NOTA PÚBLICA SOBRE O ATENDIMENTO À SAÚDE INDÍGENA APINAJÉ
Na última
quarta-feira, 20 de abril de 2022 o indígena Elias Salvador Apinajé, que mora
na aldeia Prata no município de Tocantinópolis deu entrada na Emergência do Hospital
SINAI em Palmas sendo encaminhado para (UTI) Unidade de Terapia Intensiva
daquela Unidade hospitalar com sintomas de doença respiratória grave e suspeita
de tuberculose. Segundo informações divulgadas pelo Hospital o paciente Elias
Salvador Apinajé, encontra se na UTI entubado em estado gravíssimo.
No mês de janeiro de 2022 a indígena Ivaneide Dias Laranja Apinaje teve o diagnóstico de tuberculose confirmado através de exames e avaliações da Enfermeira e do Médico da Equipe Multidisciplinar que atua na área. Na ocasião a Enfermeira e o Médico fizeram pedidos de exames para todos os familiares e outras pessoas que tiveram contatos próximos com a paciente (Ivaneide). E no dia 31 de março foi solicitado com urgência exames laboratoriais, mas até este momento os gestores do Polo Base Indígena-PBI/SESAI de Tocantinópolis negligenciaram esses casos não realizando exames solicitados pela própria Equipe que atua área.
Esse caso
dessa doença respiratória (tuberculose) dessa paciente confirmado na aldeia
Prata e também o caso do Elias que se encontra internado em Palmas com sintomas
parecidos preocupa a comunidade indígena por vários motivos. Em primeiro lugar
pelo alto risco de infecções de muitas pessoas por tuberculose se não forem
realizados exames e diagnósticos das pessoas que apresentarem sintomas. E
existe o risco de mais pessoas estarem sendo infectadas sem saber.
Ainda pelo
fato que no dia 17 de fevereiro desse ano o senhor Quirino Dias Apinajé ancião
da aldeia Prata faleceu após ficar internado por alguns dias no Hospital
Regional de Augustinópolis com os mesmos sintomas. No caso da morte desse
paciente idoso a Certidão de óbito declara que foi “pneumonia” e água nos
pulmões, as causas do óbito. Assim é possível suspeitar que a comunidade esteja
sendo atingida por um surto de tuberculose. Isso precisa ser investigado pelas
autoridades Médicas e sanitárias.
A aldeia
Prata está localizada próximo divisa Oeste da terra indígena nas proximidades
da rodovia TO 210. Aproximadamente 250 pessoas vivem na comunidade, a maioria
crianças e adolescentes. A situação da estrutura de saneamento básico em geral
é insuficiente e precária no território Apinajé e na maioria das aldeias não
existem banheiros. Além de não dispor de banheiros, a aldeia Prata está
localizada à beira do ribeirão em cujas margens existem outras aldeias superpopulosas
localizadas acima.
Em março a
comunidade já estava com mais de mês sem água tratada para consumo em razão de
falta de manutenção da uma bomba que é responsabilidade do DSEI/SESAI. Naquela
ocasião a comunidade realizou protestos que resultou na apreensão de uma
viatura do PBI para chamar atenção das autoridades sobre essa situação. A viatura
foi liberada após a gestão do PBI efetuar reparos e consertos no equipamento.
Diante dessa
situação de precariedade sanitária as pessoas que vivem na comunidade nessas
condições estão correndo sérios riscos de serem contaminadas ou infectadas também
por doenças infeciosas causadas pela água contaminada. Perante essa situação a
Equipe Multidisciplinar deve atuar de forma preventiva e qualquer caso de
doença que surgir deve ser imediatamente investigado; e os pacientes precisam
ser melhores acompanhados, examinados e tratados. Mas, infelizmente verificamos
muita demora, lentidão e negligencia dos servidores e colaboradores que atua no
PBI de Tocantinópolis. Esse atendimento precisa melhorar.
As constantes trocas de Enfermeiras de áreas por ordens da Chefe
do PBI (Responsável Técnica) vem prejudicando os acompanhamentos necessários
dos pacientes que necessitam de atenção especial como gestantes, recém
nascidos, hipertensos, diabéticos e outros. Existem muitas queixas dos
pacientes que se sentem prejudicados e reclamam da demora no atendimentos
devido poucos profissionais que atuam. Constatamos ainda a insuficiência do
transporte, já que o PBI só dispõe de duas viaturas para atender 64 aldeias,
sendo uma viatura para atender casos de emergências, e outra para demandas
internas do PBI.
Terra
Apinajé, 23 de abril de 2022
Associação
União das Aldeias Apinajé-Pempxà
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