SEMINÁRIO REALIZADO NA TERRA INDÍGENA APINAJÉ, DEBATE INCIDÊNCIA POLÍTICA E ELEIÇÕES 2018
Com finalidades de esclarecer sobre o
Processo Eleitoral em curso no país, realizamos o Seminário: Incidência
Política e Eleições 2018, que aconteceu na aldeia São José, na Terra Indígena
Apinajé, município de Tocantinópolis, Norte de Tocantins.
Preocupados com a falta de informações sobre o Processo Eleitoral 2018, organizamos e realizamos esse
Seminário na aldeia São José com finalidades de esclarecer e informar sobre as
Eleições 2018, que acontecerão em outubro próximo. A realização do Seminário foi uma iniciativa das lideranças e caciques e teve apoio e assessoria do Conselho Indigenista Missionário-CIMI, Regional Goiás e Tocantins. Ao menos 96 lideranças e caciques vindos de 20 aldeias da T.I. Apinajé participaram do Seminário.
Neste Seminário conversamos, sobre a
organização dos três poderes da República e como funciona o Estado brasileiro. Debatemos
sobre as ideologias e práticas dos partidos políticos. A grande quantidade
siglas e criação de novos partidos políticos foi criticada pelos participantes. Avaliamos
que os políticos perderam a noção e o bom senso por que não defendem ideias e
políticas sérias para a população, mas sim privilégios, corrupções, vantagens e
riquezas para seus grupos políticos e familiares.
Avaliamos ainda que no decorrer das
últimas eleições temos sido manipulados e induzidos a votar em políticos
inimigos das causas ambiental e indígena.
Num processo eleitoral confuso, muitos indígenas se deixam usar e acabam
votando em opositores políticos declarados dos povos e dos direitos indígenas.
A alertamos ainda sobre crimes eleitorais, especialmente a recorrente pratica (criminosa)
da compra de votos nas aldeias.
Debatemos e conhecemos com maiores detalhes a atuação
política dos Parlamentares Federais autores das 33 proposições contrárias aos
direitos indígenas que tramitam no Congresso Nacional. A ofensiva do poder
legislativo contra os indígenas é composta por 16 Projetos de Decretos
Legislativos da Câmara, 09 Projetos de lei (PL), 02 Projetos de Lei
Complementar (PLP) e Proposta de Emendas à Constituição (PEC).
Das 33 proposições contra os direitos
dos indígenas:
- 17 buscam alterar o processo de
demarcação das T.Is.;
- 08 sustam Portarias Declaratórias;
- 06 transferem ao Congresso Nacional
a competência para aprovação das demarcações de terras indígenas;
- 03 autorizam o arrendamentos em terras
indígenas, impedir desapropriações e indenizar invasores que ocupam T.I. após
2013.
Entre as preposições está o PL 2395 de Vicentinho Junior do PSB/TO, que quer modificar a lei nº 6.001/1973, Estatuto do Índio, e quer o agronegócio às terras indígenas. O PL quer "permitir" às comunidades indígenas práticas e atividades agropecuárias e florestais em suas terras.
A principal Proposta de Emenda à Constituição e a PEC
215/00 que é defendida pela bancada ruralista no Congresso Nacional. Essa
bancada é composta por 207 deputados e 32 senadores, Nessa ofensiva contra os
povos indígenas, a bancada ruralista conta ainda com apoio das bancadas
evangélicas e da bala.
O objetivo da PEC 215/00:
- Constitucionalidade de Marco
Temporal;
- Exploração indireta das terras
indígenas;
- Veda a revisão de terras indígenas já
demarcadas;
- Que a demarcação das T.I. seja por
meio de projetos de lei aprovados pelo Congresso Nacional.
A PEC 215/00 é inconstitucional, a 6ª
Câmara da PGR emitiu nota técnica que acusa a PEC 215 de violar o núcleo
essencial de direitos fundamentais, como o direito dos índios às terras
tradicionalmente ocupadas art. 231, CF 88); direito à cultura (arts. 215 e 216
e 231, caput, CF); direito concedido pelo poder constituinte ( Art. 5º, XXXVI,
CF) e direito ao devido processo administrativo (art. 5º, LIV, CF).
Neste Seminário recebemos ainda a
Sra., Maria do Carmo funcionária do TRE-TO, que compareceu na aldeia São José
para entregar aos caciques uma Cartilha bilíngue com esclarecimentos e
informações importantes sobre as Eleições 2018. Essa publicação foi uma parceria do TRE-TO, com o povo Apinajé e teve a participação do professor e
líder Cassiano Sotero Apinagé, na tradução do material para língua Panhi.
No final da tarde tivemos a
apresentação de trabalhos acadêmicos dos Estudantes do Curso de Educação do
Campo, da UFT, Campus de Tocantinópolis. Os (jovens) Estudantes Apinajé, assessorados
por suas professoras e colegas apresentaram trabalhos audiovisuais com duração
de 1 minuto cada, mostrando manifestações da cultura Apinajé, sobre ervas medicinais,
o meio ambiente e a luta dos Apinajé em defesa do Bioma Cerrado.
Terra Indígena Apinajé, 22 de setembro de 2018
Associação
União das Aldeias Apinajé-Pempxà
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