As ameaças e assassinatos de defensores de Direitos Humanos, e de Ativistas da causa ambiental e indígena no Brasil
As recorrentes ameaças e assassinatos
de defensores dos Direitos Humanos, e de ativistas da causa Ambiental e
indígena que atuam no Brasil é uma pratica antiga e muitas pessoas já foram vítimas, ou estão ameaçadas no país. Especialmente lideranças
indígenas, quilombolas, missionários, sindicalista, lideranças do movimento negro e
ambientalistas. Ainda, lideranças de movimentos sociais urbanos que lutam por políticas
públicas de moradias, saneamento básico, saúde e educação nas cidades também vivem
sob constantes ameaças e, sofrendo represálias.
Em todas as situações o Estado
brasileiro sempre tem dificuldades de investigar, esclarecer e punir os
assassinos e mandantes. O não
esclarecimento pelas autoridades dos crimes cometidos contra defensores de
Direitos Humanos e ativistas da causa ambiental e indígena demostra omissão e
falta de vontade política dos Agentes do Estado em dar uma resposta a sociedade
e aos familiares das vítimas. Assim o Estado tem sido absolutamente incompetente,
desinteressado e conivente com esse tipo de crime.
Um recente caso de repercussão nacional
e internacional, o assassinato da Vereadora Marielle Franco, e de seu motorista,
ocorrido na cidade do Rio de Janeiro em 14 de fevereiro de 2018, nunca foi
elucidado. Até agora, oito meses depois nenhum mandante e/ou assassino foi pra
cadeia e as autoridades Policiais, MPF e o Judiciário evitam falar sobre o
assunto. A grande imprensa também se calou e o caso já caiu no esquecimento da
sociedade brasileira. Como diz o ditado
popular “ruim é pra quem morre”. Mas, a pergunta que não pode silenciar, quem
matou Marielle Franco e seu motorista? De nossa parte, continuaremos clamando
por justiça, pedindo a punição do culpados.
Ainda, existem certos casos que os
próprios Agentes do Estado são suspeitos de atuarem no sentido de intimidar,
ameaçar, prender e até assassinar defensores de Direitos Humanos e ativistas da
causa ambiental e Indígena, nestas situações a quem vamos recorrer e pedir
proteção e segurança, se o próprio aparato de segurança do Estado é o principal
suspeito?
Neste contexto, analisamos que as
liberdades individuais, os direitos civis, a dignidade humana e a própria
democracia brasileira estão sob grave ameaça. O fato é que atuar em defesa dos
Direitos Humanos e em prol da causa ambiental e indígena no Brasil é uma missão
muito arriscada e perigosa. No geral os índices de assassinatos, execuções e
desaparecimentos de pessoas (incluindo policiais civis e militares) no campo e
nas cidades assustam, e equivalem os números de um país em guerra civil.
Neste ano de Eleições no Brasil,
vivemos num clima de tensão social preocupante, aonde determinadas pessoas pregam
publicamente o ódio, o fascismo, a intolerância religiosa, política e racial.
Alguns grupos expressam claramente a vontade de perseguir e eliminar
fisicamente os outros que não concordam com suas ideias, opiniões e pensamentos.
A cor da pele, a origem étnica e a condição social também viraram motivos de
preconceito e intolerância em nosso país. As vezes os próprios Agentes do
Estado são responsáveis por essa violência, dessa forma o Brasil viola sua
própria Constituição Federal, negando o fundamento pluriétnico e o caráter multicultural
da sociedade brasileira.
Nos últimos anos, nossa população mais
empobrecida vem sendo cada vez mais oprimida e castigada; nossas conquistas e Direitos
sociais estão sendo suprimidos. A democracia está em risco, a paz social absolutamente
comprometida e, a união nacional gravemente ameaçada. Vivemos num momento
confuso e perturbador. A insegurança, o medo e incertezas marca esse momento da
nação brasileira. Nossas instituições tidas como “democráticas e de direito” estão
sendo contaminadas pela falsidade, fraude e improbidade.
O Estado brasileiro erra ao implementar
medidas de segurança e proteção aos defensores dos Direitos Humanos e ativistas
da causa ambiental e Indígena ameaçados em razão de suas atuações. Existem
casos em que as pessoas ameaçadas de morte são obrigadas mudar de região,
trocar de nome, ficar escondida e longe da família. Essas pessoas ameaçadas
ainda perdem todo vínculo afetivo com seus familiares, e a referencias com suas
comunidades e lutas. Assim o Estado brasileiro afirma claramente sua
incapacidade de proteger as pessoas ameaçadas, e ainda não consegue caçar e nem
deter quem está ameaçando.
As autoridades brasileiras também são
omissas e coniventes ao fechar os olhos diante das graves condições que estão
submetidos e expostos muitos povos indígenas e comunidades quilombolas que lutam
pela demarcação e garantia de seus territórios. Direitos negados, sem esperança,
abandonados, doentes, famintos, escravizados, desterrados e dignidade roubada,
é assim que se sentem muitos povos indígenas e comunidades quilombolas no
Brasil. A negação pelo Estado desses
direitos fundamentais e essenciais à vida desses povos, constitui uma forma perversa
de genocídio.
Mas, quando são solicitadas a dar
explicações as autoridades brasileiras negam essas violações de direitos
humanos. Muitos afirmam de forma categórica que “no Brasil os direitos humanos
são respeitados”, que “não existe ninguém sendo ameaçada ou perseguida”, que
“os assassinos de ativistas dos direitos humanos estão todos na cadeia”, “que
tudo vai ser esclarecido”, que “o meio ambiente está sendo protegido”. Porém
sabemos que isso não verdade. Diante dessa situação alguém deve ser
responsabilizado criminalmente, não podemos ficar culpando só o “Estado”, são
as (pessoas) autoridades que devem responder por essas violações de direitos
humanos.
A grande mídia também tem sua parcela
de culpa e responsabilidade por essa situação no Brasil. Os veículos de comunicação sempre tendem a distorcer,
ocultar, omitir, ou manipular informações em favor dos ricos e poderosos; seus donos,
e patrocinadores. Para driblar esse monopólio, agora estamos recorrendo às
Redes Sociais para fazer chegar à sociedade mundial nossas denúncias e
reclamações.
A comunidade internacional, as
autoridades e as entidades da sociedade civil sensíveis à causa dos Direitos
Humanos, ambiental e indígena devem acompanhar, investigar e pedir apuração de
todas as denúncias de violações dos Direitos Humanos no Brasil. É importante
ainda alertar as autoridades brasileiras para o devido cumprimento de Acordos e
o respeito à legislação internacional; especialmente a Convenção 169 da OIT e a
Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Ressaltando ainda a necessidade de
garantir a segurança, e proteção à integridade física dos ativistas (homens e
mulheres) ameaçados de morte. Assim estaremos de fato reafirmando avanços na
manutenção e no cumprimentos das Leis e, na garantia e efetivação dos Direitos
Humanos no Brasil. De nossa parte, seguiremos na luta para garantir direitos e
justiça social. #NenhumDireitoaMenos!
Terra Indígena Apinajé, 08 de outubro de 2018
Associação
União das Aldeias Apinajé-Pempxà
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