 40 vagas para cada Disciplina.


Terra Indígena Apinajé, 21 de dezembro de 2017


Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

EXTRATIVISMO

Encontro de Mulheres Apinajé 
O VI Encontro de Mulheres Apinajé realizado no período de 12 a 16 de dezembro de 2017, na aldeia Bacabinha, TI. Apinajé debateu usos e aproveitamentos da Palmeira babaçu. Ao menos 60 mulheres vindas das aldeias Apinajé participaram das palestras, oficinas de artesanatos, quebra e extração das amêndoas, fabricação do óleo de babaçu e outras atividades agroecológicas.

Esse Encontro foi uma parceria da Associação Pempxà, FUNAI, prefeituras de Cachoeirinha e São Bento do Tocantins. Esse foi mais um importante encontro da agroecologia realizado na TI.Apinajé, e serviu como espaço de intercambio, troca de experiências, transmissão de saberes e desenvolvimento cultural.

Nesse Encontro as lideranças mais idosas, de maneira pratica e natural repassaram aos mais jovens os valores socioambientais definidos nas relações recíprocas existentes com essa palmeira, que há muitos anos utilizamos em nosso dia-a-dia. Assim em cada Encontro aprende se sobre os valores e a importância do babaçu, que num passado recente esteve gravemente ameaçado pela ação dos fazendeiros e grileiros.

Diariamente utilizamos as palhas dessa palmeira para cobrir nossas casas, fazer esteiras e cestos. Das amêndoas tiramos o leite e o óleo. O mesocarpo é uma massa existente na entrecasca e é alimento das caças. Mas, o mesocarpo também já é extraído e processado pelas quebradeiras de coco e é utilizado para fazer mingaus. A parte lenhosa da casca é aproveitada em toda a região para fabricação do carvão vegetal.

Então por essa razão a palmeira babaçu é uma espécie importante que merece atenção especial, e cujo valores ambientais e culturais não podem ser desprezados. De forma altiva a espécie se destaca embelezando as paisagens urbanas e rurais do Norte de Tocantins, Sudeste do Pará e Sul do Maranhão sendo motivo de alegria e orgulho para os povos indígenas, quilombolas e camponeses.

Na cultura das quebradeiras de coco, a palmeira babaçu também já virou música que é cantada para animar nossas lutas e mobilizações. A palmeira ainda é citada em poesias, como no trecho a seguir: “Araguaia, em tuas margens, o colibri beija a flor da ingazeira. A brisa das manhãs é suave, e balança as palhas das palmeiras. Terra de mulher guerreira; menina, morena faceira, quilombola, quebradeira”.

Esperamos que sejam realizados mais Encontros das quebradeiras de coco Apinajé e, como ideia e sugestão da próxima vez convidar também os professores e alunos das Escolas Indígenas Mãtyk e Tekator, afinal de contas esses Encontros são ricos em experiências práticas e conteúdo que podem ser considerados aulas, que sem dúvida contribuirão para o desenvolvimento socioambiental e cultural dos alunos e professores.

Terra Indígena Apinajé, 21 de dezembro de 2017

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

18 de dez. de 2017

CARTA DO 3º ENCONTRO TOCANTINENSE DE AGROECOLOGIA

CARTA DO III ENCONTRO TOCANTINENSE DE AGROECOLOGIA

A terceira edição do Encontro Tocantinense de Agroecologia foi realizado entre os dias 23 e 26 de novembro na Aldeia Cipozal, Terra Indígena (TI) Apinajé, no Tocantins. Confira o documento final:
No  III Encontro Tocantinense de Agroecologia, realizado no período de 23 a 26 de novembro de 2017, na aldeia Cipozal, Terra Indígena Apinajé, município de Tocantinópolis, Tocantins, tivemos relevante participação de povos indígenas, camponeses, quilombolas, quebradeiras de coco e suas organizações representativas vindos de assentamentos, aldeias, quilombos e cidades do Estado do Tocantins. A chegada das caravanas vindas de todas as regiões do Tocantins e de outros Estados à aldeia Cipozal aconteceu na tarde do dia 23.
O III Encontro Tocantinense de Agroecologia é uma importante conquista e realização desses lutadores e lutadoras, protagonistas da resistência camponesa e indígena na região Norte de Tocantins, mais conhecida como “Bico do Papagaio”. Nas décadas de 1970 e 1980 essa região foi palco de intensas lutas dos trabalhadores(as) rurais e das quebradeiras de coco. Naqueles tempos sombrios de violência e opressão, para não entregar essa terra aos latifundiários e ruralistas, nossos povos se organizaram, lutaram e enfrentaram a grilagem, a pistolagem e a violência institucionalizada da ditadura militar.
Nosso povo sabe o que quer. Na mesma época, o povo Apinajé junto com parentes Krahô, Xerente, Kayapó, Xavante e Romkokamekra (Canela), se mobilizaram para lutar, demarcar e garantir parte de seu território tradicional, às custas de muito sacrifício, suor e sangue. Portanto, nossa luta é a mesma, sempre sofremos violências dos grandes por causa de terra. Sempre foi assim nossa história de luta para garantir nosso Cerrado, nosso babaçu, nossas águas e nosso território do Bem Viver para presentes e futuras gerações. O 3º Encontro de Agroecologia é a continuidade e afirmação dessa resistência dos povos do Bico do Papagaio. É incidência política em favor do Bioma Cerrado, da palmeira babaçu, do pequi e do bacuri. E a doação de Vidas pela Vida.
Esses ideais e objetivos das lutas travadas pelos povos indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco e camponeses presentes nesse III Encontro se misturam e se confundem na mesma causa comum. Movidos pelo senso universal do sagrado direito a existência e pela consciência em defesa da vida, buscamos a liberdade; lutando contra a escravidão do corpo e da alma, nos insurgindo contra a violência e a tirania do latifúndio. Queremos um mundo livre de muros e cercas, uma sociedade mais tolerante e um Brasil mais soberano, independente e altivo. Exigimos a demarcação dos territórios indígenas, quilombolas e nos manifestamos contra a corrupção, o abuso de poder e o golpe dos ruralistas. Com essa força e teimosia, nos levantamos em defesa das águas e da vida da Mãe Terra. Enfrentamos juntos as dificuldades e as imposições daqueles que querem nos provocar, dividir e enfraquecer.  
Esse III Encontro é sustentado e alimentado pelas experiências de nossos anciãos, a força de nossa juventude e a esperança de nossas crianças. As diversas oficinas temáticas realizadas significaram trocas de experiências e formas vivas e divertidas de se alegrar, transmitir conhecimentos e desenvolver saberes. Espaço para compartilhar, aprender e ensinar. A união da diversidade, intercâmbio cultural e celebração do Bem Viver. Lugar de pluralidade, de cantoria, de alegria e da amizade. Momento de poesia, de canção e de sabedoria. Encontro do maracá, da sanfona, do violão e do tambor.  Momentos únicos de magia e simpatia das mulheres guerreiras, meninas morenas, indígenas, quilombolas e quebradeiras. Encontro de celebrar a mística da terra para plantar, do sol para brilhar, do vento para soprar, das águas para molhar e dos povos para revolucionar.
A labuta incansável e diária das mulheres indígenas é a mesma das mulheres quilombolas e quebradeiras de coco; sofredoras na mesma dor, mas também guerreiras e batalhadoras que nunca se entregaram e se deixaram escravizar por ninguém.  Como a própria Mãe Terra, mulheres são geradoras da vida e reparadoras, que fazem brotar das cinzas a vida que foi queimada e destruída. Senhora absolutas da fertilidade e animadoras da esperança. Mulheres, presentes no lar, na política, nas salas de aulas, na roça, nas artes e na luta social. Mulheres valentes e presentes no 3º Encontro Tocantinense de Agroecologia.
Nossa relação e diálogo com a natureza é de Paz, harmonia e reciprocidade. Nesse encontro, vozes proféticas denunciaram as hostilidades e a guerra injusta do agronegócio contra a Mãe Terra. Repudiamos o uso do veneno nas plantações, a expansão das monoculturas de soja e eucaliptos, o desmatamento, os incêndios florestais e os assassinatos de ativistas e ambientalistas; práticas criminosas e desprezíveis atribuídas aos ruralistas que devem ser combatidas.
Os empresários do agronegócio não conseguem compreender a natureza que pede socorro e precisa viver. Alguns homens interromperam de vez sua ligação com os elementos vitais do Planeta e o sagrado, de forma ingrata não querem mais conhecer e valorizar a chuva. Insensatos se recusam a ouvir e sentir a voz do vento. Arrogantes, ignoram e não querem ver a luz e o brilho do sol. Imprudentes, envenenam as águas. A falta de sabedoria os leva a desprezar a espiritualidade da terra aonde pisam. Tudo isso movidos pela lógica do desenvolvimento econômico, da acumulação de capital e da cegueira em busca de lucros sem limites. Por causa do dinheiro, essa classe político-empresarial despreza princípios e valores humanos, esquece de Deus e perde a razão.
Diante dessas ofensivas, a própria natureza está reagindo para ser respeitada e ouvida. Antes que o Sol responda, nos perguntamos: Quantos rios precisam secar para que entendam e parem de desmatar? Até que aprendam o sentido do Bem Viver, quantas árvores atingidas pela ação criminosa dos tratores irão morrer? Quanta hipocrisia e mentiras irão ser repetidas a todo momento, antes de afirmarem a verdade declarando que veneno não é alimento?
Continuaremos firmes na prática da produção sustentável de alimentos agroecológicos, pois o ato de se alimentar é celebração da vida. No fortalecimento e garantia da Segurança Alimentar e Nutricional dos povos e suas comunidades. Defendemos a recuperação de áreas degradadas e proteção dos mananciais de águas. Estaremos sempre pró ativos participando da Campanha em Defesa do Cerrado e contra o desmatamento e o MATOPIBA. Nossos povos continuarão sempre atentos e mobilizados contra os projetos de hidrelétricas planejados nas bacias dos rios Tocantins e Araguaia, que afetam e ameaçam povos indígenas, ribeirinhos e camponeses. Esse desafio é nosso!
Enfim, esse foi o Encontro da pluralidade de ideias e pensamentos, da afirmação étnica, da diversidade cultural, das sementes, do artesanato, das expressões corporais, das pinturas, das artes, danças, corridas de toras, atividades que fizeram parte das apresentações agroecológicas e culturais do III Encontro Tocantinense de Agroecologia. Momentos que vão ficar na história e na memória dos participantes desse Encontro.
Aldeia Cipozal, Terra Indígena Apinajé, 26 de setembro de 2017.
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12 de dez. de 2017

FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA

Informes sobre o Fórum Mundial da Água e  sobre o Fórum Alternativo Mundial da Água

Aspecto do Ribeirão Botica na TI. Apinajé. (foto: Antonio Veríssimo. Set. 2017)

1.  O 8° Fórum Mundial da Água – FMA acontecerá em Brasília entre os dias 18 a 23 de março de 2018. O Fórum Mundial da Água terá todo o apoio do governo local (GDF) e do governo federal através da Agencia Nacional de Águas - ANA. Estimam-se reunir em torno de 30 mil pessoas (empresários e representantes de governos e das instituições da ONU entre outros) em Brasília.

2. O evento é organizado pelo Conselho Mundial da Água, instituição que reúne cerca de 400 organismos internacionais, governamentais, da sociedade civil, do setor privado e da academia. Essas entidades estão espalhadas por aproximadamente 70 países. Além destes, figuram como membros do Conselho, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura - FAO, o Banco Mundial; o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos - ONU-HABITAT e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC recebeu em janeiro de 2017 o estatuto de membro-observador.

3.    Pode-se ler no sitio oficial do FMA que o “evento contribui para os diálogos que orientam processos decisórios globais sobre o uso racional e sustentável da água”. Dizem também que o “evento que reunirá os principais especialistas, gestores e organismos envolvidos na gestão e preservação dos recursos hídricos do planeta”. Porém, o FMA e o Conselho Mundial da Água, são vinculados a organizações privadas, em especial as grandes corporações multinacionais, que tem como meta impulsionar a mercantilização da água; a intensificação das práticas de transposição de bacias hidrográficas privilegiando o atendimento das demandas por água a qualquer preço em detrimento da sua gestão; a construção de barragens para os mais variados fins afetando de forma significativa populações ribeirinhas sem considerar impactos sociais e culturais; a apropriação e controle dos aquíferos subterrâneos; entre outros.

4. Em função deste diagnostico e apesar da publicidade ideológica contrária, afirmamos (as organizações religiosas e os movimentos sociais e sindicais do Brasil) que: a) o FMA será um grande mercado de água, hegemonizado pelas grandes corporações como a Coca-Cola, a BUNG, a MONSANT, a SUES etc.; b) que os interesses destas empresas são de apropriação das reservas de água para gerar lucros extraordinários; c) que esta prática impõe fortes impactos financeiros e restrições de acesso à população de todo o mundo, afetando, sobretudo as populações e povos tradicionais mais pobres e d) que o Conselho Mundial da Água não tem legitimidade pra para entregar às Corporações privadas a água que é um bem comum.  

5. Da mesma maneira que ocorreu durante a realização dos outros FMA, as organizações sociais e populares representantes dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade organizarão no Brasil o Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA. No momento atual, estamos em processo inicial de preparação. Portanto com alguns avanços e algumas lacunas a serem resolvido. O objetivo do FAMA é questionar a privatização da água, do saneamento básico, dos recursos naturais e a exploração deles por grandes empresas. Além disso, visa denunciar a ilegitimidade do Conselho Mundial da Água.

6. O FAMA está sendo gestado a partir de uma coordenação Nacional, articulada com organizações Internacionais. Estão sendo criados Comitês Estaduais. Por ser um grupo amplo e diverso, há contradições na metodologia e mesmo na proposição de ações. Mas conseguiu-se conciliar as ações para os dias 17 a 22/03/2017, sendo o dia 22/03 – Dia de mobilização em Defesa das Águas. Os temas ainda estão sendo definidos. Mas é importante deliberar a partir de nossa realidade local articulados com os temas nacionais. Os temas nacionais serão definidos até final do mês de novembro. Para os espaços de discussão e mobilização é importante a comunicação e a sistematização.

7.    Importante nesse processo:

a)    Criar e fortalecer os comitês estaduais permanentes, propositivos e não só para a discussão pontual, que seja um esforço coletivo que será levado a frente posteriormente ao FAMA.
b)   Fazer um grande evento de massas paralelo ao fórum oficial, para isso é fundamental a participação do nosso campo de articulação que debate o tema da água, articulando algumas ações em Brasília, mas fortalecer as ações locais.
c)     Mobilizar a sociedade para defender a água como bem público que não deve estar sob o controle de meia dúzia de empresas
d)  Desenvolver debates, ações locais contra a apropriação e privatização das águas, sistematizar os conflitos e experiências na defesa das águas, elaborando um dossiê.
e)    Envolver todas as organizações que tem acúmulo nas ações de resistência, sistematização, produção de conhecimento.




Sistematização: Vanderlei Martini (Cáritas), Isolete Wichinieski (CPT).

MEIO AMBIENTE

ATIVISTAS DO WWF VISITAM A REGIÃO DO MATOPIBA

Ativistas do WWF conhecem mananciais de águas na aldeia Patizal. (foto: Antonio Veríssimo. Nov. 2017)

A visita à região acontece entre o final de novembro e início de dezembro de 2017. Nesta ocasião os ativistas do WWF se encontram com lideranças indígenas, quilombolas e pequenos trabalhadores rurais para tratar sobre o avanço do PDA Matopiba e as ameaças que esse projeto representa para essas comunidades e seus territórios. A exemplo da primeira vez, a comitiva do WWF visita cidades, fazendas, assentamentos, pequenos produtores rurais, comunidades indígenas e quilombolas nos Estados de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, região de abrangência do Matopiba. Os ativistas que compõem a comitiva querem saber ainda como acontece o cultivo de grãos (especialmente a soja) nessa região de Cerrado. A visita a aldeia Patizal, na terra indígena Apinajé, localizada no Norte de Tocantins ocorreu na manhã do dia 27/11/17, segunda-feira.


Associação União das Aldeias Apinajé - Pempxà

7 de dez. de 2017

AGROEXTRATIVISMO


        O VI Encontro das Mulheres Apinajé será realizado no período de 12 a 16 de dezembro de 2017 na aldeia Bacabinha, no município de Tocantinópolis - TO. O Encontro debaterá as práticas, os usos e aproveitamentos da palmeira babaçu nas comunidades Apinajé. Esse é mais um evento realizado povo Apinajé, desta vez em parceria com as prefeituras de Maurilândia e Cachoeirinha.