MOBILIZAÇÃO
CARTA ABERTA DO POVO
APINAJÉ À SOCIEDADE
Em conformidade com os encaminhamentos
da reunião realizada no dia 28 de dezembro de 2014 na Escola Estadual Indígena
Mãtyk, na aldeia São José, para tratar da questão do desmatamento no entorno
desta terra indígena, na ocasião elaboramos e divulgamos o documento: MANIFESTO DO POVO APINAJÉ, CONTRA O
DESMATAMENTO DO CERRADO E O PLANTIO DE EUCALIPTOS, neste documento
estabelecemos o prazo de 15 dias para que a FUNAI, IBAMA, MPF-AGA e o NATURATINS resolvessem o problema;
anulando as licenças, e embargando de forma definitiva o desmatamento.
Comunicamos
que; após 17 dias da divulgação do manifesto não tivemos nenhuma resposta por
parte desses órgãos públicos. Entretanto
neste período assistimos com indignação nosso patrimônio ambiental; local de
coletas de frutas, remédios, caça e pesca, e nossas nascentes de águas serem
destruídas pelos tratores, especialmente na localidade Góes localizada a
menos de quinhentos (500) metros da aldeia São José, a principal aldeia
Apinajé, distante 18 km de Tocantinópolis. Na reunião ocorrida nesta aldeia em
28/12/14, todos (caciques e lideranças) manifestamos total contrariedade e oposição
a qualquer atividade de desmatamento, plantio de eucalipto e/ou carvoarias no entorno
de nosso território, já demarcado, e na área reivindicada.
Nestes termos, viemos a público comunicar à
sociedade civil, à imprensa, aos órgãos da administração pública municipal, Estadual
e Federal (citados acima) diretamente envolvidos, e as demais autoridades de
Tocantinópolis/TO e região, que a partir
de hoje dia 15/01/15, estaremos manifestando e protestando de forma pacifica no
local do desmatamento, e no trevo da BR 230 (antiga transamazônica) com a
finalidade de chamar atenção dos órgãos públicos acima mencionados,
responsáveis pelo acompanhamento da discussão do componente indígena, e dos Processos
de Licenciamentos dos referidos empreendimentos na terra Apinajé.
Advertimos
que se alguma violência: na forma de ameaças, agressão verbal, física,
espancamento, prisão, morte, e qualquer tentativa de criminalizar e/ou cercear
nosso direito de manifestar e protestar em defesa de nosso patrimônio, o Estado
Brasileiro, as empresas e os órgãos públicos deve ser responsabilizados e culpados
pelo que vier ocorrer. Alertamos que apesar da violência e da gravidade desses
crimes ambientais, promovidos por empreendimentos
extremamente contraditórios e conflitantes com os valores e a cultura de nosso
povo, mesmo assim, constatamos total morosidade e falta de interesses das
autoridades, em ao menos tentar (dialogar) e resolver a questão.
Entendemos que os trâmites legais seguidos
nos processos de licenciamentos de empreendimentos desse porte não estão sendo
cumpridos e nem observados pelo Instituto
Natureza do Tocantins-NATURATINS o “órgão licenciador” deste Estado; um órgão corrompido, viciado e inútil, cuja competência tem sido somente liberar licenças para empresas madeireiras, carvoeiras e plantadeiras de eucaliptos. Lamentavelmente,
nunca vimos esse órgão ambiental do Estado do Tocantins, fiscalizar nada e/ou
punir ninguém, a sua função tem sido mesmo só emitir licenças ambientais para
desmatar o cerrado e florestas em favor de empresas forasteiras e depredadoras
de nossa fauna, flora, e poluidoras das águas.
Alertamos também
que as mencionadas áreas do entorno que estão sendo desmatadas de forma
irregular, são parte de nosso Território Tradicional que não foram incluídas na
demarcação em 1985, e que agora estão sendo totalmente destruída para o plantio
de eucaliptos, soja, carvoarias e/ou pastagens. Dessa forma cobramos da
Fundação Nacional do Índio-FUNAI à revisão de limites e a imediata
regularização fundiária dessa parte de nossa terra.
Diante dos fatos expostos, exigimos:
a) Imediata
presença das autoridades representantes do IBAMA, FUNAI, MPF-AGA e do
NATURATINS principais órgãos responsáveis e envolvidas nos processos de
licenciamentos de empreendimentos que estão ameaçando afetando a Terra Apinajé;
b)
A cassação e anulação das licenças ambientais que foram emitidas de forma
irregular pelo NATURATINS em favor das empresas (e/de pessoas) para desmatar
parte de nossa área reivindicada, e o embargo definitivo dessas atividades;
c)
Que o Instituto Natureza do Tocantins-NATURATINS seja desautorizado e
impedido de emitir novas licenças ambientais para desmatar essas áreas próximas
a nossa terra e aldeias;
d) Pedimos urgência da Fundação Nacional do Índio-FUNAI/BSB e CRAT de Palmas, na reabertura e retomada do processo de
demarcação e regularização fundiária da área Apinajé II, (Gameleira) que não
foi incluída na demarcação ocorrida em 1985;
e)
Solicitamos
urgência da Fundação Nacional do Índio-FUNAI/BSB e CRAT de PALMAS/TO, na
efetivação das Ações Emergenciais de Fiscalização e Proteção Territorial da
Terra Apinajé.
Terra
Indígena Apinajé. 15/01/2015
Associação União das Aldeias
Apinaje-PEMPXÀ
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