Áreas de cerrado na terra indígena Apinajé, flora e fauna, ameaçadas pelas queimadas. (foto: Antônio Veríssimo. mar. 2012) |
Todos os anos no período de julho a setembro, milhares de hectares
de campos (cerrados) e florestas do território Apinajé são
consumidos pelo fogo. Esses incêndios ocorrem na época de estiagem,
justamente no momento da florada dos pequizeiros, cajueiros,
bacurizeiros, buritizeiros e outras árvores e palmeiras do cerrado.
O resultado é um grande desastre ambiental que se repete todos os
anos, causando irreversíveis danos à fauna e a flora da área
indígena.
Cajueiros com flores sob ameaças do fogo. (foto: Antônio Veríssimo. jul. 2013) |
A fumaça e fuligem liberada pelas queimadas do cerrado e florestas
também causam sérios problemas de doenças respiratórias nas
pessoas. Especialmente as crianças recém-nascidas são acometidas
por pneumonias, cansaços, febres, dor de cabeça e dor nos olhos. As
comunidades indígenas também ficam prejudicadas com a escassez de
frutas como o pequi, buriti, bacuri, bacaba, puçá, mangaba e caju,
que todos os anos estão sendo destruídas pelo fogo implacável.
Fogueiras acessas por caçadores, podem provocar mortese destruição na área indígena. (foto: Antônio Veríssimo. Set. 2011)
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Alguns animais vagarosos, como é o caso dos gambás, lagartos,
tamanduás, preguiças, cobras e jabutis são vitimas direta do fogo.
Os filhotes de raposa, cutias, veados, emas, quatis, jaós,
periquitos e papagaios quando não são queimados, morrem sufocados
pela fumaça. As espécies sobreviventes são expulsas para longe
pelo fogo e por falta de alimentos.
Sabemos que os incêndios que ocorrem na área indígena na maioria
das vezes são provocados intencionalmente por invasores; caçadores,
arrendatários de pastos e roças. Antigamente os próprios indígenas
colocavam fogo nos campos para facilitar a mobilidade durante as
caçadas e até hoje alguns indígenas insistem nessas práticas
equivocadas.
Estamos nos preparando para enfrentar essa situação, no ano
passado foi realizado pela Funai e a ONG Bombeiros Sem Fronteiras o 1º
treinamento e capacitação do GPI- Grupo de Prevenção Indígenas, para atuar no controle,
conscientização, prevenção e combate aos incêndios florestais na
área Apinajé. Isso pode ser o começo das mudanças de
comportamentos e práticas com relação ao uso do fogo. Doravante
deverão ser feitos aceiros antes da queima das roças e os caçadores
já estão sendo orientados pelo GPI a não tocar fogo nas
chapadas. A ONG Bombeiros Sem Fronteiras é vinculada à ONU- Organização das Nações Unidas.
Queimadas as margens da rodovia TO 126, no município de Tocantinópolis (TO). (foto: Antônio Veríssimo. set. 2012) |
As prefeituras de Tocantinópolis, Maurilândia, São Bento do
Tocantins e Cachoeirinha devem também fazer algo para evitar que
esses desastres se repitam. Que tal os gestores desses municípios
usarem parte do ICMS Ecológico, para ajudar prevenir e combater as
queimadas criminosas e sem controle que estão destruindo nosso bioma
cerrado. Precisamos estabelecer essas novas relações e parcerias
para preparar e capacitar os jovens indígenas que serão multiplicadores
nas aldeias. No momento estamos tentando uma reunião com o prefeito de Tocantinópolis (TO), Fabion Gomes de Sousa, para tratar desse assunto.
Terra indígena Apinajé, 09 de julho de 2013.
Associação União das Aldeias Apinajé- PEMPXÀ
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