A QUEM INTERESSA A PEC 215?
No dia 5 de outubro de 1988 foi promulgada a
atual Constituição Federal. Em 88, durante a Assembleia Nacional Constituinte,
graças às mobilizações e protestos que os povos indígenas realizaram no
Congresso Nacional, hoje temos nossos direitos reconhecidos e garantidos nos
Art. 231 e 232 da CF-Constituição Federal. Passados exatos 25 anos da promulgação
da CF-Constituição Federal e continuamos mobilizados protestando em Brasília
(DF), desta vez contra a Proposta de Emenda à Constituição ou PEC 215 que propõe
alterar o Art. 231 da CF e transferir a competência de demarcar terras
indígenas do Poder Executivo ao Poder Legislativo. Na prática isso significa um Congresso
Nacional, dominado por um grupo de fazendeiros gananciosos e politicamente
organizados reivindicando (e transferindo) para si próprio a prerrogativa de demarcar
terras indígenas.
Lamentavelmente
estamos sendo vítimas dessa campanha vergonhosa, preconceituosa e racista, perpetrada
por ruralistas e evangélicos, que nos últimos anos passaram a fazer perseguições
e ataques violentos contra nossos direitos constitucionais. O objetivo desses
ataques à Constituição Federal é dificultar e inviabilizar totalmente as
regularizações das terras indígenas e quilombolas, que estão em processo de
reconhecimento e demarcação. Nesse sentido, nos últimos anos, alguns parlamentares
ligados à bancada ruralista- especialmente a senadora Kátia Abreu do PMDB-TO- de
forma perversa e irresponsável, tem usado a tribuna do senado e a imprensa para
atacar também a FUNAI, o CIMI e o MPF.
Argumentando
que o agronegócio é responsável pelo aumento do PIB, alegando o direito à
propriedade e fazendo uma cega defesa do lucro e da acumulação, a Senadora Kátia
Abreu, que também é presidente da CNA, se acha no direito de promover e pregar
o ódio; incitando a violência nas áreas de conflitos, jogando a opinião pública contra as
comunidades indígenas e quilombolas.
Dessa forma temos verificado o acirramentos dos confrontos entre índios,
fazendeiros e policiais, tendo como resultados o aumento dos assassinatos,
espancamentos, invasões de territórios, prisões e ordem de despejo em favor dos
fazendeiros e empresas. Tudo isso com conivência do Governo da Presidenta Dilma
Rousseff.
Por
essas razões agora em outubro de 2013, mês em que CF completa 25 anos, estamos
mobilizados pela defesa, zelo e o cumprimento da Constituição Federal de 88;
também conhecida como Carta Magna do Brasil, clamando que ela seja aplicada em
defesa dos direitos das minorias étnicas das comunidades indígenas e
quilombolas. Assim de Norte a Sul do País estamos mobilizados nas aldeias e nas
cidades protestando, pedindo a anulação e arquivamento de todas as medidas e propostas legislativas contrárias à nossos direitos. Bem como continuaremos mobilizados denunciando as
invasões de nossos territórios pelas empresas madeireiras, mineradoras,
hidrelétricas e do agronegócio. E estamos manifestando também pela melhoria da qualidade
da saúde, educação e segurança alimentar. Não vamos abrir mão de lutar e manifestar pelo bem
comum e o direito à vida das presentes e futuras gerações. Especialmente pelo sagrado
direito de viver em Paz.
Terra
Indígena Apinajé, outubro de 2013.
Associação União das
Aldeias Apinajé-PEMPXÀ
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