Mulheres Apinajé, Krahô, Karajá Xambioá, Xerente e Canela do Tocantins,
reunidas em Miracema, debatem a questão das Mudanças Climáticas, na vida dos povos indígenas
Mulheres indígenas participantes do Seminário no CTL em Miracema-TO. foto: CIMI GOTO. maio de 2017) |
Partilhamos com tristeza
a situação que vivemos nas nossas aldeias, a morte dos bichos com o agrotóxico
jogado nas lavouras, a falta de caça, a diminuição dos frutos do cerrado, a
falta de água nas aldeias, rios e córregos muito secos, a diminuição das
chuvas, provocando a seca das nossas roças de toco e a diminuição de alimentos.
Estamos preocupadas
porque tudo está ameaçado de morte. Estamos tristes vendo tanta destruição da
Mãe Terra e olhando os animais fugir da morte provocada pelo branco.
E junto com esta situação
que vivemos nas aldeias, estão outras graves ameaças aos nossos territórios que
não nos deixam viver tranquilas e sossegadas nas nossas aldeias.
São as propostas de lei
que estão no Congresso Nacional. Todas elas lideradas pelo agronegócio e os
ruralistas. Principalmente a PEC 215/00 que quer acabar com a demarcação das
terras indígenas, a PEC 237 que propõe abrir as terras indígenas para o
arrendamento ao agronegócio, o PLP 227 que quer criar a lei complementar para
liberar os nossos territórios para construir grandes empreendimentos e tantos
outros projetos de lei que só querem a morte dos indígenas e destruir a nossa
Mãe Terra.
Sabemos que a FUNAI está
sendo acabada pelo governo federal, está sem recursos para a demarcação das
terras indígenas, sem poder fiscalizar e proteger de invasores, que roubam nossas
riquezas. E a constante mudança dos presidentes da FUNAI mostra o descaso e
desrespeito com os povos indígenas e prova que o interesse não é nosso direito
e sim os interesses do agronegócio e das grandes empresas que cobiçam os nossos
territórios.
E assim como nós povos
indígenas, também os direitos do povo brasileiro atualmente estão ameaçados. Principalmente
pelas reformas do governo Temer contra os direitos trabalhistas, da previdência
social e de outros direitos que estão na Constituição Federal e que não estão
sendo respeitados e estão sendo jogados como lixo pelo governo atual.
E para fazer frente a
tanta violência contra os nossos direitos e da nossa Mãe Terra, estamos
reunidas aqui, para juntas, buscar forças na nossa cultura e juntarmos para
conhecer melhor os nossos direitos e defendê-los.
Com a contribuição do Ivo
Poletto, representante do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social
refletirmos sobre os efeitos que estão surgindo na natureza provocados pelo
aquecimento global e que são consequência de um modelo de morte que só busca
produzir, consumir e destruir.
Tudo o que está
acontecendo nas nossas aldeias, de falta de água, diminuição da chuva, morte de
animais e quentura de mais, não é outra coisa que, a terra sofrendo pelo que se
faz com ela. Principalmente com o modelo de agricultura que destrói o nosso
cerrado, que é um bioma importante para todos, porém está quase acabado pelo
agronegócio e suas monoculturas que acabam com as nossas sementes tradicionais
e com o nossos modos tradicionais de produzir e nos alimentar.
Criança Apinajé. (foto: CIMI/GOTO. maio de 2017) |
O rio vai acabar, a mata
vai acabar, os animais vão acabar, tudo vai acabar. E nós não vamos deixar isso
acontecer. Por isso viemos de longe, de nossas aldeias, para dizer para o
branco, para o Kupẽ que não vamos deixar destruir a nossa Mãe Terra. “Nós não
vamos deixar que matem a nossa mãe terra, pois nós somos os guardiões da
natureza”, afirma Gercílha Crukoy Krahô.
Por isso diante de toda
esta desgraça contra os povos indígenas queremos pedir para a sociedade
brasileira que nos juntemos todos na defesa da Mãe Terra, pois com a morte do
nosso Cerrado pelo MATOPIBA e pelo agronegócio não somente nós vamos sofrer,
não só nós vamos passar sede e fome, vamos sofrer todos juntos.
Convidamos a nos unir na
defesa da Mãe Terra, aos Quilombolas, ribeirinhos, camponeses, Quebradeiras de
coco, assentados, e todos os pobres que vivem nas cidades e a todas as pessoas
que se preocupam com a natureza.
Exigimos que demarque com urgência a
terra indígena dos Avá-Canoeiro, sofrimento para acabar com desse povo. Que os deputados respeite os
nossos direitos e não aprove a PEC 215 e 237. Não vamos arrendar a nossa terra
para o agronegócio a nossa terra é não para ser machucada ela é nossa mãe,
nossa terra não esta a venda.
Que o STF julgue a ADI 5.312 para derrubar a Lei Estadual 2.713/2013 que isenta de licenciamento ambiental todos os projetos agrossilvipastoris no estado do Tocantins. Também não queremos que o novo presidente da FUNAI seja um general e sim,uma pessoa comprometida com a questão indígena e priorize a demarcação, proteção e fiscalização das terras indígenas.
Ficamos bastante tristes com que fizeram com os nossos parentes e exigimos que sejam punidos os agressores do povo Gamela e demarcado o território dos nossos parentes.
Que o STF julgue a ADI 5.312 para derrubar a Lei Estadual 2.713/2013 que isenta de licenciamento ambiental todos os projetos agrossilvipastoris no estado do Tocantins. Também não queremos que o novo presidente da FUNAI seja um general e sim,uma pessoa comprometida com a questão indígena e priorize a demarcação, proteção e fiscalização das terras indígenas.
Ficamos bastante tristes com que fizeram com os nossos parentes e exigimos que sejam punidos os agressores do povo Gamela e demarcado o território dos nossos parentes.
Pedimos anulação do relatório da CPI
da FUNAI/INCRA. Repudiamos os
indiciamentos de todas as pessoas que estão sendo acusadas, pois esta CPI
somente está a favor dos ruralistas e do agronegócio.
Demarcação Já!
Miracema
do Tocantins, 18 de maio de 2017.
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