Em Encontro Jovens Apinajé repudiam política genocida de Jair
Bolsonaro
Nós lideranças, mulheres e jovens do povo
Apinajé reunidos no encontro na aldeia Abacaxi, Terra Indígena Apinajé, no
período de 04 a 06 de abril de 2019, debatemos e refletimos os retrocessos que
o atual presidente do Brasil está fazendo contra os direitos indígenas garantidos
na Constituição Federal de 1988.
Repudiamos toda e qualquer mudança
nos nossos direitos. Somos contra a proposta de municipalização da saúde
indígena, porque vai terceirizar a atenção da política de saúde indígena e vai
ficar ainda mais precário o atendimento à saúde indígena. E exigimos respeito
aos nossos direitos, e que continue a saúde indígena com a mesma estrutura
atual do DSEI, da SESAI e no Ministério da Saúde.
A nossa Mãe Terra é quem nos sustenta. A
proposta de arrendamento das terras indígenas para o agronegócio é uma afronta
ao nosso modo de vida e relação de respeito com a natureza, a cultura e o Bem Viver
do nosso povo Apinajé. Por isso, não permitiremos que nossa terra seja
arrendada para o agronegócio.
Exigimos que o governo Bolsonaro,
retorne imediatamente a FUNAI ao Ministério da Justiça, já que, a retirada do
órgão indigenista oficial coloca em grave risco a continuidade da demarcação e a fiscalização dos territórios
indígenas.
Fatiar a FUNAI em dois Ministérios
foi uma afronta a Constituição Federal, e solicitamos que o Ministério Público
Federal entre com uma Ação direta de Inconstitucionalidade contra a MP
870/2019, e devolva a FUNAI ao Ministério da Justiça, com todas suas
atribuições. Como pode a demarcação das terras indígenas ficar nas mãos dos
maiores inimigos dos povos indígenas? A bancada
dos ruralistas sempre reuniu forças no Congresso Nacional, para atacar os
direitos dos povos indígenas, e agora tem em suas mãos o poder de demarcar e
conceder o licenciamento ambiental nos territórios indígenas. Nos povos
indígenas não vamos aceitar essa decisão, que fere os direitos constitucionais
dos povos indígenas.
Vamos defender os nossos direitos e
a nossa terra, para nossos filhos, netos e bisnetos. Vamos proteger a mata, a
água, os animais para as futuras gerações.
Queremos que os artigos 231 e 232
permaneçam íntegros como estão na Constituição Federal de 1988. Nossas
mulheres, caciques e lideranças são conhecedores dos ataques de políticos aos
nossos direitos, por isso, iremos lutar com nossa cultura, com as organizações
sociais aliadas para defender a nosso território.
Não vamos aceitar arrendar a nossa
terra, também não vamos deixar asfaltar as estradas dentro do nosso território
para atender o agronegócio, não vamos aceitar a construção da UHE-Serra
Quebrada que vai alagar, mas de 15 por cento de nosso território. Exigimos que os
governantes do país respeitem a posição do povo Apinajé.
Vamos resistir e lutar contra a
reforma da previdência. É uma proposta que
vai inviabilizar a aposentadoria dos povos indígenas. Exigimos que o regime de
partilha que tem vigorado todos estes anos continue, afim de, garantir esse
benefício social ao que tem direito os povos indígenas de se aposentar com
dignidade. Somos contra o regime de capitalização da previdência social, já que
ele, só vai enriquecer aos bancos e tirar o direito dos povos indígenas de se
aposentar de forma integral, assim como também do povo em geral. Exigimos respeito
aos nossos direitos!
Nenhum direito a menos!
Nossos direitos são
originários!
Aldeia Abacaxi, T.I. Apinajé, 06 de abril de 2019
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