Durante o II Encontro e Troca de Sementes lideranças
Apinajé, debateram aspectos do passado, do presente e o futuro das sementes
tradicionais para a produção orgânica e a agroecologia
O II Encontro aconteceu na comunidade (indígena) Aldeinha, na zona rural do município de Tocantinópolis. Este II Encontro e Troca de Sementes foi realizado com apoio das
Prefeituras de Maurilândia, São Bento do Tocantins, FUNAI e Associação Pempxà.
Ao menos 60 lideranças indígenas participaram desse Encontro, que contou ainda
com participação de alunos e Professores da UFT Campus de Tocantinópolis, além
da FUNAI/CTL, representada por João Batista da Silva Filho e Patrícia Moojen.
Os líderes debateram a importância das
sementes crioulas para plantio e manutenção das roças tradicionais.
Especialmente as mulheres Apinajé manifestaram muita preocupação com as
perdas das sementes tradicionais que eram usadas antigamente pelos avós. Apesar
dessas perdas, “ainda existem algumas
variedades que guardamos e conservamos de geração em geração” afirmou
Valdeci Dias Apinajé, líder da aldeia Cipozal.
Foram apresentadas pelos participantes
diversas espécies e variedades de sementes de feijão, abobora, quiabo, maxixe, melancia, milho, fava, arroz,
gergelim, caju e outras. As lideranças reconheceram que nesse período muitas
sementes já foram plantadas, mesmo assim trouxeram algumas sementes para fazer
a troca com outros parentes. Creusa Fernandes Apinajé, da aldeia Irepxi,
comentou sobre a importância desse Encontro para melhorar, fortalecer e
diversificar nossas roças: “na minha roça
sempre planto diversas variedades de inhames, batatas, mandiocas, macaxeira, e quero
conseguir outras espécies”.
Os participantes debateram o monopólio
das grandes empresas que se apropriaram e passaram a dominar e controlar o
mercado de sementes, nos obrigando compra sementes todos os anos, pois essas
sementes adquiridas no mercado não servem pra plantar no ano seguinte. “Tudo é pensado pra escravizar os pequenos,
e deixar nos cada vez mais dependentes do mercado de sementes transgênicas, dos
adubos químicos e agrotóxicos”. Afirmou Antonio Veríssimo, líder (representante) da aldeia
Cocalinho.
Os líderes elogiaram e comentaram a
importância da ‘Casa de Sementes’ que está sendo implantada na aldeia Cocalinho com a finalidade de fazer coleta, seleção, guarda e conservação das sementes tradicionais (crioulas). As
sementes de espécies nativas do Cerrado também serão coletadas, catalogadas e
conservadas nesta ‘Casa de Sementes’ que está sendo construída na aldeia
Cocalinho. A conclusão do Projeto está previsto para final de janeiro de 2020.
Os participantes avaliaram como
positivo e afirmativo esses Encontros para conversas, troca de sementes e
experiências. Doravante outros Encontros como esse serão organizados e realizados
nas aldeias pra debater a situação e guarda das sementes, produção de orgânicos
e a agroecologia. Os lideranças sugeriram para os próximos Encontros que sejam
convidados representantes de povos indígenas, quilombolas e camponeses da
região. Ainda destacaram a importância de ouvir as histórias, (mitos) e narrativas sobre as sementes contadas pelos anciãos e mais idosos do povo
Apinajé.
Terra Indígena Apinajé, 22 de
dezembro de 2019
Associação
União das Aldeias Apinajé-Pempxà
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