29 de out. de 2014

ELEIÇÕES 2014

    ARTICULAR SUA BASE DE SUSTENTAÇÃO NO CONGRESSO PARA GOVERNAR, FAZER A REFORMA POLÍTICA E RESOLVER A QUESTÃO DAS DEMARCAÇÕES E REGULARIZAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS: EIS OS GRANDES DESAFIOS DA PRESIDENTA REELEITA DILMA ROUSSEFF

      Com 54.501.118 votos, representando 51,64% do total das preferencia válidas, foi reeleita para Presidenta da Republica Federativa do Brasil, a senhora Dilma Vana Rousseff, para mais 4 anos de mandato. Na noite do dia 26/10/14, logo após o anuncio dos resultados pelo Tribunal Superior Eleitoral-TSE, em seu pronunciamento oficial, a presidenta reeleita agradeceu os eleitores, o ex-presidente Lula da Silva e os presidentes dos partidos da coligação que a reelegeu. A presidenta afirmou ainda que não acredita que sua reeleição tenha dividido o País, mais entende que esse é um caminho para buscar soluções para melhorar o Brasil por meio do diálogo e da união nacional.
         Esse resultado já era esperado. As pesquisas realizadas e divulgadas pelos Institutos Datafolha e IBOPE na reta final da campanha do 2º turno já sinalizavam uma vitória apertada de Dilma Rousseff, que foi reeleita com margem pequena de votos. A campanha difamatória e mentirosa da mídia e o uso eleitoreiro da questão que envolve a corrupção na Petrobrás contribuíram para esse resultado.
        Durante os dois turnos da campanha politica, observamos seguidas ilações orquestradas por certos setores da imprensa com a finalidade de induzir os eleitores e influenciar os resultados da eleição. O fato mais grave e vergonhoso partiu da Revista Veja que na véspera da eleição antecipou de domingo para sexta-feira sua Edição na qual publicou em matéria de capa acusações sem provas sugerindo envolvimento do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma no suposto escândalo de corrupção na Petrobrás.
       Ainda com a finalidade de gerar alvoroços, tumultos e sentimentos de repulsa do povo contra a candidata Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores, na manhã do dia 26/10/2014, foram divulgadas na internet fofocas e falsas informações dando conta do assassinato de Alberto Yousseff, doleiro preso na Operação Lava Jato, e delator da corrupção na Petrobrás. A Polícia Federal logo tratou de emitir nota desmentindo a notícia mentirosa.
       Utilizar a imprensa para propagar mentiras, calúnias e proferir falsas acusações sem fundamentos e provas é crime e os envolvidos devem ser investigados e punidos na forma da Lei.  Agindo assim os Jornalistas e os veículos de comunicação prestam lastimável desserviço ao País. Felizmente nem a campanha paralela da hipocrisia, da difamação e da calúnia perpetrada pela mídia burguesa e golpista impediram a vitória da Democracia em favor da população mais oprimida e empobrecida do Brasil.

QUESTÃO INDÍGENA: UM DOS DESAFIOS DO 2º MANDATO

       Ressaltamos que no 1º mandato de Dilma Rousseff a questão indígena foi negligenciada pelo governo do PT que se coligou e cedeu às pressões do agronegócio e outros setores econômicos contrários aos direitos das minorias étnicas e raciais do Brasil. Como consequências ocorreram assassinatos, prisões ilegal, despejos, espancamentos, criminalização de lideranças e outras violações de Direitos Humanos. Toda essa violência é atribuída à lentidão do governo para demarcar e regularizar as terras indígenas em questão.
         Reiteramos a continuidade de nossas lutas contra a PEC 215/2000 e outras propostas que tramitam nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário com a finalidade de anular nossos direitos afirmados na Constituição Federal de 1988. Esperamos que desta vez a presidenta reeleita Dilma Rousseff e sua base de sustentação no Congresso Nacional, resolvam à questão das demarcações e regularização dos Territórios Indígenas e Quilombolas. Entendemos que dessa forma evitaremos o acirramento de mais conflitos no campo e as (recorrentes) violações de Direitos Humanos que tanto envergonham nosso País.

Terra Indígena Apinajé 29 de outubro de 2014


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

13 de out. de 2014

RELIGIÃO

Atuação de religiosos nas aldeias Apinajé

As manifestações culturais Apinajé estão sofrendo interferências das religiões. (foto: Odair Giraldin. Jul. de 1996)

Em 1818, foi fundado o povoado de Boa Vista do Tocantins, hoje, Tocantinópolis em Território Apinajé. No ano de 1840, inicia se um longo e influente contato dos representantes da Igreja Católica, com os Apinajé, na época instala se no povoado Frei Francisco de Monte Santo Vitor, missionário italiano da Ordem dos Capuchinhos, designado por Dom Pedro II responsável pela catequese dos Apinajé. Quase um século depois, em 1936, alguns Apinajé fizeram parte da “força armada” arregimentada e “usada” pelo Padre João Lima, com a finalidade de se apoderar da Prefeitura de Boa Vista.

Nos anos 60, vieram os primeiros Missionários da SIL-Summer Institute of Linguistics para atuar junto ao povo Apinajé. Nesse período a missionária Norte-Americana, Patrícia Ham, chegou à aldeia São José, onde permaneceu até o ano de 1995 prestando voluntariamente serviços humanitários de atenção à Saúde, Educação, além de ministrar Cursos Bíblicos e fazer a tradução da Bíblia Sagrada para a língua Apinajé. Logo depois, vieram os missionários(as) da MNTB-Missão Novas Tribos do Brasil que continuam atuando até hoje nas aldeias São José e Mariazinha.

Na década de 70, em plena ditadura militar, Dom Tomás Balduíno, o Padre Egydio, Schwade, e outros religiosos fundaram o Conselho Indigenista Missionário – CIMI, entidade vinculada a Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, com a missão de operar em defesa da causa indígena.   A partir dos anos 80 os missionários do CIMI passaram a atuar de forma permanente na formação política, assessoria jurídica, garantia da terra e apoio à cultura Apinajé. Atualmente essa  Entidade da Igreja Católica continua atuando, e apoiando as lutas e a causa dos Povos Indígenas.

Com a proposta de pregar a palavra de Deus, “evangelizar e salvar” os índios, a partir de 1997 intensificou se o movimento de Pastores e Missionários (as) da Igreja Assembleia de Deus de Araguatins, nas aldeias Cocalinho, Buriti Cumprido e Palmeiras. Essas visitas foram interrompidas em 2007, depois do conflito com não-índios que levou a desativação dessas aldeias. Entretanto desde 2013, Pastores da Igreja Batista de Tocantinópolis, passaram a adentrar e visitar semanalmente todos os sábados, as aldeias; Cocal Grande, Aldeinha e Areia Branca, com o mesmo objetivo.
  
CONCLUSÃO

Não temos nada contra as Igrejas, as religiões e/ou crenças. O que questionamos são os métodos usados para impor às comunidades a pratica de cultos estranhos e diferentes, como se o povo Apinajé não tivesse sua própria religião. Recomendamos que, ao entrar nas aldeias, especialmente os missionários (as) das igrejas evangélicas, devem atentar se para a cultura, as crenças, a fé e as tradições da população local. E suas atuações precisam ser reguladas por um diálogo intercultural, ecumênico e respeitoso.

Se a proposta é “resgatar e salvar” os indígenas, o mais correto seria começar logo resgatar e salvar as Vida dos indivíduos indígenas que estão reféns e vítimas do alcoolismo e de outras sequelas sociais. Por que não apoiar também as lutas da comunidade pela melhoria da Saúde, Educação, pela garantia da terra e da qualidade de Vida?

Compreendemos que, defender a Vida das minorias étnicas historicamente oprimidas e massacradas, significa adotar se uma postura verdadeiramente humana, solidária e fundamentada em valores, e princípios cristãos. Nesse sentido, apoiar as lutas individuais e coletivas dos empobrecidos e excluídos pelo Sagrado Direito de Viver, constitui uma atitude racionalmente correta, socialmente necessária e humanamente justa. Esse é um gesto de solidariedade que deve ser seguido por todos os povos, etnias, culturas, religiões e/ou igrejas.



Terra Indígena Apinajé, 13 de outubro de 2014

Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ

4 de out. de 2014

CULTURA

DOM TOMÁS NO RITUAL DOS ÍNDIOS KRAHÔ
     
Representantes dos Povos Krahô, Apinajé, Xerente e Dom Heriberto,  presentes na Celebração em homenagem à Dom Tomás Balduíno. (foto: CIMI GOTO. Set. 2014)

“Ele está aqui. Eu vi.  Uma pessoa quando morre fica entre nós ele não foi embora. Ele está aqui.  Ele está olhando por nós. São poucos os que ajudam os povos indígenas. Tem que continuar o trabalho, a luta de D. Tomás.”

Gercília Krahô, importante liderança do povo, recebeu, na nova aldeia,  com muito carinho,  parentes e amigos de D. Tomás,  que ela tinha como tio. Para o povo Krahô o tio tem uma relevância tão importante no papel da formação social quanto o pai.

 A homenagem ritual  Amjĩkĩn Pàrcahàc acontece como finalização de luto de um parente e neste caso  seu inesquecível amigo Tomás. Este ritual compreende momentos marcantes de noites acordados embalados pelos cantos no pátio, pinturas corporais, os cortes de cabelos e a corrida com a tora de buriti que simboliza o corpo de D. Tomas.  Esse corpo  pintado e empenado percorre o pátio nos ombros dos indígenas e em seguida  levado a casa de Gercília, onde é envolto em um pano e logo depois despido para que as mulheres possam se despedir através do choro ritual, um lamento profundo de lagrimas e soluços que toca e faz chorar muitos presentes.

“Eu só participo do ritual na igreja de Goiás, se depois puder fazer o ritual dele, em minha aldeia, conforme a nossa  cultura” exigiu Gercília.

O cerrado já se vestia de verde e o rio se tingia de Vermelho para participar desse momento ímpar da memória de um de seus filhos e defensores intransigente e radicalmente comprometido com a diversidade de vida, povos e comunidades originárias deste Brasil central.

Cenário perfeito para um grande e inesquecível acontecimento. Beleza e simplicidade, alegria e lágrimas, gestos profundos de espiritualidade ritual. A celebração da memória de um “kupen”(não indígena) na aldeia é mais do que uma excepcionalidade, é um gesto de reconhecimento da  permanência dentre eles.

PRESENTES E COMPROMISSO
Um dos momentos marcantes do ritual Amjĩkĩn Pàrcahàc foi quando Dom Eugênio, bispo de Goiás entregou à comunidade, através de Gercília umas lembranças de D. Tomás – uma cruz  simbolizando os mártires latino-americanos e uma vistosa estola, que ela imediatamente vestiu. Era mais do que memória. Foi o selado o compromisso da continuidade do trabalho em defesa da vida e dos direitos dos povos indígenas, em especial com os “mehin” (Krahô).

De longe se ouvia a cantoria ritual no centro do pátio da aldeia. Era  o último dia da celebração. Gercília se aproximou de D. Eugênio, e num gesto perdido na noite, carregada de harmonia , revezando silêncios e maravilhoso cantos, tirou o colar que trazia no pescoço e colocou-o no bispo dizendo “Agora você é compadre de D. Tomás”. Umas rápidas palavras e estava selado o compromisso.

D. Eugênio declarou que sempre teve muita admiração por D. Tomás, pelos seus trabalhos, pela sua luta.  Por essa razão estava junto aos Krahô, com o pessoal do Cimi, CPT e outros amigos de D. Tomás. “Simpatizo com a causa indígena e da terra. É preciso defender essa gente e os empobrecidos da terra”. Disse ter achado ótima essa oportunidade de conhecer um pouco mais da cultura indígena.

O MASSACRE CONTINUA
No decorrer dos três dias celebrativos inúmeros depoimentos foram sendo desfilados, todos eles marcados por profunda indignação e revolta, pelas violências, omissões, preconceitos e massacres. Isabel Xerente verberou “ Vão entrar em nossas terras(grandes projetos) para massacrar. Nois vivemos lutando por todos. Tenho essas borduna pra dará na cabeça”.

Vários depoimentos lembraram o avanço do agronegócio, destruindo as matas, poluindo os rios. As monoculturas da soja, do eucalipto, do gado, acaba envenenando  e matando a terra e os animais. Os rios estão secando.

Foi lembrada a brava resistência das comunidades indígenas diante das políticas desenvolvimentistas do atual governo com as rodovias, hidrovias, hidrelétricas, dentre outros. Porém nós indígenas somos a semente e as plantinhas dessa terra. Vamos continuar lutando. Vamos nos unir com os pobres. Vamos lutar unidos.

O povo Krahô, que faz parte da grande nação Timbira, são hoje em torno de 3.200 pessoas  vivendo em 28 aldeias nos municípios de Goiatins e  Itacajá no Tocantins.

Gratidão e alegria. O ritual que marcou o fim do luto de D. Tomás entre os Krahô, também nos traz a certeza de sua presença  e a  continuidade de sua  luta entre nós e      da vitória dos povos originários do país e do continente latino-americano.


Brasília (DF), 01 de outubro de 2014

Cimi GOTO
Egon Heck

1 de out. de 2014

ELEIÇÕES 2014

MPE-TO, TRE-TO, JUSTIÇA ELEITORAL E FUNAI SE REÚNEM COM POVO APINAJÉ
Eleições 2014: A Democracia  nutre nosso espirito de patriotismo e amor pelo Brasil. (foto: Antônio Veríssimo. agosto de 2014)
Uma ação conjunta do TRE, MPE-TO, FUNAI, Polícia Federal, Polícia Militar, Justiça Eleitoral e Juiz de Direito da Comarca de Tocantinópolis, reuniu na noite de 30 de setembro do corrente ano na Escola Estadual Indígena Mãtyk na aldeia São José neste município, os caciques e lideranças Apinajé para esclarecer sobre as regras do Processo Eleitoral e as eleições 2014. A reunião contou também com as presenças do diretor, do supervisor, alunos e professores indígenas e não-indígenas daquela Unidade Escolar.

Dr. Álvaro Lutufo Manzano chefe titular do Ministério Público Eleitoral-MPE no Estado do Tocantins, informou tratar se de reunião especifica para esclarecer sobre o processo eleitoral e que sua função é acompanhar e fiscalizar para que a Eleição 2014 aconteça de forma organizada, pacífica e tranquila também nas aldeias indígenas.

Sobre a segurança das Eleições 2014, o Desembargador e vice presidente/Corregedoria Regional Eleitoral, Dr. Marcos Vilas Boas, garantiu que não vê problemas nas terras indígenas que justifiquem a mobilização de tropas do Exercito Brasileiro para garantir a segurança das eleições deste ano.

O Juiz Eleitoral de Tocantinópolis Dr. Arióstenis Guimarães Vieira, falou em abertura, aproximação e diálogo com a comunidade indígena Apinajé. Afirmou que a Justiça Eleitoral atua para garantir a efetivação dos direitos de todos os cidadãos brasileiros, inclusive dos cidadãos indígenas, que já são partícipes da vida política do Brasil. Alertou sobre as regras e normas em vigor durante o período da votação, inclusive sobre a proibição da venda e consumo de bebidas alcóolicas nos dias 04 e 05/10, próximo sábado e domingo.

Já o Meritíssimo Juiz de Direito Dr. Erivelton Cabral silva da Comarca de Tocantinópolis, ressaltou que as tropas do Exercito Brasileiro não serão mobilizadas para segurança das Eleições 2014, entretanto o MPE, a Justiça Eleitoral, a Polícia Federal e a Polícia Militar estarão atuando com finalidade de garantir a realização uma Eleição tranquila e sem tumultos. Disse que tem interesse em dialogar com a comunidade Apinajé também para discutir outros assuntos inerentes aos direitos individuais, coletivos e a dignidade dos indígenas Apinajé.



Terra Indígena Apinajé 01 de outubro de 2014


Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ