MANIFESTO DA ASSOCIAÇÃO PEMPXÀ CONTRA REABERTURA DAS AULAS PRESENCIAIS NA UFT
Ao Sua
Excelência o Sr
Luís Eduardo
Bovolato
Reitor da
Universidade Federal do Tocantins
Campus de
Tocantinópolis-TO
Senhor Reitor;
Cumprimento o cordialmente em nome do
povo Apinajé, diante da atual crise de COVID-19 que está ameaçando e infectando
milhares de indígenas no país e no Tocantins, viemos manifestar nossa
preocupação e contrariedade com a proposta de reabertura das aulas presenciais
na Universidade Federal de Tocantins, Campus de Tocantinópolis.
Considerando que no momento no
Estado de Tocantins, encontram se muitos pessoas não-índios infectados
resultando em muitos óbitos nas cidades de Palmas, Araguaína, Gurupi e outras. Que
atualmente a quantidade de infecções não param crescer também nas cidades do
entorno e vizinhas da Terra Apinajé. Que no final de agosto, (28/08) tivemos o
1º caso de um (a) estudante indígena de Universidade particular que foi
infectada na cidade de Araguaína.
Ainda, que a maioria das terras
indígenas do Estado de Tocantins a situação das infecções e mortes por COVID-19
ainda é crítica e não estão sob controle. Que diante dessa situação de pandemia
estamos em alertas, seguindo as orientações e protocolos das autoridades
sanitárias, realizando ações preventivas nas Barreiras Sanitárias implantadas e
mantidas nas principais estradas de acesso às aldeias São José e Mariazinha, e
também fazendo esclarecimentos sobre os risco e perigos dessa doença pra nossas
famílias; especialmente os anciãos e crianças. Com essas medidas preventivas
que realizamos até agora, só podemos recuar e afrouxar nossas ações quando
diminuir essa crise e riscos pra nosso povo.
O Boletim Epidemiológico do
MS/SESAI/DSEI-TO de 08/09/2020 informa que nas terras indígenas do Tocantins
existem 45 suspeitos, 766 casos confirmados, 419 foram descartados, 349 casos
estão ativos, 407 indígenas se recuperaram e ocorreram 08 óbitos. Portanto o
atual quadro inspira cuidados e ainda não oferece segurança pra pessoas (indígenas)
se reunirem mesmo com uso de máscaras e outros cuidados.
Portanto em razão dessa situação,
nossos Estudantes indígenas do Curso de Educação do Campo não concordamos com
reabertura das aulas presenciais proposto pela Universidade Federal de
Tocantins-UFT, Campus de Tocantinópolis nesse momento em razão do risco de infecção
de estudantes. Entendemos que nesse momento mais crítico precisamos continuar
nos resguardando pra evitar que o COVID-19 venha infectar também nosso povo
dentro das aldeias. Informamos que, só concordamos em voltar às aulas
presenciais com segurança, sem ameaças e riscos de infecções, em razão da
situação de exposição e aglomeração de pessoas em sala de aula.
Estamos à disposição para
esclarecimentos e informações adicionais. Esperamos ser compreendidos e
atendidos em nossas ponderações.
Terra indígena Apinajé, 09/09/2020
Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà
Olá, boa tarde!
ResponderExcluirEsta carta foi encaminhada diretamente ao reitor? Se não, sugiro que encaminhem para ele, assim como para a Direção da UFT - Tocantinópolis. Esse posicionamento é bastante importante e precisa ser divulgado na comunidade acadêmica.
Boa tarde. Parabenizo pela iniciativa da escrita da Carta. É muitíssimo importante termos conhecimento do vosso posicionamento. Informo, no entanto, que não há por parte da UFT e do Câmpus de Tocantinópolis uma proposta de retorno presencial das aulas na crise COVID-19. Somos solidários e concordamos em relação ao não retorno presencial na crise COVID-19 tanto para estudantes indígenas e para todxs os outros estudantes. Agradeço a atenção e estou à disposição para continuarmos a conversa.
ResponderExcluirQue as autoridades, em especial o reitor de Tocantinópolis, possam se solidarizar com este apelo. Afinal, o aumento dos casos de Covid no Estado do Tocantins se deu após outros Estados apresentarem o caso da doença. Dessa maneira, os cuidados de contenção da doença por agora, devem ser mais cautelosos.
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