Educação: o meio ambiente e o conhecimento tradicional e acadêmico
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Cassiano Apinagé, Mestre em Ciências do Ambiente. (foto: Odair Giraldin/UFT) |
Seja para
defender seus territórios e suas culturas e, empreender lutas socioculturais e
políticas para garantir direitos, seja para buscar uma carreira profissional, os
indígenas por conta própria escolhem nas diversas áreas do conhecimento aquilo
que gostam e querem seguir na vida.
Assim muitos indígenas estão se organizando e buscando na “educação diferenciada” condições e formas de resistir e garantir sua sobrevivência física e cultural numa conjuntura cada vez mais incerta e ameaçadora. Atualmente pelo esforço próprio alguns indígenas tocantinenses se formaram (ou estão se formando) em medicina, direito, pedagogia e antropologia.
Assim muitos indígenas estão se organizando e buscando na “educação diferenciada” condições e formas de resistir e garantir sua sobrevivência física e cultural numa conjuntura cada vez mais incerta e ameaçadora. Atualmente pelo esforço próprio alguns indígenas tocantinenses se formaram (ou estão se formando) em medicina, direito, pedagogia e antropologia.
Mas, para os
indígenas só o conhecimento técnico e cientifico adquirido nas salas de aulas
não basta. Para continuarem existindo num mundo extremamente globalizado, insensível,
intolerante, competitivo e desigual esses povos dependem e precisam ficar
intimamente ligados à suas origens, tradições, praticas culturais, modos de
vida e religiosidades.
Aliás, nesse
sentindo a educação formal deveria caminhar junto com a educação tradicional. O
processo de ensino da escola formal, ofertada pelo Estado, não pode excluir e
negar a forma tradicional indígena de aprender e ensinar. Mas, ambas podem se complementar;
ampliando conhecimentos e enriquecendo saberes da diversidade étnica e
cultural do país.
As lutas e sacrifícios
dos indígenas Apinajé, para se alfabetizar, cursar o ensino fundamental, ensino
médio, entrar e se manter numa Universidade não tem sido fácil. As dificuldades
e obstáculos que os acadêmicos enfrentam são tantos, que até o momento só um
indígena desta etnia conseguiu fazer um Mestrado.
Ter que sair
da comunidade e se afastar alguns tempos da família são barreiras que muitos
não conseguem vencer. Mas, o caráter, a força de vontade e a determinação de
Cassiano Sotero Apinagé, foram decisivos para superar essas dificuldades e
obstáculos. O indígena iniciou seus
estudos em março de 2015 e em dezembro de 2017 conseguiu concluir o Curso de
Pós-graduação em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins em
Porto Nacional - TO.
A
apresentação da Dissertação para obtenção do grau Mestre no Curso de Ciências
do Ambiente aconteceu no último dia 11/11/2017 na cidade de Palmas - TO. Uma
importante conquista não só para o Cassiano, mas, um exemplo e motivação para
muitos jovens indígenas que sonham chegar à Universidade e concluir um
Mestrado. A comunidade da aldeia São José, aonde nasceu e vive, também saiu vitoriosa,
já que Cassiano há mais de 20 anos atua de forma profissional na área da
educação junto a seu povo.
Pelo
conhecimento que tem de sua cultura, e em razão do respeito na comunidade,
Cassiano ainda se destaca como liderança agindo em defesa dos direitos sociais, ambientais e territorial dos
Apinajé. Junto com outras líderes sempre se posiciona de forma coerente e
decisiva por melhorias e atenção das políticas públicas dos órgãos do Estado
para as comunidades Apinajé.
Neste Curso de pós-graduação em Ciências do Ambiente, Cassiano teve como orientador o Prof. Odair Giraldin, da Universidade Federal do Tocantins-UFT. Esse importante líder contou ainda com apoio da família, e dos amigos indígenas e não-índios, que admiram (os) sua trajetória, respeitam (os) sua postura e acreditam (os) em seu potencial.
Neste Curso de pós-graduação em Ciências do Ambiente, Cassiano teve como orientador o Prof. Odair Giraldin, da Universidade Federal do Tocantins-UFT. Esse importante líder contou ainda com apoio da família, e dos amigos indígenas e não-índios, que admiram (os) sua trajetória, respeitam (os) sua postura e acreditam (os) em seu potencial.
Terra Apinajé, 27 de dezembro de 2017
Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà