8 de set. de 2022

INCENDIOS FLORESTAIS

Incêndios fora de controle no Cerrado, atingem aldeias Apinajé no Norte de Tocantins. Áreas de florestas, matas ciliares e nascentes estão sendo destruídas. Famílias da aldeia Palmeiras, sofrem com a fumaça, fuligem e poluição do ar

No Mapa da T.I. Apinajé, áreas em vermelho que já foram queimadas. (foto: IBAMA, setembro de 2022)

No período entre julho e setembro de cada ano é tempo de alertas e riscos de incêndios florestais no Cerrado e Amazônia. A estiagem, tempo seco, falta de chuvas, ventos fortes e umidade do ar baixíssima contribui para surgimento e alastramento de incêndios que podem destruir a vida das florestas, pastagens, cercas, danificar redes de energia elétrica, destruir plantações, roças, (aldeias), povoados e causar muitos outros danos.

No ponto de vista ambiental ano de 2022 continua sendo muito difícil para todas as comunidades indígenas, especialmente aquelas localizadas em (determinadas) áreas rurais. Desde final de agosto e início de setembro que incêndios fora do controle se alastram destruindo áreas de campos, florestas, matas ciliares e nascentes no território Apinajé, localizada nos municípios de Tocantinópolis, Maurilandia, São Bento do Tocantins e Cachoeirinha, no Norte de Tocantins.

Na frente de combate somente 16 Brigadistas Indígenas do Prev Fogo se revezam a cada semana em plantão (24h) dia e noite lutando e tentando controlar o fogo no território. A Brigada Apinajé é composta por 02 esquadrões, cada Esquadrão formado por 08 combatentes. Além do combaterem de forma exaustiva e sob intensa pressão psicológica, essas Equipes também sofrem com o abandono e precarização estrutural do IBAMA; órgão que estão diretamente vinculados.

Brigadista fazendo combate à noite na região da aldeia Palmeiras. (foto: IBAMA/Prev-Fogo, setembro de 2022)

Nos últimos 04 anos temos verificado a falta de condições mínimas para atuação dos Brigadistas Indígenas na prevenção e combate aos incêndios. A Brigada Apinajé só dispõem de 01 viatura para deslocamentos dos Brigadistas no território e outra para realizar serviços da Equipe na cidade ou nas aldeias; sendo que 1 dessas viaturas está quebrada. Em 2021 os Brigadistas, em algumas situações se deslocaram de motos para aplicação do Manejo Integrado do Fogo-MIF no território. 

Ressaltando o fato que o IBAMA e a FUNAI sempre atuam juntos em Ações de proteção e defesa ambiental nas terras indígenas, acontece que a situação da FUNAI CTL Local de Tocantinópolis, também é de total abandono, precarização e descaso. João Batista Santos Filho, Coordenado local da FUNAI em Tocantinópolis, disse que está fazendo o possível para ajudar, mais não dispõem de uma viatura sequer. O única camioneta 4X4 com condições de auxiliar está quebrada em Palmas. Lembrando que além dessa falta de veículos a CTL Local em Tocantinópolis, encontra se há mais de 02 anos sem telefone e internet.

Há duas semanas que esse incêndio queima as florestas na região da aldeia Palmeiras, a situação se agravou ontem dia 07/09/2022, quarta-feira, os moradores reclamam que o ar está irrespirável, que ainda existe muitas fuligens e poluição atmosférica no período da noite, por essa razão as grávidas, idosos e crianças recém-nascidas tiveram que ser removidas para outras aldeias mais distantes do local. A remoção e transportes de outras pessoas que ainda se encontram na aldeia Palmeiras, está sendo feita por 02 viaturas do Polo Base Indígena-PBI de Tocantinópolis.

Na aldeia Palmeiras, fogo e intensa fumaça próximo das casas. (foto: IBAMA/Prev-Fogo. Setembro de 2022)

As florestas no entorno da aldeia foram consumidas pelo fogo. Na manhã de hoje 08/09/2022 o Sr. Alexandre Conde, Gerente Estadual do IBAMA/Prev Fogo informou que os Brigadistas conseguiram controlar o incêndio na região da aldeia Palmeiras. Mas o trabalho das Equipes deve continuar, pois existem ainda pelo menos 02 focos de incêndios ativos no território. Alexandre Conde disse ainda que nesta quinta-feira 08/09/2022, chegarão reforços da Brigada Xerente que foram chamados para auxiliar no combate aos incêndios no território Apinajé

É importante destacar que após um incêndio os problemas e consequências continuam refletindo na vida da população. A queima da floresta, resulta na diminuição de caça, peixes, frutas e remédios naturais. O fogo também destrói as sementes do Cerrado e as palhas das palmeiras babaçu, buriti e açaí que usamos para cobrir casas e fazer artesanatos. Muitas vezes as plantações das roças também ficam prejudicadas pelo fogo. Uma área queimada e degrada pelo fogo pode demorar até 30 anos para se recuperar. Talvez nunca volte ao que era antes.

Atendendo pedido de socorro das famílias da aldeia Palmeiras, nesta quinta-feira, 08/09/2022 o Gabinete do Deputado Federal Célio Moura notificou por meio de Ofícios o Governador do Estado do Tocantins, o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros em Palmas e as Prefeituras de Tocantinópolis, Maurilandia, São Bento do Tocantins e Cachoeirinha. Portanto neste momento de dificuldades a articulação e união entre todos os órgãos públicos no sentido de combater o fogo e evitar que mais áreas sejam queimadas e destruídas é fundamental. 

As comunidades e lideranças também devem se mobilizar para apoiar e colaborar com o trabalho dos Brigadistas. Não convém ficar de braços cruzados reclamando e criticando. Juntos podemos somar forças para defesa e proteção de nosso território e patrimônio ambiental.



Terra Indígena Apinajé, 08 de setembro de 2022


Associação União das Aldeias Apinajé-Pempxà

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