30 de ago. de 2019

POLÍTICA

Indígenas pedem a Maia que tramitação da PEC 187 seja barrada na Câmara

Embora não tenha se comprometido com indígenas, o presidente da Câmara criticou a aprovação da proposta na CCJC: “não era o momento”
Rogério Xukuru Kariri pede ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que barre tramitação da PEC 187. Foto: Tiago Miotto/Cimi
Rogério Xukuru Kariri pede ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que barre tramitação da PEC 187. Foto: Tiago Miotto/Cimi
Lideranças indígenas participaram na tarde de ontem (28) de uma reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os indígenas do povo Xukuru Kariri, de Alagoas, pediram a Maia que não instale a Comissão Especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 187, aprovada nesta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJC) da Câmara.
A PEC prevê a permissão para realizar atividades produtivas “agropecuárias e florestais” nas terras demarcadas, e a criação da Comissão Especial seria o próximo passo de sua tramitação. Os povos indígenas são contra a PEC 187 e qualquer outra alteração em seus direitos constitucionais assegurados nos artigos 231 e 232.
Uma análise técnica da Assessoria Jurídica do Cimi aponta que a proposta é inconstitucional. Entre outras razões, a inconstitucionalidade se dá porque os artigos 231 e 232 da Constituição Federal, que tratam dos direitos dos povos indígenas, garantem direitos individuais e coletivos e são, portanto, cláusulas pétreas.
“O conceito de produção para a população indígena não está ligado apenas ao lucro, ao financeiro. A produção indígena é água, é vida, é animais, é planta, é subsistência”
Durante a reunião, no curto tempo de fala que tiveram, os indígenas defenderam que a tramitação da PEC 187 seja interrompida, porque não querem alterações nos seus direitos constitucionais e porque já realizam atividades produtivas em seus territórios, algo que a Constituição já prevê.
“O conceito de produção para a população indígena não está ligado apenas ao lucro, ao financeiro. A produção indígena é água, é vida, é animais, é planta, é subsistência. Isso é produção, isso é economia também”, afirmou ao presidente da Casa o indígena Rogério Xukuru Kariri, de Palmeira dos Índios (AL).
“A questão é que o conceito de produção que a gente tem é diferente do conceito de produção do latifúndio. Nós temos uma concepção diferente”, prosseguiu o Xukuru Kariri. “Precisamos entender que os povos indígenas não são entraves ao progresso. Tudo que se tem numa sociedade não indígena, na indígena também tem. Eu acho que não é nada de mais ser respeitado isso”.
“Nós somos seres humanos também, nós somos gente. E nosso pedido é que não se instale a comissão especial, que perdemos ontem na PEC 187. Se não for instalado, seria um processo extraordinário não somente para os povos indígenas, para essa casa, que estaria mostrando o compromisso com o povo brasileiro”, defendeu o indígena, reforçando o pedido que já havia sido feito por meio de um documento protocolado logo após a votação na CCJC.
Em resposta, Maia fez uma sinalização favorável aos indígenas, mas não se comprometeu com a demanda apresentada pelas lideranças.
“Em relação à PEC que foi aprovada na CCJC, eu avisei na semana passada que não era o momento nem de se aprovar na CCJC. Não quero discutir o mérito, não li a PEC, mas independente do que está escrito na PEC, eu acho que a nossa responsabilidade nos coloca a obrigação de ter um pouco de paciência”, respondeu Maia.
Na semana passada, ele já havia mencionado que não criaria a Comissão Especial da PEC 187 se a proposta pudesse gerar “mais narrativas negativas sobre o Brasil”.
A análise em uma Comissão Especial seria a etapa seguinte de tramitação da PEC 187, depois da qual poderia ir a votação no plenário da Câmara. Após pressão dos indígenas, a votação na CCJC que aprovou a PEC 187 acabou por arquivar a PEC 343, que tramitava apensada à 187 e pretendia abrir as terras indígenas para o arrendamento a fazendeiros e para a exploração de seus “recursos hídricos e minerais”.
“Temos a preocupação de que não devemos pautar projetos que possam piorar ainda mais as polêmicas e os conflitos no Brasil”, disse Maia
Indígenas pediram a Rodrigo Maia que não crie Comissão Especial da PEC 187. Foto: Tiago Miotto/Cimi
Indígenas pediram a Rodrigo Maia que não crie Comissão Especial da PEC 187. Foto: Tiago Miotto/Cimi
Reunião sobre meio ambiente
Os indígenas participaram de uma reunião de Maia com ex-ministros e ministras do Meio Ambiente e organizações da sociedade civil voltada a discutir a situação da Amazônia e a atuação do Congresso em relação ao tema.
Em meio a críticas à postura e ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, Maia afirmou que deve suspender a tramitação de propostas contrárias aos direitos dos povos indígenas e que ataquem a legislação ambiental.
“Temos a preocupação de que não devemos pautar projetos que possam piorar ainda mais as polêmicas e os conflitos no Brasil”, afirmou o presidente da Câmara, que afirmou que buscará um texto “menor, menos polêmico” para o licenciamento ambiental. A proposta que atualmente tramita, o Projeto de Lei 3729/2004, é relatada por Kim Kataguiri (DEM-SP) e considerada um grande retrocesso por diversas organizações e entidades que atuam na área ambiental.
O presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Nilto Tatto (PT-SP), defendeu que a criação de uma Comissão para debater a crise de queimadas e falta de fiscalização ambiental na Amazônia, proposta por Maia, não serve para nada se ataques à legislação ambiental e projetos anti-indígenas seguem avançando no Legislativo.
“Não adianta se criar um espaço para se debater o tema [da crise amazônica] no Congresso se a pauta contra os índios, pela entrada do agronegócio nas Terras Indígenas, a liberação das armas e da caça, a flexibilização da legislação ambiental continuar avançando no paralelo”, afirmou Tatto.
Compartilhar: 

27 de ago. de 2019

NOTA DA APIB

Enquanto a Amazônia arde em chamas, o presidente anti-indígena Jair Bolsonaro segue destilando sua ignorância e racismo contra os povos indígenas do Brasil. Sob o argumento de que somos tutelados pelo estrangeiro, segue pregando sua política genocida, etnocida, anti ecológica e anti-indígena, desta vez, em meio a uma reunião entre governadores em que deveria estar buscando somar esforços por soluções para a Amazônia, e não apregoando ideias retrógradas, equivocadas e perversas, como infelizmente, é de praxe.
Um dos resultados dessa política anti ambiental é justamente o aumento colossal das queimadas no Brasil em 82% no comparativo ao mesmo período do ano passado,  maior alta e também o maior número de registros em 7 anos no país, conforme divulgou o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 
Bolsonaro fala de colonialismo sobre a Amazônia de maneira desonesta, enquanto incita criminosamente as invasões ilegais de nossas terras por parte de madeireiros, garimpeiros, grileiros, esvaziando órgãos ambientais como o IBAMA e o ICMBio, responsáveis pela fiscalização e execução das políticas ambientais, além de promover o desmonte de órgãos e fundos históricos como a FUNAI e o Fundo Amazônia, que poderiam estar sendo utilizados neste momento para mitigar os resultados desses crimes.
Enquanto isso, trata nossa política internacional de maneira amadora, grosseira e irresponsável, envergonha as mães, pais, avós, mulheres e trabalhadores deste país, com sua perversidade sem fim.
Paralelo a isso, em outra trincheira, na Câmara dos Deputados, foi admitida na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados a PEC 187, que permite atividades agropecuárias e florestais em terras indígenas, um verdadeiro retrocesso que só atenderá a ganância sem fim do agronegócio brasileiro, que com seu lobby poderoso, atropela direitos, vidas e o coloca em risco o futuro da humanidade. Esses conjuntos de medidas maléficas, somadas ao desmantelamento de políticas nas mais diversas áreas, de saúde, educação, assistência, segurança e outras, nos jogam à revelia de nossa própria sorte, numa tentativa de nos expulsar mais uma vez de nossa terras e matar nossa cultura. Seguiremos lutando incansavelmente na Comissão Especial criada para analisar o tema.
Precisamos e muito de solidariedade nacional e internacional para enfrentar esse tempo tenebroso. Estamos pedindo toda ajuda e apoio para as instituições nacionais e internacionais para que façam valer a força das Leis, justiça e os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Todos esses conjuntos de dispositivos legais e direitos conquistados foram frutos de muita luta do movimento indígena no Brasil e em todo o mundo, e custaram sangue e vidas de nossas ancestrais e lideranças que por nossa gente tanto lutou tendo em vista os longos períodos de genocídios aos quais fomos submetidos. 
Não abaixaremos a cabeça diante do arbítrio e seguiremos resistindo com nossos corpos e nossas vidas pelos nossos territórios, pelas nossas culturas e pelo futuro do nosso planeta. Não temos plano B. A nossa luta é urgente e coletiva. Reforçamos nosso compromisso e convocamos a todas as mulheres e homens lúcidos que sigam nos apoiando em todas as trincheiras que estão nos sendo impostas. Nas fronteiras, em nossos territórios, de Norte a Sul do país. Nunca foi fácil, mas estamos aqui ainda, e não atoa. Temos a sabedoria dos nossos ancestrais, sabemos resistir e articular. E assim seguiremos fazendo, goste Bolsonaro ou não. 
APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil

MEIO AMBIENTE

“Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo inteiro”, afirmam 118 organizações da sociedade civil
Governo admite descontrole dos focos de incêndio e mente ao dizer que ONGs estariam por trás dos incêndios ilegais
Esse ano, a temporada de fogo na Amazônia começou com força total. Foto: Daniel Beltra / Greenpeace
Esse ano, a temporada de fogo na Amazônia começou com força total. Foto: Daniel Beltra / Greenpeace
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO CIMI
Mais de 118 organizações da sociedade civil brasileira se reuniram, nesta terça-feira (21) e tornaram público uma nota de repudio às declarações do presidente, Jair Bolsonaro. Na quarta (20), sem apresentar evidências, Bolsonaro insinuou que Organizações não Governamentais (ONGs) que atuam na proteção ambiental podem estar envolvidas em incêndios ilegais.
Rotulando as queimadas como ação “criminosa”, Bolsonaro disse que, “pode haver – não estou afirmando – uma ação criminosa dessas ONGs para chamar a atenção precisamente contra mim, contra o governo do Brasil. Esta é a guerra que enfrentamos. Faremos todo o possível e impossível para conter o fogo criminoso”.
“O Brasil registrou um aumento de 83% das queimadas em relação ao mesmo período de 2018”
Ao final da temporada de fogo na Amazônia, o Greenpeace esteve em campo para registrar o estrago deixado pelas queimadas, na região entre os estados do Amazonas, Acre e Rondônia. Foto: Daniel Beltra / Greenpeace
Conforme os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre janeiro e 19 de agosto deste ano, o Brasil registrou um aumento de 83% das queimadas em relação ao mesmo período de 2018, com 72.843 focos de incêndios até o momento.
Por meio de imagens de satélite, o INPE tem feito o monitoramento ambiental em todo país. O presidente questionou a veracidade dos dados do órgão – internacionalmente respeitados – sobre o aumento do desmatamento na Amazônia, o que culminou na demissão do físico, engenheiro e professor da USP, Ricardo Galvão, de sua presidência. Em seu lugar, assumiu o oficial da aeronáutica, Darcton Damião, após o instituto ter divulgados dados que desagradaram o presidente.
Confira a Nota de Repúdio na integra:

Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo inteiro
Os focos de incêndio em todo Brasil aumentaram 82% desde o início deste ano, para um total de 71.497 registros feitos pelo INPE, dos quais 54% ocorreram na Amazônia. Diante da escandalosa situação, Bolsonaro disse que o seu “sentimento” é de que “ONGs estão por trás” do alastramento do fogo para “enviar mensagens ao exterior”.
O aumento das queimadas não é um fato isolado. No seu curto período de governo, também cresceram o desmatamento, a invasão de parques e terras indígenas, a exploração ilegal e predatória de recursos naturais e o assassinato de lideranças de comunidades tradicionais, indígenas e ambientalistas. Ao mesmo tempo, Bolsonaro desmontou e desmoralizou a fiscalização ambiental, deu inúmeras declarações de incentivo à ocupação predatória da Amazônia e de criminalização dos que defendem a sua conservação.
O aumento do desmatamento e das queimadas representa, também, o aumento das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, distanciando o país do cumprimento das metas assumidas no Acordo de Paris. Enquanto o governo justifica a flexibilização das políticas ambientais como necessárias para a melhoria da economia, a realidade é que enquanto as emissões explodem, o aumento do PIB se aproxima do zero.
O Presidente deve agir com responsabilidade e provar o que diz, ao invés de fazer ilações irresponsáveis e inconsequentes, repetindo a tentativa de criminalizar as organizações, manipulando a opinião pública contra o trabalho realizado pela sociedade civil.
Bolsonaro não precisa das ONGs para queimar a imagem do Brasil no mundo inteiro.
Brasil, 21 de agosto de 2019

Assinam:
Associação Brasileira de ONGs, ABONG;
Ação Educativa;
Alternativas Para Pequena Agricultura no Tocantins, APATO;
Amigos da Terra – Amazônia Brasileira;
Angá;
Articulação Antinuclear Brasileira;
Articulação do Semiárido Brasileiro, ASA;
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, APIB;
Articulação Nacional de Agroecologia, ANA;
Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente, APEDEMA;
Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia, AGENDHA;
Associação Agroecológica Tijupá;
Associação Alternativa Terrazul;
Associação Ambientalista Copaíba;
Associação Ambientalista Floresta em Pé, AAFEP;
Associação Amigos do Meio Ambiente, AMA;
Associação Arara do Igarapé Humaitá, AAIH;
Associação Brasileira de Homeopatia Popular Comunitária, ABHP
Associação Civil Alternativa Terrazul;
Associação Cunhambebe da Ilha Anchieta;
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária, AMAR;
Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos, AQUASIS;
Associação de Preservação da Natureza do Vale do Gravataí;
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida, APREMAVI;
Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte, APROMAC;
Associação de Saúde Ambiental, TOXISPHERA;
Associação Defensores da Terra;
Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, AMAAIAC;
Associação em Defesa do rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar, APOENA;
Associação Flora Brasil;
Associação MarBrasil;
Associação Mico-Leão-Dourado;
Associação Mineira de Defesa do Ambiente, AMDA;
Associação Paraense de Apoio as Comunidades Carentes (Rede Jirau de Agroecologia)
Associação Purna Ananda Ashram – Ecovila Integral;
Associação Barraca da Amizade;
Associação Unidade e Cooperação para o Desenvolvimento dos Povos
Central Única dos Trabalhadores, CUT;
Centro Artístico Cultural Belém Amazônia (ONG Rádio Margarida),
Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia, CAPA / FLD;
Centro de Assessoria Multiprofissional, CAMP;
Centro de Criação de Imagem Popular, CECIP;
Centro de Cultura Luiz Freire;
Centro de defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis;
Centro de Educação e Cultura Popular, CECUP;
Centro de Estudos Ambientais, CEA;
Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste;
Centro de Trabalho Indigenista, CTI;
Centro Feminista de Estudos e Assessoria, Cfemea;
Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro Brasileiro;
Centro Nordestino de Medicina Popular;
Centro Popular Da Mulher, UBM;
Centro Santo Dias de Direitos Humanos;
Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, CENPEC;
CIDADANIA;
Crescente Fértil;
Cidade Escola Aprendiz;
Coletivo BANQUETAÇO;
Coletivo Delibera Brasil;
Coletivo do Fórum Social das Resistências de Porto Alegre;
Coletivo Popular Direito à Cidade;
Coletivo Popular Direito à Cidade;
Coletivo Socioambiental de Marilia;
Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo, CDHPF;
Comissão Pró-Índio do Acre, CPI-Acre;
Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino;
Conselho de Missão entre Povos Indígenas, COMIN / FLD;
Conselho Indigenista Missionário, CIMI;
Conselho Nacional do Laicato do Brasil, CNLB;
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, COIAB;
Coordenadoria Ecumênica de Serviço, CESE;
Ecologia & Ação, ECOA;
Ecossistemas Costeiros, APREC;
Elo Ligação e Organização;
EQUIP;
Escola de Formação Quilombo dos Palmares;
Espaço de Formação, Assessoria e Documentação;
FADS – Frente Ampla Democrática Socioambiental;
FASE Bahia;
FEACT Brasil (representando 23 organizações nacionais baseadas na fé);
Federação de Órgãos para Assistencial Social e Educacional, FASE;
FICAS;
Fórum Baiano de Economia Solidária;
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, FBOMS;
Fórum da Amazônia Oriental, FAOR;
Fórum de Direitos Humanos e da Terra;
Fórum de ONGs Ambientalistas do Distrito Federal;
Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo, FOAESP;
Fórum Ecumênico ACT Brasil;
Fórum Resiste Brasil-Berlin;
Fórum Social da Panamazônia;
Fundação Amazonas Sustentável
Fundação Avina;
Fundação Luterana de Diaconia, FLD;
Fundação Vitória Amazônica, FVA;
GEEP – Açungui;
Geledes Instituto da Mulher Negra;
Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero;
Grito dos Excluídos/as Continental;
Grupo Ambientalista da Bahia, GAMBA;
Grupo Carta de Belém;
Grupo de Estudos Espeleológicos do Paraná;
Grupo de Mulheres Brasileiras, GMB;
Grupo Ecológico Rio de Contas, GERC;
GTP+ Grupo de Trabalhos e Prevenção Posithivo; GTP+;
Centro Sabiá;
Habitat para Humanidade Brasil;
Hivos – Organização Humanista para Mudança Social;
Iniciativa Verde;
Instituto AUÁ;
Instituto Alana
Instituto Augusto Carneiro;
Instituto Bem Ambiental, IBAM;
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, IBASE;
Instituto Centro Vida, ICV;
Instituto de Estudos Ambientais – Mater Natura;
Instituto de Estudos Jurídicos de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais, IDhES;
Instituto de Estudos Socioeconômicos, Inesc;
Instituto de Pesquisa e Formação Indígena, Iepé;
Instituto de Pesquisas Ecológicas, IPÊ;
Instituto Ecoar;
Instituto EQUIT – Gênero, Economia e Cidadania Global;
Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental;
Instituto Internacional de Educação do Brasil, IEB;
Instituto MIRA-SERRA;
Instituto PACS – Políticas Alternativas para o Cone Sul;
Instituto Paulo Freire;
Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos;
Instituto Sociedade, População e Natureza, ISPN;
Instituto Socioambiental, ISA;
Instituto Universidade Popular, UNIPOP;
Iser Assessoria;
Justiça nos Trilhos;
Liga Brasileira de Lésbicas, LBL;
Movimento de Mulheres Campo e Cidade; MMCC
MIRIM Brasil;
Movimento de Defesa de Porto Seguro, MDPS;
Movimento dos Trabalhadores/as Rurais sem Terra, MST;
Movimento Nacional das Cidadãs PositHIVas de São Paulo;
Movimento Nacional de Direitos Humanos, MNDH;
Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça e Cidadania;
Movimento Roessler;
Movimento SOS Natureza de Luiz Correia;
Núcleo de Pesquisa em Participação, Movimentos Sociais e Ação Coletiva, NEPAC UNICAMP;
Núcleo Sócio Ambiental Arará-piranga;
Observatório do Clima;
OekoBr;
Operação Amazônia Nativa, OPAN;
Organização dos Professores Indígenas do Acre, OPIAC;
Ouvidoria Geral Externa da Defensoria Pública de Rondônia;
Pacto Organizações Regenerativas;
Pastoral da Educação do Regional Sul1 da CNBB;
Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de SP;
Plataforma DHESCA Brasil;
Plataforma Mrosc;
ProAnima – Associação Protetora dos Animais do Distrito Federal;
Processo de Articulação e Diálogo, PAD;
Projeto Saúde e Alegria;
Proteção à Fauna e Monitoramento Ambiental, PROFAUNA;
Proteção Animal Mundial;
Rede Ambiental do Piauí, REAPI;
Rede Brasileira De Justiça Ambiental;
Rede Conhecimento Social;
Rede de Cooperação Amazônia, RCA;
Rede de ONGs da Mata Atlântica, RMA;
Rede de ONGs da Mata Atlântica;
Rede de Travestis, Transexuais e Homens Trans Vivendo e Convivendo como HIV e AIDS;
Rede Feminista de Juristas, deFEMde;
Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS, RNP+BRASIL;
Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS do Estado de São Paulo, RNP+SP;
SAPI – SOCIEDADE AMIGOS POR ITAUNAS;
Sempre viva Organização Feminista, SOF;
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental, SPVS;
Sociedade Paraense de Direitos Humanos;
SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia;
TERRA VIVA – Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Extremo Sul da Bahia;
União Nacional dos Estudantes, UNE;
União Protetora do Ambiente Natural, UPAN;
Vale Verde Associação de Defesa do Meio Ambiente
Vida Brasil;


Compartilhar: 
16

16 de ago. de 2019

MARCHA DAS MULHERES INDÍGENAS: DOCUMENTO FINAL


Marcha das Mulheres Indígenas divulga documento final: “lutar pelos nossos territórios é lutar pelo nosso direito à vida”

“Seremos sempre guerreiras em defesa da existência de nossos povos e da Mãe Terra”, afirma documento da mobilização
Na terça-feira (13), mulheres indígenas ocuparam Brasília em defesa dos seus direitos. Foto: Tiago Miotto/Cimi
Na terça-feira (13), mulheres indígenas ocuparam Brasília em defesa dos seus direitos. Foto: Tiago Miotto/Cimi
POR ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO CIMI
Após cinco dias de debates e manifestações em Brasília, as representantes de mais de 130 povos indígenas que participaram da I Marcha das Mulheres Indígenas divulgam o documento final da mobilização. “Somos totalmente contrárias às narrativas, aos propósitos, e aos atos do atual governo, que vem deixando explícita sua intenção de extermínio dos povos indígenas, visando à invasão e exploração genocida dos nossos territórios pelo capital”, afirmam no documento.
Salientando a relação que existe entre os territórios tradicionais dos povos indígenas, seus corpos e sua vida espiritual, as mulheres indígenas que realizaram sua primeira marcha nacional denunciam a violência de que são vítimas, mas apontam o machismo como “mais uma epidemia trazida pelos europeus” e defendem que, no combate a essas mazelas, as especifidades da organização social dos povos indígenas sejam levadas em conta.
Após realizar sua primeira marcha, na terça-feira (13), e somar-se às cerca de cem mil mulheres que participaram da Marcha das Margaridas, na quarta-feira (14), elas afirmam que é necessário “fortalecer a potência das mulheres indígenas, retomando nossos valores e memórias matriarcais” nas lutas indígenas.
“Somos responsáveis pela fecundação e pela manutenção de nosso solo sagrado. Seremos sempre guerreiras em defesa da existência de nossos povos e da Mãe Terra”
Muitas mães estavam entre as cerca de três mil indígenas que se manifestaram em Brasília, carregando consigo seus filhos e filhas. Foto: Adi Spezia/Cimi
Muitas mães estavam entre as cerca de três mil indígenas que se manifestaram em Brasília, carregando consigo seus filhos e filhas. Foto: Adi Spezia/Cimi
O documento traz uma série de reivindicações, entre as quais estão o da demarcação e proteção de todas as terras indígenas contra invasores e propostas de abertura ao grande capital, como é o caso da tentativa de Bolsonaro abrir os territórios tradicionais para a mineração.
A Marcha, que na segunda-feira (12) ocupou a sede da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), também marca posição contra o desmonte da saúde indígena e em favor das políticas específicas e diferenciadas para os povos indígenas na saúde e na educação.
Por fim, defendem o direito de acesso à Justiça dos povos e pedem ao Supremo Tribunal Federal (STF) que “não permita, nem legitime nenhuma reinterpretação retrógrada e restritiva do direito originário às nossas terras tradicionais”. Elas citam o caso de Repercussão Geral no STF – que, a partir de uma disputa possessória envolvendo a terra tradicional do povo Xokleng, em Santa Catarina, pode definir o futuro das demarcações de terras indígenas no Brasil – como uma oportunidade para que os direitos assegurados aos povos indígenas na Constituição Federal de 1988 sejam reafirmados pela Suprema Corte.
Leia a carta na íntegra:
DOCUMENTO FINAL DA MARCHA DAS MULHERES INDÍGENAS: “TERRITÓRIO: NOSSO CORPO, NOSSO ESPÍRITO”
Nós, 2.500 mulheres de mais de 130 diferentes povos indígenas, representando todas as regiões do Brasil, reunidas em Brasília (DF), no período de 10 a 14 de agosto de 2019, concebemos coletivamente esse grande encontro marcado pela realização do nosso 1º Fórum e 1ª Marcha das Mulheres Indígenas, queremos dizer ao mundo que estamos em permanente processo de luta em defesa do “Território: nosso corpo, nosso espírito”. E para que nossas vozes ecoem em todo o mundo, reafirmamos nossas manifestações.
Enquanto mulheres, lideranças e guerreiras, geradoras e protetoras da vida, iremos nos posicionar e lutar contra as questões e as violações que afrontam nossos corpos, nossos espíritos, nossos territórios. Difundindo nossas sementes, nossos rituais, nossa língua, nós iremos garantir a nossa existência.
A Marcha das Mulheres Indígenas foi pensada como um processo, iniciado em 2015, de formação e empoderamento das mulheres indígenas. Ao longo desses anos dialogamos com mulheres de diversos movimentos e nos demos conta de que nosso movimento possui uma especificidade que gostaríamos que fosse compreendida. O movimento produzido por nossa dança de luta, considera a necessidade do retorno à complementaridade entre o feminino e o masculino, sem, no entanto, conferir uma essência para o homem e para a mulher. O machismo é mais uma epidemia trazida pelos europeus. Assim, o que é considerado violência pelas mulheres não indígenas pode não ser considerado violência por nós. Isso não significa que fecharemos nossos olhos para as violências que reconhecemos que acontecem em nossas aldeias, mas sim que precisamos levar em consideração e o intuito é exatamente contrapor, problematizar e trazer reflexões críticas a respeito de práticas cotidianas e formas de organização política contemporâneas entre nós. Precisamos dialogar e fortalecer a potência das mulheres indígenas, retomando nossos valores e memórias matriarcais para podermos avançar nos nossos pleitos sociais relacionados aos nossos territórios.
Somos totalmente contrárias às narrativas, aos propósitos, e aos atos do atual governo, que vem deixando explícita sua intenção de extermínio dos povos indígenas, visando à invasão e exploração genocida dos nossos territórios pelo capital. Essa forma de governar é como arrancar uma árvore da terra, deixando suas raízes expostas até que tudo seque. Nós estamos fincadas na terra, pois é nela que buscamos nossos ancestrais e por ela que alimentamos nossa vida. Por isso, o território para nós não é um bem que pode ser vendido, trocado, explorado. O território é nossa própria vida, nosso corpo, nosso espírito.
Lutar pelos direitos de nossos territórios é lutar pelo nosso direito à vida. A vida e o território são a mesma coisa, pois a terra nos dá nosso alimento, nossa medicina tradicional, nossa saúde e nossa dignidade. Perder o território é perder nossa mãe. Quem tem território, tem mãe, tem colo. E quem tem colo tem cura.
Quando cuidamos de nossos territórios, o que naturalmente já é parte de nossa cultura, estamos garantindo o bem de todo o planeta, pois cuidamos das florestas, do ar, das águas, dos solos. A maior parte da biodiversidade do mundo está sob os cuidados dos povos indígenas e, assim, contribuímos para sustentar a vida na Terra.
A liberdade de expressão em nossas línguas próprias, é também fundamental para nós. Muitas de nossas línguas seguem vivas. Resistiram às violências coloniais que nos obrigaram ao uso da língua estrangeira, e ao apagamento de nossas formas próprias de expressar nossas vivências. Nós mulheres temos um papel significativo na transmissão da força dos nossos saberes ancestrais por meio da transmissão da língua.
Queremos respeitado o nosso modo diferenciado de ver, de sentir, de ser e de viver o território. Saibam que, para nós, a perda do território é falta de afeto, trazendo tristeza profunda, atingindo nosso espírito. O sentimento da violação do território é como o de uma mãe que perde seu filho. É desperdício de vida. É perda do respeito e da cultura, é uma desonra aos nossos ancestrais, que foram responsáveis pela criação de tudo. É desrespeito aos que morreram pela terra. É a perda do sagrado e do sentido da vida.
Assim, tudo o que tem sido defendido e realizado pelo atual governo contraria frontalmente essa forma de proteção e cuidado com a Mãe Terra, aniquilando os direitos que, com muita luta, nós conquistamos. A não demarcação de terras indígenas, o incentivo à liberação da mineração e do arrendamento, a tentativa de flexibilização do licenciamento ambiental, o financiamento do armamento no campo, os desmontes das políticas indigenista e ambiental, demonstram isso.
Nosso dever como mulheres indígenas e como lideranças, é fortalecer e valorizar nosso conhecimento tradicional, garantir os nossos saberes, ancestralidades e cultura, conhecendo e defendendo nosso direito, honrando a memória das que vieram antes de nós. É saber lutar da nossa forma para potencializar a prática de nossa espiritualidade, e afastar tudo o que atenta contra as nossas existências.
Por tudo isso, e a partir das redes que tecemos nesse encontro, nós dizemos ao mundo que iremos lutar incansavelmente para:
  1. Garantir a demarcação das terras indígenas, pois violar nossa mãe terra é violentar nosso próprio corpo e nossa vida;
  2. Assegurar nosso direito à posse plena de nossos territórios, defendendo-os e exigindo do estado brasileiro que proíba a exploração mineratória, que nos envenena com mercúrio e outras substâncias tóxicas, o arrendamento e a cobiça do agronegócio e as invasões ilegais que roubam os nossos recursos naturais e os utilizam apenas para gerar lucro, sem se preocupar com a manutenção da vida no planeta;
  3. Garantir o direito irrestrito ao atendimento diferenciado à saúde a nossos povos, com a manutenção e a qualificação do Subsistema e da Secretaria Especial Saúde Indígena (SESAI). Lutamos e seguiremos lutando pelos serviços públicos oferecidos pelo SUS e pela manutenção e qualificação contínua da Política Nacional de Atendimento à Saúde a nossos povos, seja em nossos territórios, ou em contextos urbanos.
    Não aceitamos a privatização, a municipalização ou estadualização do atendimento à saúde dos nossos povos.
    Lutamos e lutaremos para que a gestão da SESAI seja exercida por profissionais que reúnam qualificações técnicas e políticas que passem pela compreensão das especificidades envolvidas na prestação dos serviços de saúde aos povos indígenas. Não basta termos uma indígena à frente do órgão. É preciso garantirmos uma gestão sensível a todas as questões que nos são caras no âmbito desse tema, respeitando nossas práticas tradicionais de promoção à saúde, nossas medicinas tradicionais, nossas parteiras e modos de realização de partos naturais, e os saberes de nossas lideranças espirituais. Conforme nossas ciências indígenas, a saúde não provém da somente da prescrição de princípios ativos, e a cura é resultado de interações subjetivas, emocionais, culturais, e fundamentalmente espirituais.
  4. Reivindicar ao Supremo Tribunal Federal (STF), que não permita, nem legitime nenhuma reinterpretação retrógrada e restritiva do direito originário às nossas terras tradicionais. Esperamos que, no julgamento do Recurso Extraordinário 1.017.365, relacionado ao caso da Terra Indígena Ibirama Laklanõ, do povo Xokleng, considerado de Repercussão Geral, o STF reafirme a interpretação da Constituição brasileira de acordo com a tese do Indigenato (Direito Originário) e que exclua, em definitivo, qualquer possibilidade de acolhida da tese do Fato Indígena (Marco Temporal);
  5. Exigir que todo o Poder Judiciário que, no âmbito da igualdade de todos perante a lei, faça valer nosso direito à diferença e, portanto, o nosso direito de acesso à justiça. Garantir uma sociedade justa e democrática significa assegurar o direito à diversidade, também previsto na Constituição. Exigimos o respeito aos tratados internacionais assinados pelo Brasil, que incluem, entre outros, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as Convenções da Diversidade Cultural, Biológica e do Clima, a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Declaração Americana dos Direitos dos Povos Indígenas;
  6. Promover o aumento da representatividade das mulheres indígenas nos espaços políticos, dentro e fora das aldeias, e em todos os ambientes que sejam importantes para a implementação dos nossos direitos. Não basta reconhecer nossas narrativas é preciso reconhecer nossas narradoras. Nossos corpos e nossos espíritos têm que estar presentes nos espaços de decisão;
  7. Combater a discriminação dos indígenas nos espaços de decisão, especialmente das mulheres, que são vítimas não apenas do racismo, mas também do machismo;
  8. Defender o direito de todos os seres humanos a uma alimentação saudável, sem agrotóxicos, e nutrida pelo espírito da mãe terra;
  9. Assegurar o direito a uma educação diferenciada para nossas crianças e jovens, que seja de qualidade e que respeite nossas línguas e valorize nossas tradições. Exigimos a implementação das 25 propostas da segunda Conferência Nacional e dos territórios etnoeducacionais, a recomposição das condições e espaços institucionais, a exemplo da Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena na estrutura administrativa do Ministério da Educação para assegurar a nossa incidência na formulação da política de educação escolar indígena e no atendimento das nossas demandas que envolvem, por exemplo, a melhoria da infraestrutura das escolas indígenas, a formação e contratação dos professores indígenas, a elaboração de material didático diferenciado;
  10. Garantir uma política pública indigenista que contribua efetivamente para a promoção, o fomento, e a garantia de nossos direitos, que planeje, implemente e monitore de forma participativa, dialogada com nossas organizações, ações que considerem nossas diversidades e as pautas prioritárias do Movimento Indígena;
  11. Reafirmar a necessidade de uma legislação específica que combata a violência contra a mulher indígena, culturalmente orientada à realidade dos nossos povos. As políticas públicas precisam ser pautadas nas especificidades, diversidades, e contexto social de cada povo, respeitando nossos conceitos de família, educação, fases da vida, trabalho e pobreza.
  12. Dar prosseguimento ao empoderamento das mulheres indígenas por meio da informação, formação e sensibilização dos nossos direitos, garantindo o pleno acesso das mulheres indígenas à educação formal (ensino básico, médio, universitário) de modo a promover e valorizar também os conhecimentos indígenas das mulheres;
  13. Fortalecer o movimento indígena, agregando conhecimentos de gênero e geracionais;
  14. Combater de forma irredutível e inegociável, posicionamentos racistas e anti-indígenas. Exigimos o fim da violência, da criminalização e discriminação contra os nossos povos e lideranças, praticadas inclusive por agentes públicos, assegurando a punição dos responsáveis, a reparação dos danos causados e comprometimento das instâncias de governo na proteção das nossas vidas.
Por fim, reafirmamos o nosso compromisso de fortalecer as alianças com mulheres de todos os setores da sociedade no Brasil e no mundo, do campo e da cidade, da floresta e das águas, que também são atacadas em seus direitos e formas de existência.
Temos a responsabilidade de plantar, transmitir, transcender, e compartilhar nossos conhecimentos, assim como fizeram nossas ancestrais, e todos os que nos antecederam, contribuindo para que fortaleçamos, juntas e em pé de igualdade com os homens, que por nós foram gerados, nosso poder de luta, de decisão, de representação, e de cuidado para com nossos territórios.
Somos responsáveis pela fecundação e pela manutenção de nosso solo sagrado. Seremos sempre guerreiras em defesa da existência de nossos povos e da Mãe Terra.
Brasília (DF), 14 de agosto de 2019

Compartilhar: 
9