A CONSERVAÇÃO DAS SEMENTES E A SEGURANÇA ALIMENTAR DO POVO APINAJÉ
Família Apinajé da aldeia Brejinho, realizando serviços de limpeza e tratos culturais em roça da comunidade. (foto: Iran Veríssimo Apinagé. fev. 2015) |
Em 2014 com recursos
do Programa Básico Ambiental – Timbira continuamos realizando nossos pequenos
projetos de roças iniciados em 2013, onde plantamos diversos produtos da
agricultura familiar. Também estamos disseminando e multiplicando as sementes
crioulas adquiridas dos camponeses do Bico do Papagaio e nas Feiras de Sementes
dos povos Caiapó e Krahô.
Em nossas pequenas roças
familiares nosso povo produz não só alimentos; mais também reproduzimos nossas
práticas tradicionais transmitindo conhecimentos e saberes ancestral sobre o
plantio, à conservação de sementes e os cuidados com a terra e a água para
nossos filhos e netos. As atividades e serviços nas roças envolvem todos membros da família.
Nosso principal investimento
tem sido no plantio de mandioca, feijão, banana, milho e arroz visando garantir
a Segurança Alimentar e Nutricional das comunidades em médio prazo. Mesmo sem acompanhamento
e assistência técnica do RURALTINS e sem o apoio financeiro dos Governos Municipal,
Estadual e/ou Federal, com poucos recursos do PBA-Timbira, estamos lutando para
revitalizar e fortalecer as roças familiares direcionadas para cultivo
consorciado desses produtos adaptadas às condições climáticas e ao solo de nossa
região.
Entretanto a total ausência de
apoio governamental para apoiar as roças tradicionais, aliada à falta de chuvas
e as secas prolongadas que estão ocorrendo no Estado do Tocantins, já
comprometem e ameaçam diretamente a produção de alimentos nas aldeias indígenas.
Se as Mudanças Climáticas podem piorar a situação da escassez de alimentos e a
falta de água potável para os não-índios; para as populações indígenas o
problema é mais grave e complicado.
Alertamos que o desmatamento das florestas e do cerrado, a
degradação das nascentes e a falta de planejamento urbano constituem um
importante fator de agravamento dos eventos de seca e enchentes que estão atingindo nosso País nos últimos anos. Observamos que a cíclica ausência de
Saneamento Básico e a falta d’água potável que antes atingia somente as
populações mais empobrecidas das favelas metropolitanas do País, os pobres
sertanejos do semi-árido nordestino e as populações ribeirinhas da Amazônia, agora
é experimentada também pelas populações de classe média das metrópoles do
Sudeste do Brasil.
Esse é mais um
importante motivo de preocupação com a garantia de alimentação e a conservação
de nossos mananciais hídricos para presentes e futuras gerações. Se nada for
feito, é bem provável que teremos num futuro próximo graves crises de falta de
alimentos e água potável, situação que podem evoluir para agravar os
recorrentes e violentos conflitos sociais e ambientais em curso envolvendo os grandes
produtores rurais, as empresas e as populações camponesas e indígenas do Brasil.
Terra Apinajé, 19 de fevereiro de 2015
Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ
Nenhum comentário:
Postar um comentário