CULTURA

PÀRKAPÊ: RITUAL SAGRADO DO POVO APINAJÉ

No final do Pàrkapê, homens prontos para corrida com toras grandes. (foto: Iran Veríssimo Apinagé. Jul. de 2014)

Corrida com toras pequenas. (foto: Iran Veríssimo Apinagé. Jul. de 2014)

Entre os dias 01 a 25 de julho do corrente foi celebrado na Terra Indígena Apinajé, no município de Tocantinópolis, Estado do Tocantins, o tradicional Ritual Pàrkapê, ou Tora Grande como é conhecido. Ao menos 300 pessoas vindas de 12 aldeias Apinajé se reuniram na aldeia Boi Morto para realizar a celebração. Algumas famílias do povo Krahô da aldeia Cachoeira, no município de Itacajá, também participaram.
    Atualmente o Pàrkapê é uma das principais celebrações do povo Apinajé e é realizada para lembrar as pessoas falecidas. Esse é um ritual que envolve todos os familiares e parentes das pessoas homenageadas, que se reúnem para celebrar essa importante cerimonia de encerramento de luto. Esse ano Pàrkapê foi realizado em homenagem a anciã Júlia Corredor Apinajé, de 96 anos que faleceu ano passado.
Cerimonia de corte de cabelo. (foto: Iran Veríssimo Apinagé. Jul. de 2014)

Nos meses de julho e agosto é a época adequada para realizar essa celebração, no qual festejamos sem a chuva, pois a maior parte das atividades acontece ao ar livre em espaços abertos como o pátio da aldeia, as matas e campos. Esse contato direto com a natureza melhora nossas relações de respeito e coexistência com o meio ambiente.  É momento também de afirmar e fortalecer nossas afinidades e vínculos pessoais, familiares e sociais.

A celebração do Pàrkapê,  tem por finalidade reverenciar os mortos, seja criança, adulto ou ancião. O Pàrkapê é um ritual inspirado por sentimentos e expressões, onde são realizadas corridas de toras, corridas de flechas, cantorias, choros, cortes de cabelo e danças em memória das pessoas falecidas e sempre acontece um ano depois que o individuo morre.
Cantoria e dança. (foto: Iran Veríssimo Apinagé. Jul. de 2014)

Para nós, o Pàrkapê significa também um cerimonial sagrado, cheio de mística e espiritualidade, realizado com muita seriedade, pois as toras da palmeira buriti que são cortadas e utilizadas representam as pessoas homenageadas. Por meio desse ritual nossas relações de convivências sociais reguladas por princípios e sentimentos de amizade, alegria, solidariedade, igualdade, humildade, respeito e amor ao próximo, continuam mesmo depois da morte.

Entendemos que a celebração deste ritual é necessária para manutenção e fortalecimento de nossa cultura. Sendo importante a participação e o envolvimento dos jovens, para que os mesmos possam adquirir os saberes e conhecimentos dessa tradição e assim manter nossa identidade étnica e fortalecer nossos valores culturais.


Terra Indígena Apinajé, 29 de julho de 2014.



Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ.

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