23 de abr. de 2022

SAÚDE

NOTA PÚBLICA SOBRE O ATENDIMENTO À SAÚDE INDÍGENA APINAJÉ

Na última quarta-feira, 20 de abril de 2022 o indígena Elias Salvador Apinajé, que mora na aldeia Prata no município de Tocantinópolis deu entrada na Emergência do Hospital SINAI em Palmas sendo encaminhado para (UTI) Unidade de Terapia Intensiva daquela Unidade hospitalar com sintomas de doença respiratória grave e suspeita de tuberculose. Segundo informações divulgadas pelo Hospital o paciente Elias Salvador Apinajé, encontra se na UTI entubado em estado gravíssimo.  

No mês de janeiro de 2022 a indígena Ivaneide Dias Laranja Apinaje teve o diagnóstico de tuberculose confirmado através de exames e avaliações da Enfermeira e do Médico da Equipe Multidisciplinar que atua na área. Na ocasião a Enfermeira e o Médico fizeram pedidos de exames para todos os familiares e outras pessoas que tiveram contatos próximos com a paciente (Ivaneide). E no dia 31 de março foi solicitado com urgência exames laboratoriais, mas até este momento os gestores do Polo Base Indígena-PBI/SESAI de Tocantinópolis negligenciaram esses casos não realizando exames solicitados pela própria Equipe que atua área.

Esse caso dessa doença respiratória (tuberculose) dessa paciente confirmado na aldeia Prata e também o caso do Elias que se encontra internado em Palmas com sintomas parecidos preocupa a comunidade indígena por vários motivos. Em primeiro lugar pelo alto risco de infecções de muitas pessoas por tuberculose se não forem realizados exames e diagnósticos das pessoas que apresentarem sintomas. E existe o risco de mais pessoas estarem sendo infectadas sem saber.

Ainda pelo fato que no dia 17 de fevereiro desse ano o senhor Quirino Dias Apinajé ancião da aldeia Prata faleceu após ficar internado por alguns dias no Hospital Regional de Augustinópolis com os mesmos sintomas. No caso da morte desse paciente idoso a Certidão de óbito declara que foi “pneumonia” e água nos pulmões, as causas do óbito. Assim é possível suspeitar que a comunidade esteja sendo atingida por um surto de tuberculose. Isso precisa ser investigado pelas autoridades Médicas e sanitárias.

A aldeia Prata está localizada próximo divisa Oeste da terra indígena nas proximidades da rodovia TO 210. Aproximadamente 250 pessoas vivem na comunidade, a maioria crianças e adolescentes. A situação da estrutura de saneamento básico em geral é insuficiente e precária no território Apinajé e na maioria das aldeias não existem banheiros. Além de não dispor de banheiros, a aldeia Prata está localizada à beira do ribeirão em cujas margens existem outras aldeias superpopulosas localizadas acima.

Em março a comunidade já estava com mais de mês sem água tratada para consumo em razão de falta de manutenção da uma bomba que é responsabilidade do DSEI/SESAI. Naquela ocasião a comunidade realizou protestos que resultou na apreensão de uma viatura do PBI para chamar atenção das autoridades sobre essa situação. A viatura foi liberada após a gestão do PBI efetuar reparos e consertos no equipamento.

Diante dessa situação de precariedade sanitária as pessoas que vivem na comunidade nessas condições estão correndo sérios riscos de serem contaminadas ou infectadas também por doenças infeciosas causadas pela água contaminada. Perante essa situação a Equipe Multidisciplinar deve atuar de forma preventiva e qualquer caso de doença que surgir deve ser imediatamente investigado; e os pacientes precisam ser melhores acompanhados, examinados e tratados. Mas, infelizmente verificamos muita demora, lentidão e negligencia dos servidores e colaboradores que atua no PBI de Tocantinópolis. Esse atendimento precisa melhorar.

As constantes trocas de Enfermeiras de áreas por ordens da Chefe do PBI (Responsável Técnica) vem prejudicando os acompanhamentos necessários dos pacientes que necessitam de atenção especial como gestantes, recém nascidos, hipertensos, diabéticos e outros. Existem muitas queixas dos pacientes que se sentem prejudicados e reclamam da demora no atendimentos devido poucos profissionais que atuam. Constatamos ainda a insuficiência do transporte, já que o PBI só dispõe de duas viaturas para atender 64 aldeias, sendo uma viatura para atender casos de emergências, e outra para demandas internas do PBI.

 

Terra Apinajé, 23 de abril de 2022

 

Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

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