10 de mar. de 2023

FORMAÇÃO

Atividades de Formação de Jovens Guardiãs e Guardiões na Aldeia Prata, território Apinajé, no Norte do Tocantins


Nos meses de janeiro e fevereiro de 2023, a Associação Indígena Apinajé PYKA MÉX realizou diversas atividades visando a formação de jovens Guardiãs e Guardiões Apinajé. Estas atividades ocorreram no âmbito da execução do Projeto “Formação de novas gerações de Guardiãs e Guardiões Apinajé e o monitoramento territorial”, apoiado pelo ISPN.

Cerca de 20 jovens da comunidade da Aldeia Prata e 13 de outras aldeias (entre homens e mulheres, meninos e meninas) participaram de expedições para o reconhecimento dos limites da TI Apinajé, nos entornos da Aldeia Prata e expedições para conhecerem nascentes e cabeceiras de ribeirões dentro do território. Nestas andadas foram guiados e guiadas por anciões e anciãs e lideranças do povo Apinajé e, por meio de conversas com esses mestres e mestras dos saberes tradicionais, puderam aprender mais sobre as histórias de seu povo, de seu território, conheceram plantas medicinais, locais tradicionais de caça, pesca, coleta de frutas e sementes etc. Presenciaram, ainda, violações ao território, como desmatamentos, retirada de cascalho, invasões , usos indevidos da terra etc.

Para além das expedições, rodas de conversa com os anciões, as anciãs da Aldeia Prata e das aldeias convidadas e lideranças do povo Apinajé, nas quais ouviram as histórias de seu povo, da luta pela demarcação, de outras lutas passadas e presentes, ouviram explicações sobre o modo de vida tradicional Apinajé e sua cultura. A presença do cantor Alexandre Apinajé, com suas histórias e cantorias ao longo das caminhadas e durante diversos momentos da atividade, enriqueceram ainda mais essa vivência dos jovens.

Sintetizando todas essas atividades, os jovens participaram, ainda, de Oficinas de elaboração de mapas mentais, com base no que viram e ouviram, qualificando os desenhos dos caminhos com legendas e informações apreendidas naqueles dias de formação. Grupos de jovens eram orientados pelos mais velhos e mais velhas que os ajudavam a qualificar seus desenhos.



Esse conjunto de atividades ocorreram entre os dias 27 de janeiro 24 de fevereiro de 2023 e contou com a parceria do Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e a Coordenação Local (CTL) da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) de Tocantinópolis - TO.

Após a expedição, uma roda de conversa com anciãs, anciões e lideranças do povo Apinajé. Na sequência: Joel Dias, cacique da Aldeia Prata e presidente da Pyka Méx, Cleuza Nhíro, da Aldeia Irepxi, “seu” José Ribamar, da Aldeia Aldeinha, o cantor “Alexandre Apinajé” e Oscar Wahnme, da Aldeia Mangal, jovem e importante liderança do povo Apinajé.

A primeira oficina de elaboração de mapas mentais qualificados com as informações vistas ouvidas e vividas durante as andadas por uma parte dos limites da TI, nas proximidades da Aldeia Prata, e a apresentação dos resultados.

Os jovens realizaram Expedições saindo da Aldeia Aldeinha para conhecer as nascentes de córregos e ribeirões que formam o Ribeirão São José e para conhecer onde surge o Ribeirão da Prata, no encontro do São José com o Ribeirão Bacaba, nas proximidades da Aldeia Gôgrire.



Segunda Oficina de produção de mapas mentais e a apresentação dos resultados: desenhos dos grupos sobre as cabeceiras e nascentes que formam o Ribeirão da Prata.

Roda de conversa com as jovens e importantes lideranças Oscar Wahnme, da Aldeia Mangal, e Edmar Krãnkênh Xavito, da Aldeia Patizal. Os dois organizaram expedições para monitorar, juntamente com Guardiões Apinajé mais experientes da Aldeia Prata, os limites e as entradas da TI Apinajé – nestas expedições testemunharam diversos ilícitos e violações no território, sobretudo desmatamentos e retirada ilegal de madeira. Em seguida, alguns dos Guardiões que estiveram nas expedições de monitoramento mostraram fotos dos flagrantes e contaram um pouco sobre a experiência. Em destaque: Marcelino Dias, Vanderlan Apor e Márcio Tepkryt. Estas expedições também foram apoiadas pela Pyka Méx, no âmbito da execução do projeto.


Após a apresentação dos Guardiões, o encerramento das atividades foi feito com falas de lideranças, anciãs e anciões do povo Apinajé que lamentaram o que está ocorrendo na TI Apinajé, mas destacaram a importância de formações como a que estava se encerrando para garantir o fortalecimento da luta e para capacitar as futuras gerações para defenderem seu território, sua cultura, seus direitos. Em destaque Alan Katam Kaàk, vice-presidente da Pyka Méx, “dona” Terezinha Sindor, da Aldeia Aldeinha, Luzimar, também da Aldeia Aldeinha e o fechamento com o cacique Joel Dias.

Segue mais algumas imagens da expedição de reconhecimento dos limites da TI Apinajé nos entornos da Aldeia Prata, passando por setores de roça, locais de antigas propriedades de não indígenas e o povoado do Jenipapo, que ficavam dentro do território Apinajé antes da demarcação em 1985 – a divisa com fazendas, com o povoado Passarinho e a TO 210.




















Imagens: Ricardo Eiji Murakami, acervo Pyka Méx.

Terra Apinajé, Março de 2023